sexta-feira, 19 de abril de 2013

Atividades extra curriculares versus Autonomia? Talvez sim...Talvez não...


A atual reforma do Sistema Educativo apresenta-nos uma nova maneira de “ver curricular” dos diferentes agentes que servem a educação.
Tratando-se de reformas, sejam elas de que natureza for, elas supõem sempre mudanças. Neste caso particular, pressupõem mudanças ligadas ao desenvolvimento do currículo que vão desde a redefinição dos fundamentos e orientações curriculares até à determinação de questões da escola, professores e alunos. Neste sentido eis que nos surgem, as atividades extra curriculares já há alguns anos instaladas no  sistema educativo português, mais concretamente ao nível do 1.º Ciclo do Ensino Básico, que continuam no mesmo patamar da sua implementação, isto é , de mal a pior. Este tipo de atividades de frequência , não obrigatória, são encaradas por muitos como uma   forma de “ encher” o  tempo dos alunos. Muito trabalho é levado a sério pelos colegas que lecionam estas aulas, mas que em nada são reconhecidos. Trabalho mal renumerado e vistos como  aqueles que servem apenas e só para entreter os meninos.
Eis que mergulhamos noutro patamar, as Câmaras Municipais.  Cada Câmara tem autonomia para fazer o que bem lhe apetece na distribuição destes serviços. Começemos pela contratação dos professores. Assim,  ora contrata os professores    ( com um dito e pomposo concurso público, em que por ironia do destino, são sempre contratadas as mesmas pessoas), ora deixa  nas mãos de  particulares este tipo de serviços... eis que novamente surge outra questão que se prende com  financiamentos. As Câmaras recebem do Ministério uma verba e porque será que o que pagam aos professores  fica muito aquém do desejado? Afinal, para onde vai  o restante  dinheiro? Porque será que cada Câmara pode pagar o quer? E de novo...para onde vai esse dinheiro?
E quanto ao contrato efetuado... Porque será que os ditos recibos verdes que eticamente e politicamente não deveriam existir ( imagem passada pelos atuais governantes) ainda são a forma de contrato em muitas Câmaras do nosso país? Mas afinal, o recibo verde existe nos funcionários públicos? Mais uma contradição do nosso sistema político! Ou seja, o governo é o seu próprio inimigo.
Outra questão, quais os critérios de seleção dos professores? Quais as habilitações desejadas para um candidato concorrer? Temo em pensar que no geral seja o que acontece numa Câmara vizinha no que concerne aos critérios de seleção : “ é licenciado na área a que se candidata? Ah! então não estamos interessados!”.  Dá-se preferência a quem não tem habilitações  para exercer o cargo, pois assim paga-se ainda menos...é o vale tudo...Nos dias que correm todos têm competências  académicas para assumir qualquer profissão seja ela de que natureza científica se tratar. Vivemos na era do amigo Relvas. O sistema é uma espécie de país de 5.º mundo e  que cada vez faz mais sentido aquilo que o governo se prepara para implementar do 1.º ciclo ao 2.º ciclo,  a figura do professor de monodocência ( um serve todos os deuses) . Mas, é para aqui que caminhamos, o especialista capaz de exercer tudo. 
Autonomia , palavra moderna no sistema e por muitos defendida. Afinal o que significa este termo? Será cada local ser capaz de se munir daquilo que mais satisfaça as suas necessidades , com a maior exigência possível de forma a atingir o melhor que se poder ou ao invés satisfazer as necessidades do amigo do amigo?  
Gostaria que com este texto que os colegas que trabalham nas atividades extra curriculares nos façam chegar os seus depoimentos  pois assim será uma partilha mais enriquecedora.
Pretende-se, assim, dar voz a quem nestes moldes exerce a sua profissão e voz a estas atividades, esquecidas por uns e inconvenientes  e abafadas por outros.
Autonomia? Talvez sim...Talvez não!

3 comentários:

  1. Falando da palhaçada do concurso que tem em mãos, Crato recordou que em 2009 abriram 30.000 vagas, para entrarem poucos mais que 300 professores. Crato mentiu. Foram cerca de 20.000 as vagas de 2009. Quanto aos que vão entrar agora … veremos, adiante, o logro que está a congeminar.
    Interrogado sobre os manuais que irão para o lixo e sobre as actividades de enriquecimento curricular que os pais passarão a pagar, Crato foi artista e saiu de fininho, como um vulgar cínico.
    Parafraseando Almada-Negreiros, o Crato é um soneto dele próprio! Deplorável!
    Santana Castilho

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  2. Segundo sei a autarquia abre concurso (atendendo aos valores em causa) e a empresa que ganha o concurso é que recruta os professores. Se for o critério preço a trer em conta, ganhará a que tiver preços mais baixos. Sinceramente não sei no presente ano lectivo quem ganhou esse concurso, mas ouvi uns rumores que em tempos, se fez "a panelinha" para uns amigos do PSD. A questão é, controla a autarquia (responsavel pela gestão das AEC) essas actividades? são definidos e avaliados os objectivos com a empresa u profissionais. O que mais me aborrece é saber que todos pagamos, e fazemos um esforço para pagar, através dos nossos impostos, as AEC, e depois, passamos um pouco a ideia que as AEC são uma mera ocupação de tempos livres..se é... não devia ser.
    O que fez o Pelouro da Educação neste sentido? Nada. Aliás limitam-se a dizer que gasrtam nas AEC xxx e na Acção Social Escolar y, e esquecem-se que o que fazem não é nada mais aquilo que o Ministerio da educação lhe delegou e que lhe paga. Há investimento da autarquia? Sim, claro. Todas as outras autarquias têm que suportar uma parte desse custo. Até aqui tudo normal. O anormal, é só fazerem isto, e acharem e dizerem, que têm feito muito!!Aliás basta ouvir os discursos do Presidente da Cãmara, e ouvi-lo invocar o trabalho feito na área da Educação. Não foram, nem são capazes, de fazer nada mais do que lhe delegaram via protocolo. Não há ideias, não há preocupação em resolver os problemas da educação..creio que na verdade, desconhecem até os reais problemas da educaçao no concelho! Uma verdadeira politica da educação não é fazer o que o municipio marcoense faz. Temos municipios vizinhos( ex: Baião) que investe numa verdadeira politica de inclusão, na área da educação. Na área das AEC, dos transportes escolares, nas alternativas e soluções para as crianças com NEE,etc..Imaginem que no Marco, teve que um grupo de jovens "criar" uma associação, para dar resposta ás familias mais carenciadas, para a colaboração na aquisição, via troca, de livros escolares. Que apesar de tão nobre postura, a verdade é que é mais a fazer do mesmo, "O Banco do Livro Escolar" já o faz. Aliás um parceiro desta inciaitiva, que já tem pelo menos 2 anos, é do Conselho Municipal da Juventude. E agora eu pergunto, mas então e o Pelouro da Educação, o Pelouro da Acção Social??? Não dá resposta a estas questões?As crianças cujas familias não têm dinheiro para livros, são excluidas?

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  3. Este país é de loucos. Entreguem as AECs ao MEC e aos docentes que agora querem despedir. Poupa-se dinheiro e troca de favores.
    Mas como em Portugal anda tudo a "pintar números", transformam as escolas numa sociedade por quotas...

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