sábado, 31 de dezembro de 2011

Feliz Ano de 2012

Negócios da China?

Actividade industrial na China volta a cair, pode-se ler aqui.
 
Não existem “negócios da China”, pelo que não será possível manter eternamente os níveis actuais da produção industrial neste país suportados na exportação.
 
Na minha opinião, um modelo económico, em que os bens transaccionáveis seriam na sua maioria produzidos pela mão-de-obra barata chinesa, e que os consumidores ocidentais iriam poder recorrer sempre a um crédito fácil e barato, tem os seus dias contados.
 
A crise não existe só para os países consumidores que agora enfrentam graves dificuldades em equilibrar as suas contas, existe também para aqueles países, que se limitaram a produzir sem controle (e muitas vezes com pouca qualidade) com a única finalidade de um lucro fácil para uma minoria e explorando a grande maioria dos seus habitantes.

Deputados de férias

Os deputados da Assembleia da República tem aprovado propostas que tem reduzido o número de férias, o número de feriados e aumentado para o sector privado o número de horas de trabalho.

Na última campanha eleitoral tinham prometido que iriam trabalhar durante o período de férias, pois que a situação do país assim impunha, mas logo nas féria de verão não foi bem assim, como se pode recordar aqui.

Agora não tem problemas nenhuns é ir outra vez de férias de 22 de Dezembro a 3 de Janeiro. Treze dias em que uns estão crise e tem os seus direitos “adquiridos” reduzidos e outros continuam a usufruir das mordomias dos “eleitos”.

E a “lata” é tanta que não têm problemas é o admitir, como se pode ler aqui!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Primeira página do SOL


A primeira página do SOL, na minha opinião, apresenta dois títulos bem significativos da política deste governo.
O primeiro é que o ano 2012 vai ser o ano das grandes reformas, nomeadamente nas Leis laborais, na Justiça, no Poder local, na Energia e na Concorrência.
Destas reformas é interessante perceber que a desnacionalização da EDP por parte do Estado português, com a venda da sua participação a uma empresa do Estado Chinês, já antecipa quase todas as reformas mencionadas.
O Estado Português colocou a política energética nas mãos do Estado Chinês, que tem políticas laborais e de justiça bem duvidosas, e que é conhecido por não respeitar as leis da concorrência.
Resta a reformas do Poder Local, que na sequência destas deverão ser no bom estilo da política chinesa, pelo que se esperarão executivos de uma só cor.
O segundo título é que Portugal já está à venda a começar pelas aldeias do Alentejo e do Algarve. Estas zonas já estarão suficientemente despovoadas pelo que poderão ser vendidas em 2012.
As restantes zonas do país terão que ser colocadas à venda na medida em que as fortes políticas de incentivação à emigração começarem a dar resultados no resto do país.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Golpe de Misericórdia

Um leitor comentou noutro post a situação de um ex(?)-político marcoense e envolveu o nome da Misericórdia do Marco. Tenho acompanhado o trabalho da actual mesa administrativa e muita coisa tem mudado naquela grande instituição que nos merece todo o respeito. Num artigo recente do jornal A Verdade foi feito eco das obras de renovação do bloco operatório, feitas por empreiteiros marcoenses, com recurso a concurso, como deve ser e não daquela forma caótica e desordenada como tudo se passava antigamente. O velhinho hospital de Santa Isabel, onde nasci, é hoje uma unidade moderna que nos deve orgulhar e há planos para melhorar ainda mais.
Entretanto, e para meu espanto, li no mesmo jornal que alegadamente há situações graves de incompatibilidade profissional que têm impedido que uma nova direcção tome posse.
Isto é muito grave, porque o trabalho feito nos últimos anos não pode ser deitado fora em nome de interesses económicos e partidários.

Cruz Credo!

Há algo num PSD desalinhado que assusta e confunde ao mesmo tempo... O que José Cruz está a fazer, de repente ressuscitado das cinzas do torpor político, no Marco 2013, é um pouco dessa actividade subversiva de direita, supostamente "piadética" e corrosiva. Com a jaquetância como figura preferida, José Cruz atreve-se, talvez sem ironia (o que é inacreditável), a considerar que Manuel Moreira daria um bom vereador da cultura numa autarquia por si dirigida (horror...). Mas fica uma ideia do que se lê por lá: a seguir a AFT, o herói político marcoense do Marco deste enfant terrible é Manuel Moreira. Sempre que a Direita do Marco inventa um inimigo é porque precisa muito dele...

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Jovens dão uma lição de civismo

Miguel Carneiro da JS de Marco de Canaveses aproveitando as intervenções do público apresentou na última Assembleia Municipal cinco propostas bem preparadas e sobretudo muito concretas para apoiar a Animarco na sua actividade a favor da nossa comunidade, como se pode ler aqui, aqui e aqui.

Seguiu-se a intervenção da jovem socialista Ana Moura Pinto sobre a política cultural conduzida pelo actual executivo camarário.

Ambos muito bem preparados, demonstraram aos presentes, e a todos os que seguiam a sessão pela Rádio Marcoense, que se estava perante discursos críticos, mas positivos, e sobretudo com soluções bem concebidas e com um pragmatismo que é difícil ouvir em sessões como estas. As opiniões positivas chegaram, e bem, mesmo daqueles que não são próximos ideologicamente, mas que sabem avaliar um bom desempenho, como aqui é expresso no Marco 2013.

Na minha opinião foram os dois pontos altos de uma sessão da Assembleia Municipal muita fraca. Se a sessão tivesse terminado aqui bastava todos nós congratularmos estes dois jovens que são o nosso futuro, mas não terminou.

António Coutinho, mais uma vez teve que demonstrar o seu espírito de intolerância e realizou mais uma interpretação duvidosa da lei, e prometeu que não aceitaria mais intervenções destas!

Já se esqueceu dos ataques que permitiu que fossem realizados neste período da ordem do dia, sem que aos visados lhes fosse dada a possibilidade de responder e defender o seu bom nome.

Claro que Miguel Carneiro e Ana Moura Pinto poderiam ter apresentado as suas propostas começando com a frase:

Qual é a opinião do Sr. Presidente Manuel Moreira sobre a seguinte proposta?

E com esta pequena frase então já não sei o que iriam inventar para poder criticar estas duas intervenções. Mas Manuel Moreira conseguiu entender, sem dúvida nenhuma, que estas intervenções mereciam uma resposta, mas em vez de dar uma resposta clara, construtiva e reflectida, preferiu responder com mais um ataque sem nexo e pouco merecedor do cargo que ocupa. Afinal sempre que alguém apresenta uma proposta para as soluções do nosso concelho é simplesmente criticado, atacado e desconsiderado.

Assim Manuel Moreira não irá conseguir ter ninguém ao seu lado, muito menos a “cerrar fileiras” pelo bem comum do nosso concelho.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Cerrar Fileiras

A última reunião da Assembleia Municipal foi bastante representativa do que têm sido estes dois mandatos de Manuel Moreira e do grupo que o apoia.

Antes de tudo, foi mais uma sessão maçadora, repleta de discursos vazios de contéudo, sem apresentação de quaisquer soluções e com um total autismo político.

Não posso dizer, que tenha estado presente ou, que sequer tenha ouvido pela rádio a maior parte das intervenções. Mesmo aqueles com quem tenho o hábito de trocar algumas opiniões acabaram por desistir em assistir a mais esta triste sessão presidida por António Coutinho.

Tal como na blogosfera se comenta, Manuel Moreira, «a modos de "aquecimento", como um verdadeiro profissional do desporto, "deliciou" logo no início a assistência da assembleia municipal e os ouvintes da rádio marcuense, com uma declaração verdadeiramente patética sobre o seu curriculum político e a sua própria pessoa».

Nada que na verdade não tenha com a maior das “humildades” repetido em discursos anteriores. Não nos podemos esquecer, que Manuel Moreira é um político “profissional”, que dedicou toda a sua vida às actividades políticas, prejudicando com isso a sua carreira estudantil (acabou por terminar tardiamente a sua “licenciatura” em gestão autárquica) e impediu totalmente qualquer actividade profissional fora da política.

Mas aquilo que todos aguardavam era ouvir qual a explicação de Manuel Moreira e dos seus apoiantes, no que respeita às «consequências da recusa do Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto, em considerar-se entidade competente para decidir sobre o recurso apresentado pela Câmara Municipal, nesta questão com a empresa Águas do Marco, que como sabemos condenou a autarquia numa indemnização de 16 milhões de euros, mais os juros de mora».

A resposta foi (in)esperadamente delirante, nomeadamente no «seu "sentido" apelo à solidariedade dos diversos partidos e movimentos políticos, que constituem a sua Oposição na Assembleia Municipal, em redor da sua posição na questão das Águas seja não só patético, como carregado duma fingida vontade de diálogo democrático, direi mesmo, carregado de farisaica hipocrisia. O seu "ego" é demasiado grande, necessita constantemente de ser alimentado e até esta questão das Águas, cujo revés, só a ele se deve atribuir, pela insensata decisão da alteração unilateral do contrato existente à época, revés duma enorme gravidade para todos os Marcuenses, está a servir de alimento».

Ou como é descrito no Marco 2013: Senti arrepios quando Moreira, numa versão pimba das teses de conspiração, avisou, com o dedo em riste, os deputados e o público que o Grupo AGS/Somague estava de olhos postos naquele salão a comprazer-se com a desunião dos deputados. Nós temos que formar um “muro granítico”, repetia ele enquanto se embevecia com a genialidade daquela metáfora. Deputadas e deputados sentiram-se tijolinhos de uma argamassa esburacada e cheia de fissuras. Parecemos um “queijo suíço”, atirava ele já com autoridade literária. E ecoou por largos e pesados minutos o apelo do presidente da Câmara à união de todos para contrariar a condenação do município no processo “Águas do Marco”.

Enfim, em vez explicar qual seria a resposta do executivo para 16 Milhões de problemas, «resolve então, M.M. perante tal desventura, simplesmente fazer um apelo, um cerrar de fileiras, a todos as cores políticas representadas na A.M.»

Esta ideia que agora é necessário “cerrar fileiras” não é nova, já tinha sido lançada por António Coutinho há meses numa reunião de líderes da Assembleia Municipal, o que demonstra que Manuel Moreira, António Coutinho e os restantes apoiantes desta maioria tinham consciência clara, que o pagamento dos 16 Milhões de Euros era só uma questão de tempo.

Mas afinal é necessário “cerrar fileiras” ou “apertar o cinto”?

Não acredito que neste momento, quer a oposição ao PSD na Assembleia Municipal, quer mesmo a oposição interna do PSD, estejam dispostos a suportar muito mais os desvarios de Manuel Moreira. Este, e os seus apoiantes, só têm que encontrar a melhor maneira de pagar os 16 Milhões de Euros e de justificar aos Marcoenses, porque mais uma vez existem políticos que os enganam descaradamente.

Ainda se aproveitou esta oportunidade para «ouvimos (eu também) ao senhor Presidente da Câmara, que há, e não há, o dinheiro do empréstimo. Ou seja, o empréstimo de 7 milhões foi autorizado, mas a banca, diz o senhor presidente, que por falta de liquidez (eu acho que será por falta de credibilidade do cliente) não cede o dinheiro e os juros estão sempre a subir.»

De ficarmos a saber que «a banca emprestava por especial favor e por ser para quem era, a metade, mais ou menos 3,5 milhões de euros, proposta que foi e bem, diga-se de passagem, recusada pelo senhor presidente».

Ora, como se vê «as massas não chegam para tudo, para as obras para alindar a cidade e para pagar aos empreiteiros credores da camara há já uma data de anos».

«Quanto aos empreiteiros, assim como assim, quem esperou tanto tempo e até tenha acabado por falir também pode esperar mais algum tempo. Sim, porque o senhor presidente e a senhora vereadora das contas têm repetido que a Câmara agora é uma pessoa de bem, até já paga atrasado mas num período aceitável. É óbvio que paga a quem paga, ou seja, para a Câmara uns são filhos e os outros são enteados».

Muitas destas palavras foram retiradas da blogosfera, concordo totalmente com elas. Muitas vezes alertamos aqui, e a oposição alertou na Assembleia Municipal, que era importante encontrar-se uma solução para este outro problema que se arrasta há 6 anos. Aliás o prazo aceitável, termos repetidamente referidos por este executivo, não conta com as dívidas dos 7 Milhões, que existem desde 2005, pelo que os termos "período aceitável", seria então escadalosamente inaceitável. 

Irresponsavelmente foram aprovadas várias prestações de contas, onde estas dívidas (7 Milhões de Euros) eram descritas, mas não contabilizadas. O Tribunal de Contas, entre muitas outras irregularidades apontou também esta nas contas de 2005, e apontará a mesma irregularidade em prestações de contas seguintes. Quem teve de tomar a decisão final sobre esses documentos na Assembleia Municipal, pelo contrário não teve dúvidas de espécie alguma, e aprovou de “cruz”.

O desespero desta maioria é conseguir adiar por mais dois anos a resolução destes dois problemas (16 Milhões mais 7 Milhões de Euros) e entretanto conseguir 2 a 3 Milhões de Euros para realização de algumas obras de fachada, como a reabilitação do centro urbano da cidade do Marco, até às próximas eleições.

Numa coisa eu concordo com Manuel Moreira. É necessário “cerrar fileiras” contra todos aqueles que contribuíram para o buraco financeiro onde a Câmara do Marco se encontra, a começar pelo actual Presidente da Câmara e dos seus antecessores.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A grande mistificação

À conversa com amigos, empresários e não só, é que se descobre o que se passa no Marco. A mistificação que serve de justificação para a grande trapalhada que tem sido a gestão de Manuel Moreira e sus muchachos à frente dos destinos do Marco está quase a ser desmontada e esta questão dos 17 milhões a mais ou a menos que estes senhores nos têm custado (onde estará a calculadora que queriam oferecer ao Bruno Caetano? Acho que nem essa promessa cumpriram...), é tão grave que, depois de serem culpados os funcionários da autarquia (lembram-se que eram a mais e que tinham falta de qualificação?), agora estão a ser culpados os próprios assessores e vereadores. Os que têm cursos superiores mas não "sabem fazer nada e deviam saber".
Ou seja, Manuel Moreira é pago para dirigir uma Câmara, pago por todos nós, contrata a seu bel-prazer pessoas da sua confiança, ao fim de um ano ainda aumenta alguns e depois passa-se a mensagem que quem é incompetente são estas pessoas pagas a peso de ouro?
Parece-me que quem vai ser culpado desta questão dos 17 milhões da indemnização às Águas do Marco, mais conhecido pelo "processo do risco em política", ou "processo Sá Carneiro", vão ser os consultores jurídicos externos também, concerteza, pagos a peso de ouro.
Manuel Moreira anda a gozar connosco. Com todos, mesmo os deputados municipais do PSD, os vereadores do PSD, todos os autarcas desta terra e, principalmente, todos os Adões desta terra, os jogreis, os bobos da corte!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

E agora ?

A confirmar-se a notícia divulgada em primeira mão por João Monteiro Lima no Marco 2009 de que o Tribunal Arbitral recusou o recurso apresentado por Manuel Moreira relativo ao acórdão que tinha fixado uma indemnização de 16 Milhões de euros a pagar à empresa Águas do Marco pela modificação unilateral do contrato da água aprovado pela Assembleia Municipal, e que esta decisão é definitiva o que obrigará a Câmara a ter que pagar os tais 16 Milhões de euros, é minha opinião que devemos reflectir como chegamos aqui e qual o impacto que esta decisão vai ter no nosso Município.
 
Na minha opinião, chegamos aqui por sucessivas más decisões que são da única responsabilidade dos executivos que governaram a Câmara Municipal nas últimas dezenas de anos, uns liderados por Avelino Ferreira Torres e outros liderados por Manuel Moreira. Mas, foi também necessária a cumplicidade de outros autarcas eleitos, já que essas decisões foram rectificadas na Câmara Municipal e na Assembleia Municipal.
 
Assim se, na minha opinião, Manuel Moreira é o principal responsável, não podemos esquecer todos aqueles que o apoiaram nesta decisão quer na Câmara, quer na Assembleia Municipal, ou ainda apoiando-o na sua reeleição. Recordo que este foi um tema bastante debatido, onde uns apelavam ao diálogo com a empresa Águas do Marco, e outros utilizavam os argumentos a que já estamos habituados, ao ouvir as lideranças dos dois partidos da direita Marcoense.
 
Agora, é necessário agir e três acções são importantes serem realizadas de imediato.
 
A primeira explicar qual o impacto que esta decisão vai ter já no orçamento de 2012. Será um erro gravíssimo que se vá aprovar um orçamento que não conta com a possibilidade da Câmara ter que pagar esta brutal indemnização. Na minha opinião, o orçamento deveria ser revisto antes de ir à votação.
 
A segunda é demonstrar à população Marcoense, que TODOS os eleitos estão conscientes que o seu papel é defender os interesses da população e como tal darem desde já o exemplo cancelando o Jantar de Natal dos Autarcas (e ainda que pela informação que tenho seja da responsabilidade de cada um pagar esse jantar) e suspendendo todos os pagamentos de senhas de presença das reuniões dos diversos órgãos autárquicos do nosso concelho. E obviamente “encostando” de vez a viatura e o motorista oficiais de Manuel Moreira. Os autarcas que não consigam dar este exemplo perderão totalmente a credibilidade das populações e mesmo dos militantes e simpatizantes dos respectivos partidos.
 
A terceira e a mais fundamental dessas acções é que todos os autarcas eleitos analisem se é possível continuar a ter à frente da Câmara Municipal um presidente e um conjunto de vereadores que contribuíram fortemente para o descalabro financeiro e económico do Marco.
 
Manuel Moreira já várias vezes ameaçou em deitar a toalha ao chão e constantemente se lamenta de não ter condições para resolver os problemas que enfrenta. O Marco merece, e precisa, é dum executivo camarário que se deixe de lamúriass e que consiga tirar a Câmara Municipal do buraco onde se encontra.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Carta aberta ao Senhor Primeiro Ministro

por Myriam Zaluar a Segunda-feira, 19 de Dezembro de 2011 às 12:35
Exmo Senhor Primeiro Ministro

Começo por me apresentar, uma vez que estou certa que nunca ouviu falar de mim. Chamo-me Myriam. Myriam Zaluar é o meu nome "de guerra". Basilio é o apelido pelo qual me conhecem os meus amigos mais antigos e também os que, não sendo amigos, se lembram de mim em anos mais recuados.

Nasci em França, porque o meu pai teve de deixar o seu país aos 20 e poucos anos. Fê-lo porque se recusou a combater numa guerra contra a qual se erguia. Fê-lo porque se recusou a continuar num país onde não havia liberdade de dizer, de fazer, de pensar, de crescer. Estou feliz por o meu pai ter emigrado, porque se não o tivesse feito, eu não estaria aqui. Nasci em França, porque a minha mãe teve de deixar o seu país aos 19 anos. Fê-lo porque não tinha hipóteses de estudar e desenvolver o seu potencial no país onde nasceu. Foi para França estudar e trabalhar e estou feliz por tê-lo feito, pois se assim não fosse eu não estaria aqui. Estou feliz por os meus pais terem emigrado, caso contrário nunca se teriam conhecido e eu não estaria aqui. Não tenho porém a ingenuidade de pensar que foi fácil para eles sair do país onde nasceram. Durante anos o meu pai não pôde entrar no seu país, pois se o fizesse seria preso. A minha mãe não pôde despedir-se de pessoas que amava porque viveu sempre longe delas. Mais tarde, o 25 de Abril abriu as portas ao regresso do meu pai e viemos todos para o país que era o dele e que passou a ser o nosso. Viemos para viver, sonhar e crescer.

Cresci. Na escola, distingui-me dos demais. Fui rebelde e nem sempre uma menina exemplar mas entrei na faculdade com 17 anos e com a melhor média daquele ano: 17,6. Naquela altura, só havia três cursos em Portugal onde era mais dificil entrar do que no meu. Não quero com isto dizer que era uma super-estudante, longe disso. Baldei-me a algumas aulas, deixei cadeiras para trás, saí, curti, namorei, vivi intensamente, mas mesmo assim licenciei-me com 23 anos. Durante a licenciatura dei explicações, fiz traduções, escrevi textos para rádio, coleccionei estágios, desperdicei algumas oportunidades, aproveitei outras, aprendi muito, esqueci-me de muito do que tinha aprendido.

Cresci. Conquistei o meu primeiro emprego sozinha. Trabalhei. Ganhei a vida. Despedi-me. Conquistei outro emprego, mais uma vez sem ajudas. Trabalhei mais. Saí de casa dos meus pais. Paguei o meu primeiro carro, a minha primeira viagem, a minha primeira renda. Fiquei efectiva. Tornei-me personna non grata no meu local de trabalho. "És provavelmente aquela que melhor escreve e que mais produz aqui dentro." - disseram-me - "Mas tenho de te mandar embora porque te ris demasiado alto na redacção". Fiquei.

Aos 27 anos conheci a prateleira. Tive o meu primeiro filho. Aos 28 anos conheci o desemprego. "Não há-de ser nada, pensei. Sou jovem, tenho um bom curriculo, arranjarei trabalho num instante". Não arranjei. Aos 29 anos conheci a precariedade. Desde então nunca deixei de trabalhar mas nunca mais conheci outra coisa que não fosse a precariedade. Aos 37 anos, idade com que o senhor se licenciou, tinha eu dois filhos, 15 anos de licenciatura, 15 de carteira profissional de jornalista e carreira 'congelada'. Tinha também 18 anos de experiência profissional como jornalista, tradutora e professora, vários cursos, um CAP caducado, domínio total de três línguas, duas das quais como "nativa". Tinha como ordenado 'fixo' 485 euros x 7 meses por ano. Tinha iniciado um mestrado que tive depois de suspender pois foi preciso escolher entre trabalhar para pagar as contas ou para completar o curso. O meu dia, senhor primeiro ministro, só tinha 24 horas...

Cresci mais. Aos 38 anos conheci o mobbying. Conheci as insónias noites a fio. Conheci o medo do amanhã. Conheci, pela vigésima vez, a passagem de bestial a besta. Conheci o desespero. Conheci - felizmente! - também outras pessoas que partilhavam comigo a revolta. Percebi que não estava só. Percebi que a culpa não era minha. Cresci. Conheci-me melhor. Percebi que tinha valor.

Senhor primeiro-ministro, vou poupá-lo a mais pormenores sobre a minha vida. Tenho a dizer-lhe o seguinte: faço hoje 42 anos. Sou doutoranda e investigadora da Universidade do Minho. Os meus pais, que deviam estar a reformar-se, depois de uma vida dedicada à investigação, ao ensino, ao crescimento deste país e das suas filhas e netos, os meus pais, que deviam estar a comprar uma casinha na praia para conhecerem algum descanso e descontracção, continuam a trabalhar e estão a assegurar aos meus filhos aquilo que eu não posso. Material escolar. Roupa. Sapatos. Dinheiro de bolso. Lazeres. Actividades extra-escolares. Quanto a mim, tenho actualmente como ordenado fixo 405 euros X 7 meses por ano. Sim, leu bem, senhor primeiro-ministro. A universidade na qual lecciono há 16 anos conseguiu mais uma vez reduzir-me o ordenado. Todo o trabalho que arranjo é extra e a recibos verdes. Não sou independente, senhor primeiro ministro. Sempre que tenho extras tenho de contar com apoios familiares para que os meus filhos não fiquem sozinhos em casa. Tenho uma dívida de mais de cinco anos à Segurança Social que, por sua vez, deveria ter fornecido um dossier ao Tribunal de Família e Menores há mais de três a fim que os meus filhos possam receber a pensão de alimentos a que têm direito pois sou mãe solteira. Até hoje, não o fez.

Tenho a dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: nunca fui administradora de coisa nenhuma e o salário mais elevado que auferi até hoje não chegava aos mil euros. Isto foi ainda no tempo dos escudos, na altura em que eu enchia o depósito do meu renault clio com cinco contos e ia jantar fora e acampar todos os fins-de-semana. Talvez isso fosse viver acima das minhas possibilidades. Talvez as duas viagens que fiz a Cabo-Verde e ao Brasil e que paguei com o dinheiro que ganhei com o meu trabalho tivessem sido luxos. Talvez o carro de 12 anos que conduzo e que me custou 2 mil euros a pronto pagamento seja um excesso, mas sabe, senhor primeiro-ministro, por mais que faça e refaça as contas, e por mais que a gasolina teime em aumentar, continua a sair-me mais em conta andar neste carro do que de transportes públicos. Talvez a casa que comprei e que devo ao banco tenha sido uma inconsciência mas na altura saía mais barato do que arrendar uma, sabe, senhor primeiro-ministro. Mesmo assim nunca me passou pela cabeça emigrar...

Mas hoje, senhor primeiro-ministro, hoje passa. Hoje faço 42 anos e tenho a dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: Tenho mais habilitações literárias que o senhor. Tenho mais experiência profissional que o senhor. Escrevo e falo português melhor do que o senhor. Falo inglês melhor que o senhor. Francês então nem se fale. Não falo alemão mas duvido que o senhor fale e também não vejo, sinceramente, a utilidade de saber tal língua. Em compensação falo castelhano melhor do que o senhor. Mas como o senhor é o primeiro-ministro e dá tão bons conselhos aos seus governados, quero pedir-lhe um conselho, apesar de não ter votado em si. Agora que penso emigrar, que me aconselha a fazer em relação aos meus dois filhos, que nasceram em Portugal e têm cá todas as suas referências? Devo arrancá-los do seu país, separá-los da família, dos amigos, de tudo aquilo que conhecem e amam? E, já agora, que lhes devo dizer? Que devo responder ao meu filho de 14 anos quando me pergunta que caminho seguir nos estudos? Que vale a pena seguir os seus interesses e aptidões, como os meus pais me disseram a mim? Ou que mais vale enveredar já por outra via (já agora diga-me qual, senhor primeiro-ministro) para que não se torne também ele um excedentário no seu próprio país? Ou, ainda, que venha comigo para Angola ou para o Brasil por que ali será com certeza muito mais valorizado e feliz do que no seu país, um país que deveria dar-lhe as melhores condições para crescer pois ele é um dos seus melhores - e cada vez mais raros - valores: um ser humano em formação.

Bom, esta carta que, estou praticamente certa, o senhor não irá ler já vai longa. Quero apenas dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: aos 42 anos já dei muito mais a este país do que o senhor. Já trabalhei mais, esforcei-me mais, lutei mais e não tenho qualquer dúvida de que sofri muito mais. Ganhei, claro, infinitamente menos. Para ser mais exacta o meu IRS do ano passado foi de 4 mil euros. Sim, leu bem, senhor primeiro-ministro. No ano passado ganhei 4 mil euros. Deve ser das minhas baixas qualificações. Da minha preguiça. Da minha incapacidade. Do meu excedentarismo. Portanto, é o seguinte, senhor primeiro-ministro: emigre você, senhor primeiro-ministro. E leve consigo os seus ministros. O da mota. O da fala lenta. O que veio do estrangeiro. E o resto da maralha. Leve-os, senhor primeiro-ministro, para longe. Olhe, leve-os para o Deserto do Sahara. Pode ser que os outros dois aprendam alguma coisa sobre acordos de pesca.

Com o mais elevado desprezo e desconsideração, desejo-lhe, ainda assim, feliz natal OU feliz ano novo à sua escolha, senhor primeiro-ministro

e como eu sou aqui sem dúvida o elo mais fraco, adeus

Myriam Zaluar, 19/12/2011

Facturas em duplicado

Tal como muitos Marcoenses fui alertado no Marco 2009 por João Monteiro Lima, no seu post “À 2ª foi igual”, que Câmara estava a emitir facturas duplicadas da taxa de remoção e deposição de resíduos sólidos urbanos.
Não tenho mais comentários a realizar sobre a “confusão” que deve existir naqueles serviços para se continuarem a cometer estes “erros” básicos.
O que resolvi foi verificar o que é que o nosso município estaria a fazer para corrigir este “erro”. Naturalmente acedi ao site da Câmara Municipal esperançoso que teria algum aviso para evitar que os Marcoenses menos atentos realizassem o pagamento em duplicado. Sem grande espanto, verifiquei que este site serve unicamente para passar a propaganda dos actos públicos do presidente e vereadores da maioria e não se preocupa assim tanto a dar este tipo de informação aos nossos munícipes. Principalmente quando se trata deste tipo de erros.
Já que o site da Câmara Municipal não divulga este "erro", era interessante que os outros blogs também ajudassem a divulgar esta duplicação de facturas.

Não usem a Escola..., por António Ferreira

Nos termos previstos no Decreto-Lei n.º 75/2008, “a autonomia é a faculdade reconhecida ao agrupamento (…) de tomar decisões nos domínios da organização pedagógica, da organização curricular, da gestão dos recursos humanos, da ação social escolar e da gestão estratégica, patrimonial, administrativa e financeira, no quadro das funções, competências e recursos que lhe estão atribuídos.”

O legislador definiu como instrumentos de autonomia “… O projeto educativo, o regulamento interno, os planos anual e plurianual de atividades e o orçamento constituem instrumentos do exercício da autonomia de todos os agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas, …”. Sendo os planos anual e plurianual de atividades entendidos como, “os documentos de planeamento, que definem, em função do projeto educativo, os objetivos, as formas de organização e de programação das atividades e que procedem à identificação dos recursos necessários à sua execução;”.

Ao Conselho Geral “cabe a aprovação das regras fundamentais de funcionamento da escola (regulamento interno), as decisões estratégicas e de planeamento (projeto educativo, plano de atividades) e o acompanhamento da sua concretização (relatório anual de atividades).”.

Compete ao diretor ouvido o conselho pedagógico, “… Elaborar e submeter à aprovação do conselho geral: (…) As alterações ao regulamento interno; os plano anual e plurianual de atividades;”.

Observando a realidade circundante é possível, no final do 1.º Período, que o Plano Anual de Atividades não esteja aprovado. Nesta situação, que reportaaria de grave, significa que “os objetivos, as formas de organização e de programação das atividades e que procedem à identificação dos recursos necessários à sua execução” não estão previstos nem aprovados.
Dito de outra forma, não há suporte legal para algumas atividades a decorrer desde o inicio do ano letivo. Neste contexto já não estranharia que o diretor, membros da Direção, a autarquia e outros atores se associassem, marcando presença, em atividades propostas por um dos vários grupos de docência de um qualquer estabelecimento e que os mesmos primassem pela ausência no decorrer de uma atividade que envolve um Estabelecimento de Ensino.

Não quero acreditar que o exercício de qualquer cargo sirva para que, uns após outros, os seus titulares consigam obter vantagens materiais na reforma. Se tal vier a acontecer, salvo melhor opinião, tal colidirá com princípios de ética previstos no diploma supra mencionado, que estatui “No exercício das suas funções, os titulares dos cargos previstos no presente decreto-lei estão exclusivamente ao serviço do interesse público, devendo observar no exercício das suas funções os valores fundamentais e princípios da atividade administrativa consagrados na Constituição e na lei, designadamente os da legalidade, justiça e imparcialidade, competência, responsabilidade, proporcionalidade, transparência e boa fé.”.

Estranho este silêncio, será que o que verdadeiramente importa é assegurar o lugar?

…, trabalhem “só” para as crianças!

domingo, 18 de dezembro de 2011

Infelicidade de Pedro Passos Coelho

Esta semana tem sido francamente infeliz para Pedro Passos Coelho. Primeiro foi vaiado e insultado na inauguração do Centro de Arte Moderna (CAM) Gerardo Rueda, em Matosinhos, como se pode ler aqui.
 
Espantado ficou o ex-primeiro-ministro espanhol, José Maria Aznar, que também estava presente. Poderá levar um aviso para Madrid, que mais importante do que ganhar eleições em tempos de crise,  é cumprir as promessas que se fazem aos eleitores.
 
Depois foi ao não conseguir responder a um grupo de aluno da Universidade de Aveiro, como se pode ler aqui.
 
Por fim sugere aqui a emigração aos professores desempregados.
 
É triste que Pedro Passos Coelho que durante a última campanha eleitoral prometeu resolver todos os problemas do país de uma “penada”, agora se limite a baixar os braços e não consiga apresentar soluções para estas situações.
 
A seguir qual vai ser a solução para os desempregados da construção civil? Que também devem emigrar para um país que continue a aproveitar os fundos comunitários para investir nas suas infra-estruturas, tais como as linhas de alta-velocidade. E para os jovens licenciados que não encontram o seu primeiro emprego? Que devem procurar esse emprego no estrangeiro num país que lhe valorize o esforço que realizaram para tirar as suas licenciaturas.
 
Poucas soluções para quem realizou muitas promessas.
 
Não aumentaria os impostos, nem retiraria os subsídios de Natal ou de Férias, e o que aconteceu? Diminuía rapidamente a despesa do Estado, e o que aconteceu? Iria acabar com a maioria dos institutos do Estado, e o que aconteceu? Não iria “encher” a máquina do Estado com os seus Boys, e o que aconteceu?
 
Falar é fácil, o que é difícil é encontrar soluções para os problemas do país. Não estou desiludido pois nunca acreditei que Pedro Passos Coelho tivesse capacidade para fazer melhor do que servir de “capacho” a Merkel e Sarkozy, como aqui.
 
Mas nem como "capacho" tem tido sorte, pois na última cimeira de Chefes de Estado e de Governo da UE foi rápido a aceitar um Tratado Intergovernamental onde se comprometeria a “escrever” na Constituição que Portugal limitaria o seu défice estrutural a um máximo de 0,5 por cento do PIB, sem ter garantias de conseguir uma maioria na Assembleia da República que suportasse essa alteração.
 
Mas de todo os “mercados” não reagiram positivamente às conclusões desta reunião, como Merkel e companhia esperariam, e esta foi mais uma semana de pressões sobre as dívidas soberanas, que terminou com a descida de rating em dois níveis da Bélgica, como se pode ler aqui.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

555.788 desempregados inscritos no IEFP

O número de desempregados inscritos no IEFP no concelho de Marco de Canaveses no mês de Novembro continua a crescer pelo quinto mês consecutivo e atingiu o máximo dos últimos treze meses com 4.023 desempregados.

No Continente o crescimento continua pelo quinto mês consecutivo e atingiu um recorde absoluto de 555.788 de desempregados.

Em Marco de Canaveses foram atingidos os recordes absolutos de desempregados do sexo masculino, do 1º emprego e de mais de 55 anos.

Notícias desagradáveis, sobretudo por ocorrerem nesta quadra natalícia.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Congruência a Alta Velocidade

Não que admire muito Pedro Santana Lopes, mas no tema da Alta Velocidade está a ser coerente.

Primeiro, porque aqui reconhece que Portugal esta cada vez mais longe. O que estava em causa era a inauguração na Galiza (Corunha, Santiago de Compostela e Ourense) de 150 kms de Alta Velocidade (com esta inauguração a Espanha atinge 2.900 kms de linhas de Alta Velocidade).

Tal como Pedro Santana Lopes eu sinto-me triste como português, mas mais perto da Europa a Alta Velocidade apesar de tudo. Afinal vejo afastada a possibilidade de ter perto de casa o acesso a um sistema de transporte do século XXI, e de continuar a limitar-me a ter a possibilidade de andar em linhas de caminho de ferro construídas no século XIX, mas poderei sempre ter a possibilidade de me deslocar à nossa vizinha Galiza para poder viajar rápida e comodamente por essa Europa fora.

Depois, porque é raro assistirmos a políticos que sejam congruentes com as suas posições anteriores, como podemos ler aqui.

Mas o que Pedro Santana Lopes não refere, e que eu não quero deixar de salientar, é que Portugal ao não aproveitar os apoios financeiros (ou seja o dinheiro) europeu que estava disponível para estas infraestruturas não perde só a oportunidade de modernizar as suas linhas de comboio, mas também impede a criação de um número significativo de postos de trabalho. Pois não tenhamos a ilusão que as "nossas" linhas idealizadas e construídas no século XIX permitam responder aos desafios do século XXI, e que mais tarde ou mais cedo serão desactivadas.

Quando assistimos os responsáveis políticos do nosso concelho a lutarem pela eletrificação da linha do Douro, entre Caíde e Marco de Canaveses, fico desiludido que se esteja a lutar por uma infraestrutura que está a ser substituída pela Europa fora. Para mim seria óbvio que este tipo de investimentos deveriam ser pensados para colocar a nossa terra pelo menos nas mesmas condições das outras cidades da península. Só essa igualdade permitiria que os investidores locais, nacionais e internacionais ponderassem a mera possibilidade de concretizar os seus projectos neste espaço ladeado pelo Tâmega e pelo Douro.

Claro que Ourense tem (só) o dobro dos habitantes de Marco de Canaveses. Isto também porque tem tido condições que nunca foram disponibilizadas pelo poder político à nossa terra. Ourense já era bem servido por comunicações rodoviárias e agora também passou a ter acesso a uma linha de Alta Velocidade.

E nós, nem a uma linha electrificada temos direito, os acessos à A4 encontram-se no concelho vizinho, e a rede rodoviária intermunicipal é pobre. Poderei estar a ser sonhador a tentar comparar Ourense com Marco de Canaveses, mas se não formos nós a desejarmos o melhor para a nossa terra, não vai ser um Gaiense qualquer que o vai fazer. 

PS: O Gaiense a que me refiro é o mesmo que tem mantido o nosso concelho com redes de àgua e de saneamento do tempo da "antiga senhora".

Dias atlânticos

É quando está tudo tranquilo que mais acontece no Marco. E é também por estes dias que se ouvem as coisas mais incríveis ditas com a mais completa naturalidade. Duas pérolas de dois presidentes de junta marcoenses, curiosamente ambos do mesmo partido, numa espécie de silly season natalícia:

Primeiro, numa conversa animada em que até nem ia envolver a política, mas em que fui reconhecido por pertencer a essa tenebrosa organização que é o PS, lá ouvi que esse era sem dúvida um grande defeito e eu justifiquei que não me envergonhava pertencer a um partido de pessoas que lutaram contra a ditadura e que preferia isso a pertencer a outro com ex-fascistas envergonhados. Reacção: "mas que grande argumento...".

Segunda pérola, um presidente de junta de uma grande freguesia do Marco ouve um lamento de um responsável de uma organização do campo social que a Câmara do Marco teria contribuído com 400 mil euros para um centro social de uma freguesia mais pequena enquanto o da sua freguesia só teria recebido 100 mil. Obviamente ouviu-se logo o reparo: "então, se a junta e a câmara são da mesma cor, não há razão para esta grande freguesia receber menos dinheiro e a junta deveria pressionar a autarquia no sentido de haver pelo menos uma equidade". Resposta do presidente da junta: "não se deve misturar a política com estes assuntos...".
Mais tarde, o mesmo presidente de junta, depois de declarar-se impotente para pressionar o executivo, haveria de justificar a vitória nas eleições de 2009, declarando que o povo da freguesia votou "em quem mais trabalha".

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Processo de redução de autarquias é "atabalhoado"

Se fosse eu o responsável por esta afirmação tinha todos os laranjas do concelho a criticarem-me. Teria direito a uma piada na próxima Assembleia Municipal e um qualquer blog do "regime" gozaria com as minhas palavras.

Mas sendo essa afirmação de Rui Rio, como se pode confirmar aqui, quais serão as críticas dos nossos iluminados laranjas?

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Não foi por acaso que houve Inquisição em Portugal

Roubado ao Câmara Corporativa:

As arrastadeiras e outras coisas (similares ou não) salivaram de imediato com o que Sócrates disse acerca das dívidas dos Estados (explicado aqui à RTP). À reacção pavloviana não escapou Paulo Portas, que fala sempre em ambientes controlados para não ter de responder a perguntas indiscretas sobre a aquisição de equipamentos militares. A Portas, Passos Coelho tirou-lhe o tapete. Aos restantes, a leitura de um manual de finanças públicas daria muito jeito ou, em alternativa, que lessem o que diz gente que até costumam mencionar, como esta bela citação do Vítor Bento a dizer basicamente o que o Sócrates disse sobre a dívida pública:

‘Os agentes económicos individuais do sector das famílias têm um “ciclo de vida” assumidamente finito e, por isso, a sua capacidade de gerar rendimento regular é normalmente temporária, correspondendo, grosso modo, à sua vida activa. Por isso, não podem funcionar permanentemente em dívida (…) Com as empresas, o Estado e o País como um todo (i.e., o agregado da Economia Interna), o processo é diferente. Não existe um horizonte temporal limitado para a sua existência, pelo que o planeamento financeiro da sua vida é diferente do caso dos particulares. Desta forma, é razoável assumir a sua existência como prospectivamente infinita, pelo que é também razoável que funcionem saudavelmente com endividamento permanente, que vai sendo periodicamente renovado, e sem que haja a expectativa – temporalmente definida – de que tal endividamento venha a ser totalmente pago.’
(Vítor Bento, Economia, Moral e Política, 2011, pp. 79-80)

Vivemos tempos difíceis. Chegou a vez dos idiotas.
 
Eu já tinha lido este post de João Pinto e Castro que ensinava quem de dívidas pouco percebe, mas o que me preocupa realmente é que muitos jornalistas, vários comentadores e alguns governantes opinaram mal sobre as declarações de José Sócrates. Todos estes demonstraram que podem ser bem falantes, ou bons escritores, mas em assuntos económicos são uns ignorantes.

Como é que Paulo Portas explica, que considerando que o Orçamento Geral do Estado para 2012 (proposto pelo governo de que é Ministro e que os deputados do seu partido aprovaram) é deficitário no final desse ano a dívida não vá aumentar?

Depois qual é o milagre que vai realizar nos anos seguintes de modo a conseguir começar a reduzir a dívida?

Isto é, em plena crise global conseguir (o que nenhum governo português fez há muitas dezenas de anos) ter um superávit orçamental.

Por fim, quantos milagres seriam necessários para conseguir pagar a totalidade da dívida?

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Festa de Natal da Paróquia de Soalhães


O leitor e amigo José Arouca Soares pede para divulgar o seguinte:

Vai realizar-se a festa de Natal da Paróquia de Soalhães - Marco de Canaveses com o programa que segue em anexo, e que solicitamos o especial favor de darem a devida publicidade no vosso blog. Gostaríamos de poder contar também com a vossa presença nesta festa de Natal, que é realizada pelo grupo de teatro desta Paróquia.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Reforma da Administração Local é contestada

Freguesias rejeitam "claramente" reforma da Administração Local que "não respeita vontade popular", pode-se ler aqui.

"A ANAFRE e as freguesias entendem que o modelo de reforma do poder local deve obedecer ao princípio democrático da consulta popular e auscultar as populações", afirma-se no documento das conclusões do Congresso.

O documento mereceu a aprovação quase unânime dos 1.300 delegados, com apenas duas abstenções, dos autarcas João Figueiredo e Laura Esperança, também deputados do PSD na Assembleia da República.

O discurso (de encerramento do congresso) de Miguel Relvas foi assinalado pelo abandono por parte de cerca de metade dos delegados ao Congresso como sinal de protesto contra a reforma da Administração Local, pode-se ler aqui.

O discurso foi várias vezes interrompido por vaias e palavras de contestação, pelos restantes congressistas.

À saída da sala, o ministro afirmou aos jornalistas que o clima de contestação com que foi recebido em Portimão foi “gerado e estimulado”.

Pelo que sei a maioria dos congressistas até pertencem ao PSD, pelo que deve ser desagradável que Miguel Relvas esteja a ser contestado pelas mesmas pessoas que há poucas semanas estiveram em campanha a seu lado. Se os próprios militantes do PSD contestam deste modo uma medida que está no memorando da troika, como é que o actual governo terá crédito para desvalorizar a contestação das medidas que vão para lá do memorando da troika.

Um caso que merce uma  explicação clara é porque é que foi cortado o Subsídio de Natal, quando afinal existe um “excedente de 2.000 milhões de euros”, pode-se ler aqui.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Seguro promete IC35

Hoje os socialistas marcoenses receberam António José Seguro no Auditório Municipal totalmente cheio. O Secretário-Geral do PS veio encerrar a Convenção Autárquica deste partido onde teve a oportunidade de prometer a construção do IC35 quando for primeiro-ministro, embora declarando que ficaria satisfeito se a obra se realizasse ainda durante o governo de Passos Coelho.

Já tinha realizado essa promessa em Aveiro como se pode ler aqui.

Este foi o último de muitos discursos ao longo de um dia onde foram discutidos variados temas da política nacional e local. Um dos pontos fortes foi a Reforma da Administração Local, e ninguém foi vaiado como aqui.

Destaco também a homenagem realizada aos militantes socialistas com mais de 25 anos filiação e aos antigos autarcas do Partido Socialista de Marco de Canaveses.

Ministro da Economia leva "tareia" de deputado, por Tiago Mesquita

O ministro da nossa pobre Economia, Álvaro Santos Pereira, aflige-me. É verdade, chego a ter pena dele. Parece um miúdo habituado ao Farmville que se viu de repente com uma exploração agrícola verdadeira nas mãos. Quando foi apontado para o cargo ouvi grandes elogios ao senhor. De técnico admirável a economista de excelência. E acredito que sim. Tudo isto aliado a uma brilhante carreira universitária no Canadá e EUA e ao facto de não ser um político de carreira parecia ser o suficiente para que a nossa Economia estivesse em boas mãos. WRONG.


O que me preocupa é que a cada intervenção que vejo do senhor ministro a única coisa que consigo vislumbrar é uma enorme fragilidade, evidente atrapalhação, profunda falta de estratégia e visão, para não falar de um aberrante desconhecimento das matérias em causa. É assustador. Neste vídeo vemos o deputado do PCP Bruno Dias, aparentemente informado e com o trabalho de casa feito, a fazer gato sapato quer do Ministro quer do Secretário de Estado dos Transportes (Mas que raio de argumentação foi aquela? O senhor Sérgio Monteiro já alguma vez tirou as pantufas de Mangualde, Coimbra ou Lisboa e foi efectivamente a Londres? Bom exemplo? "Sustentável"? Meu Deus ...) Tudo isto é surrealista em demasia para ser verdade...salvem-nos!

Notícia retirada daqui.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Eurobonds e opiniões diversas

A chanceler alemã (Merkel) disse aqui que criar títulos europeus de dívida pública -- os 'eurobonds' -- não é solução para os problemas da União Europeia e que só o defende quem "ainda não entendeu a crise".

Cavaco lembra aqui, no entanto, que «são cada vez mais os economistas de reputação internacional que, publicamente, têm vindo a defender que, para debelar a grave crise da zona euro» o caminho a seguir é esse (criar os 'eurobonds').

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, disse aqui, sobre a criação das eurobonds que, «olhar para esta solução como se fosse de curto ou médio prazo é estar a enganar-nos».

O secretário-geral do PS criticou aqui a lentidão da União Europeia, que "ainda não pôs em prática medidas apresentadas há três meses", e defendeu a criação de eurobonds.

E eu digo que estão a enganar-nos quando apresentam medidas que não são aplicadas rapidamente e depois mostram-se inadequadas. Afinal entre as opiniões de economistas de reputação internacional e a opinião de políticos de duvidosa credibilidade eu não tenho dúvidas.

Só fico espantado que alguns considerem agora que a solução passe por uma medida da União Europeia -- a criação dos 'eurobonds' --- quando antes só responsabilizavam o governo de José Sócrates pela crise.

O que é a Euro Bond?

Simples: emissão única e centralizada de dívida pública. Em vez de haver dívida pública alemã, espanhola ou portuguesa, emitida por cada Estado Membro, passa a haver um único emissor de dívida pública, um “instituto de dívida pública europeu”. Porquê? Citando directamente do site do PSD Europa, o proponente Silva Peneda argumenta:
      
Segundo Silva Peneda, para haver mais investimento é necessário que “o crédito seja acessível e barato, mas tudo aponta para que nos próximos tempos ele seja escasso e muito mais caro para países mais vulneráveis, como é o caso de Portugal.”

Estes países enfrentam dificuldades acrescidas de financiamento pelo que Silva Peneda defende a possibilidade de passar a haver, a nível da zona euro, um único emitente central de dívida pública europeia, que é, aliás, o cenário mais compatível com a sustentabilidade do euro a longo prazo.

Esta definição de Euro Bond foi retirada daqui, mas data de 27 de Março de 2009.