Decididamente não sou arquiteto. Mas que já lá
vão uns anitos da minha vida profissional, é verdade!
Também é verdade que todos temos um pouco de
"arquiteto". Posso confirmar que a minha primeira experiência numa
requalificação aconteceu no ano de 1993 no concelho de Esposende. Depois disso
muita água passou debaixo da ponte.
Informo sem sombra de dúvidas que participei como
projectista das redes de saneamento e de abastecimento de águas da
requalificação urbana que o centro do Março está a ser vítima! Só e só nestas
áreas. Estive atento e bastante crítico desde o início nas soluções
preconizadas pelos responsáveis.
Causou-me muita preocupação o desinteresse do
dono da obra em filtrar, orientar, fiscalizar todo o processo. Lembro que não
existia qualquer técnico habilitado para acompanhar o processo junto do
arquiteto responsável pelo projeto de tão grande envergadura. Pareceu-me
sinceramente que o dono da obra nunca soube o que queria, talvez simplesmente
tornar a cidade mais bonita . . .
A seu tempo e a quem de direito comentei as
minhas preocupações. Santos da casa não deverão fazer milagres? Sugeri mesmo
nas duas únicas reuniões que tive a felicidade de participar que se deveria,
pelo menos, conhecer "in loco" as realidades e experiências de outras
localidades.
Portanto tenham lá paciência, até como Marcoense,
indicar algumas coisinhas que teria feito de forma diferente . . .
O problema da falta de estacionamento foi
abordado vezes sem conta . . . Nem umas alterações executadas em cima do joelho
sem senso, resolvem coisa alguma.
Logo que esteve aplicado este cubo
"histórico" se deveria perceber a tontice da ideia, bastariam os
primeiros metros para o bom senso exigir alterações. Insistir na solução !
A escolha dos pontos de recolha dos resíduos
urbanos, alertados a quem de direito e na altura certa, é incompreensível.
As soluções para as praças do "D Carlos"
e do "Conforto" são muito duvidosas e certamente já percebemos todos
que vamos ter um policia municipal plantado em cada uma delas . . .
Muita atenção ao que se vai construir na Rua
General Humberto Delgado e no entroncamento entre a Rua 5 de Outubro e a Av.
Manuel Pereira Soares.
Não concordo nem compreendo os critérios de
relacionamento e de interesses particulares com cada um dos munícipes
"vitimas" do projeto/obra. Parece que quem não berra não . . .
A falta de segurança e de sinalização da
empreitada deveriam ser mais acauteladas pelo dono da obra !
Pode-se e dever-se-ia ser mais zeloso com a
execução da empreitada, o empreiteiro tanto executa bem como mal, é preciso
antecipar acontecimentos. Por exemplo, muitos poderia citar, numa empreitada
desta natureza permitir que a escadaria principal do concelho tenha espelhos
com alturas diferenciadas de 2 cm, é inaceitável. Logo numa terra da
"arte"!
Não vou prosseguir com a extensa listagem que
poderia enumerar. Aconselho com sinceridade maior e melhor atenção para o que
ainda ai vem.
De futuro e presente lembro um lema interiorizado
pelas equipas de qualquer projeto . . . na concessão de um processo de
construção, qualquer que ele seja, deve-se "picar pedra" muito e bem
antes de o lançar no papel em forma definitiva.