quarta-feira, 5 de setembro de 2012

"A minha visão", por António Ferreira

Uma das explicações que encontro para o facto de durante muitos anos a liderança da nossa autarquia não ter mudado, reside no “abandono” a que os partidos do arco do poder nos votaram. Apareciam nos momentos eleitorais e “desapareciam” no dia seguinte às eleições. A liderança que se instalou correu sérios riscos de se “perpetuar” no poder. Essa liderança deixou obra e uma pesada herança.
Trinta e dois anos após a Revolução, o Marco comemorou o 25 de abril, “… comemorações que acabaram por atrair a atenção dos principais órgãos de comunicação nacionais…”, a mesma comunicação social que, diariamente, nos dava visibilidade e nem sempre pelos melhores motivos. Abril “… é uma data marcante na história de Portugal, que devolveu aos portugueses a Liberdade e a Democracia, e estranhamos que durante tantos anos não se tenha celebrado, aqui no Marco de Canavezes…", dizia-se. Uma brisa de esperança soprava. Finalmente os partidos políticos iriam colocar Marco de Canaveses nos seus roteiros, imaginei.
Apesar da mudança no discurso, verificamos que as mesmas forças continuaram a pedir o nosso voto e a decidir o nosso futuro sem ouvirem a nossa opinião. Recordo aqui o “atropelo” na escolha dos membros da lista a candidatos ao parlamento, não obstante “… as regras davam às concelhias o poder de escolher os seus representantes, através de eleição por voto secreto” verificou-se que a Distrital “…fez tábua rasa das próprias regras por ela criada para escolher os membros da lista a candidatos ao parlamento” e escolheu em clara oposição à indicação dada pelos membros da concelhia. Na concelhia ao lado o cenário era semelhante, a Distrital convidou para liderar as listas à autarquia, alguém que não reunia a simpatia dos membros da concelhia e sem conhecimento desta estrutura. Mais recentemente veio a publico a eventual indigitação ao cargo de diretor de agrupamento no nosso concelho, indigitação “construída” fora do concelho e eventualmente por pessoas que não conhecem o Marco.
A tudo isto assistimos com passividade, resignados a que outros decidam o nosso destino. Apesar de “ontem” terem reconhecido, "… temos condicionantes (uma dívida cerca 60 milhões de euros) que levam anos a resolver…”, hoje, a confirmar-se o pior cenário, a profecia “… é uma tarefa para uma geração…”, está completamente desfasada, devendo ser substituída pela expressão “é uma tarefa para as próximas gerações”.
Porque o modelo que tem sido apresentado pelas forças partidárias e sufragado pelos marcoenses conduziu à situação em que nos encontramos, a afirmação “o Marco precisa é de olhar para o futuro” é atual pelo que, urge encontrar uma solução.
Assim, na minha opinião, o futuro passa por encontrar uma liderança supra partidária onde todos se revejam e se sintam representados. Acredito que o Marco tem futuro e marcoenses com capacidade e provas dadas para liderar esse projeto.

3 comentários:

  1. Concordo com muita coisa da visão de António Ferreira.
    Na realidade os partidos do arco do poder “desapareciam” no dia seguinte às eleições, já para não falar que no caso de um deles não existia (ou existe) qualquer democracia interna, pelo que é um partido representativo de uma só pessoa.
    Também é verdade que os eleitos decidiam (ou decidem) o nosso futuro sem ouvir a nossa opinião e muitas das vezes a opinião interna dos próprios partidos.
    Os atropelos nas democracias internas são mais do que evidentes.
    E nós assistimos tudo isto passivamente.
    MAS, todas as iniciativas “independentes” sairam das fileiras dos próprios partidos e encabeçadas pelos que de pior se comportaram nas últimas dezenas de anos no Marco. E mesmo aquelas de que se falam tem origem em pessoas que militaram em partidos políticos.
    O problema não deixa de ser sempre de pessoas e o que temos de afastar são essas pessoas que ou dentro dos partidos, ou fora deles sempre geriram mal os recursos públicos.
    Assim parece-me mais razoável é que as pessoas de bem, e com interesse em mudar este estado das coisas, ingresse nos actuais partidos e por dentro do sistema partidário façam a diferença.

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  2. Nas últimas autárquicas a segunda força mas votada foi a Abstenção, 12 627 (27,64%) marcoenses não se sentiram suficientemente motivados para participar. Registe-se que a lista vencedora obteve mais 2000 votos, aproximadamente.
    O número de militantes dos diversos partidos é residual se comparado com o universo eleitoral. A esmagadora maioria dos marcoenses não tem filiação partidária.
    Assim sendo, concordaram que, apesar do trabalho que se reconhece ser indispensável, os partidos devem encontrar alternativas que permitam que aqueles que livremente optam por não ser militantes possam participar na vida partidária.
    No que me diz respeito, gosto de estar onde sinta que posso acrescentar e que o meu contributo é considerado útil.
    Quem “passa” pelos cafés como eu, sente que há algum afastamento dos partidos e que uma eventual lista supra partidária não é liminarmente rejeitada.
    É tempo de substituir “o fazer obra” por “dar resposta” às necessidades dos marcoenses.

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  3. Os partidos são e sempre foram foco de divisão entre as pessoas, assumem no marco uma dimensão de estigmatização...não são saudaveis em nenhuma vertente. Um partido, uma militancia tem se ser saudavel e não o são.

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