segunda-feira, 8 de abril de 2013

A Lua

"A vida é um aprendizado", dizia-me uma pessoa que, sem querer e por linhas travessas, se tornou uma daquelas personagens de charneira na minha vida, mulher forte e decidida, tinha um lado sábio e de "lobo solitário", de quem não precisava de ninguém mas também tem um lado fortemente social, nas duas acepções da palavra -o social de socialite, da noite e das festas- e o social de gostar de ajudar o próximo. Contribuía e ajudava secretamente numa instituição de apoio a crianças abandonadas pelos pais ou com pais problemáticos. É esta dualidade que torna as pessoas verdadeiras e únicas, mesmo quando não lhes entendemos os passos e os caminhos. Pessoas generosas e de coração grande também têm muitas vezes um lado excessivo para o outro lado, o lado da maldade e da frieza. A forma como tratamos os "nossos" reflecte muitas vezes isto, quando damos demais aos outros, esquecemos quem nos é mais próximo. 
Aprendi com esta pessoa que há sempre um lado escuro em quem pensamos conhecer e preparou-me para as desilusões que viria a ter pouco tempo depois, de repente muitos à minha volta revelavam lados estranhos e desdiziam o que sempre tinham dito ou dado a entender como se fosse a coisa mais natural do Mundo. Deixar uma distância na avaliação de quem me rodeia passou a ser obrigatório e quase ninguém está imune a esta prudência. Já passou o tempo da abertura e da inocência. 
A partir de determinada altura, o cinismo passou a imperar.
Esses lados estranhos não são lunares, são falhas de carácter, de educação ou formação, da humana, que é a mais necessária. Pessoas que não viveram ainda o suficiente, que não sofreram nem foram felizes, que não dançaram à chuva nem foram apreciados e amados. Pessoas que requerem atenção e esperam de todos aquilo que não sabem dar. Coitados.
Ao contrário, a Lua não tinha falta de nada disso. Por isso não a julgo nem julgo sequer aqueles que pensam ser o Sol e querem todas as atenções. Não vale a pena e o caminho é em frente, mas sem estes.



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