sábado, 23 de abril de 2011

A qualidade da água do Tâmega coloca a população em risco

Um relatório de Janeiro de 2011 da Câmara Municipal de Marco de Canaveses, a que tive acesso, declara sem reservas que o estado da água na albufeira da Barragem do Torrão

«pode colocar em risco as populações humanas que utilizam a água para consumo ou recreio.»

Esta era já a mesma conclusão de outros estudos que tem vindo a ser realizados desde 2002.

Não me surpreende porque já era este o alerta dado por neste blog, em vários outros sites, na própria televisão e nos movimentos da nossa região preocupados com a qualidade da água no Rio Tâmega e tinha sido uma das primeiras preocupações que o Partido Socialista tinha demonstrado no mandato iniciado no final do ano 2009.

Pode confirmar aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.


Recordo que na Assembleia Municipal de 5 de Fevereiro de 2010 o líder da bancada socialista, João Valdoleiros, questionou o executivo camarário exactamente sobre a questão da albufeira do Torrão e da possibilidade da situação agravar-se com a construção da Barragem do Fridão.

Manuel Moreira declarou que tentaram saber junto da Comissão da Região Norte se por ventura essa Barragem vier a ser construída a mesma irá causar qualquer tipo de impacto na Barragem do Torrão. A resposta obtida, é que efectivamente, não haverá grandes impactos. Alegando que, não se encontrava completamente seguro quanto a esta temática, mas que no entanto, tenta acreditar nos técnicos.

Pessoalmente não me parece que a posição do responsável máximo da autarquia se pode limitar a uma posição destas. Está em causa, como se volta a verificar neste relatório a saúde pública das populações.

Na Assembleia Municipal de 23 de Abril de 2010 José Mota, em resposta a algumas questões do Presidente da Junta de Freguesia do Torrão, solicitou-lhe um encontro a sós para se inteirar melhor da situação do saneamento e do pó das pedreiras. Quanto ao pó das pedras aduziu uma razão que é, a de alguns empresários deitarem água na transformação do granito em pedreiras a céu aberto e não em pavilhões como manda a lei. Prometeu que iriam identificar e punir os prevaricadores. Quanto à questão das descargas no rio Bufa, informou já ter identificado a sua origem na fossa da Agrela em Vila Boa de Quires.

E reconheceu que este problema das linhas de água só será eliminado com o saneamento que não existe no caso.

Na minha opinião esta a linha política de não informar correctamente as populações e de se optar por conversas de gabinete leva ao arrastar da situação, a não se conseguir responsabilizar os culpados por esta situação e que a população não se aperceba do risco que está a correr na utilização directa ou indirecta da água do Rio Tâmega.

O relatório sobre o estado de situação do Rio Tâmega – Albufeira do Torrão foi elaborado a pedido de Manuel Moreira em consequência da tomada de conhecimento da manifestação de uma categoria de ocorrências estranhas observadas na albufeira junta à freguesia de Sobre-Tâmega. O ‘fenómeno’ observado é a expressão física da perda progressiva acentuada de qualidade do meio hídrico.

Esta situação é devida a um processo denominado eutrofização que neste caso provocou a proliferação de um tipo de fitoplâncton dominado pelas cianobactérias, vulgarmente conhecidas por algas azuis, Microcystis aeruginosa e Pseudanabaena mucicola, diatomáceas e clorófitas, espécies responsáveis por tornar as águas neste troço do rio altamente tóxicas.

São apresentadas imagens já bem conhecidas por nós e que tinham sido divulgadas por nós e por outros sites já mencionados anteriormente.

Este estudo recorda que desde 1992 que

«não será aconselhável o recreio com contacto directo e indirecto»

e adianta que

«essa proibição deverá ser acautelada nos meses de Agosto e Setembro por se tratarem dos meses críticos»

e que

«A existência de cianobactérias, produtoras de toxinas, nas águas utilizadas para recreio ou para consumo, constitui um elevado risco para a saúde pública.»

As ocorrências que provocaram este relatório aconteceram no 14 de Abril de 2010 quando os serviços técnicos municipais, foram contactados telefonicamente por um munícipe, recebendo a informação de que em pleno leito do rio do Tâmega, junto à ponte de Canaveses estariam a ocorrer estranhas formações de “bolsas de ar” ou “erupções”.

Concluindo considero que o executivo já deveria ter decretado a proibição da utilização da albufeira do Torrão para a prática de qualquer actividade naútica e alertar as populações de quais são os riscos que poderão ocorrer no consumo de água proveniente directa ou indirectamente da albufeira do Torrão.

4 comentários:

  1. A qualidade da água esta assim porque Rui Cunha pediu aos seus 5 empregados da loja do modelo para deitarem os produtos fora de validade ao Rio!

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  2. Caro Jorge

    Para ajudar ao descalabro total, ainda foi construido um Parque Fluvial que vai ter que ser interditado. Sera´que que o dinheiro aplicado no Tâmega não o deveria ter sido no Douro, onde há um verdadeiro Turismo Fluvial? Deixo as respostas aos leitores, mas voltarei ao assunto...

    Saudações Democráticas

    José António

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  3. Meu caro José António

    Sem "armar" em bairrista bacoco,gostaria de lhe dizer que uma parte significativa da receita municipal,continua a ser delabidada em festas e festinhas,em festivais do anho assado,em manifestações culturais(umas atrás das outras) e em obras que possam "dar no olho" e já agora nas muitas horas extraordinárias,que se pagam ao motorista privativo de sua Ex.cia o Senhor Presidente da Câmara e,ah!,nas grandiosas(no sentido de grandes)bandeiras,que advertem os turistas que nos visitam,que entraram em território de senhores feudais,perdão,em terras cujos autóctones,ainda adormecem tranquilamente, julgando-se os donos do território.
    Assim sendo,o meu amigo José António não quereria que essas verbas fossem aplicadas naquelas coisas enterradas,nada vistosas,que se destinam a conviver com coisas nauseabundas,nem com aquelas outras coisas,que se limitam a transportar no seu seio,a estranha substância líquida,água de seu nome,que além de não ter qualidade para ombrear com os nossos vinhos verdes(que ricas cepas!),ainda pretende premiar a nossa saúde com toda uma série de prémios à escolha,desde a vulgar dita "caganeira" até à taluda,um qualquer cancro de pele,digestivo e ou neurológico.
    Como vê amigo José António,outro qualquer
    "humanista",não faria melhor.Então,meu caro,preferiria ver os seus conterrâneos,ainda mais deprimidos,por continuarem a ser o "escárnio" do país?Tenha dó.

    Cumprimentos
    Miguel Fontes

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  4. Caro José António

    Obviamente que o dinheiro público teria sido melhor aplicado em medidas que pudessem controlar este processo, monitorizar os níveis da poluição no rio, melhorar as ETAR's existentes e impedir descargas ilegais.

    Mas essa obra não poderia ser inaugurada e não seria de fácil visibilidade para uma grande parte dos Marcoenses.

    Assim a opção foi realizar uma obra de fachada que deveria estar por motivos obvios encerrada, ou pelo menos com avisos para os cuidados a ter enquanto a situação da água se mantiver.

    Mais uma herança que o Marco herda pela inoperância de dezenas de anos de executivos camarários incompetentes.

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