segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O encapotado engano, por João Valdoleiros

A coberto duma muito discutida e considerada benevolente redução de 0,5% da brutal e anunciada sobretaxa de 4% a aplicar no I.R.S., publicitada por todos os meios de informação, como uma grande vitória do C.D.S. do Paulinho das feiras, desvia-se a atenção do facto de se manter a brutal sobretaxa de 3,5% do I.R.S. e dos desmandos no novo escalonamento daquele imposto.
Imagine-se um agregado familiar com um rendimento bruto anual entre 60 a 80 mil euros, irá ser taxado com 45% de imposto. Pelo contrário, quem auferir um rendimento bruto anual entre 80 a 250 mil euros será taxado com 48%, apenas mais 3%. E friso, apenas, porquê? Vejamos: 
- No primeiro caso, depois de liquidado o imposto restará ao agregado familiar um saldo líquido entre 33.000 € e 44.000 €, ou seja, um rendimento mensal entre 2.750 € e 3.666 €. 
- No segundo caso, escalão de IRS taxado a 48% poderão os agregados familiares dispor dum saldo líquido máximo de 160.000 €, ou seja um rendimento mensal de 13.334 €. 
– 4 (quatro) vezes maior que os contribuintes do escalão taxado a 45%. Eis a imoralidade da política financeira de Vítor Gaspar, sacar à maioria dos que têm menores rendimentos brutos anuais, ou seja, aniquilar qualquer hipótese da classe média levantar a cabeça e sobreviver com a brutal carga de impostos 
– IRS (novos escalões e sobretaxa, novos valores do IMI, cortes nos vencimentos e pensões. Vítor Gaspar ainda não percebeu que destruindo a classe média, coartando-lhe a sua capacidade de consumo, só está a contribuir para que a recessão da economia seja um dado garantido. 
Reconheça-se que houve desmandos no consumo privado desde há muitos anos ( a dívida privada atinge valores nunca atingidos). A melhoria salarial trouxe o aumento do poder de compra, nunca acompanhada de chamadas de atenção, de educação para a gestão financeira das famílias, do estímulo à poupança.
 Poderemos questionar tal, sim, mas quando a própria banca ao baixar consecutivamente os juros dos depósitos a prazo não estimulava à poupança e pelo contrário apelava ao consumo com empréstimos de todos os tipos, muitas das vezes sem garantias, que esperar do comportamento duma sociedade a maioria das vezes sem a mínima noção como funciona a economia dum país? Não contente com os seus consecutivos erros de avaliação e execução orçamental, com todo o arraial de críticas à sua estratégia financeira vindas de todos os quadrantes político-partidários, inclusive de dentro do seu próprio partido, Vítor Gaspar, de modo completamente autista, repete consecutivamente, que a culpa ainda é do Sócrates. Entretanto, o Sr. Silva de Belém continua impávido e sereno a contemplar, já não as vacas da Graciosa, mas o voo das gaivotas do Tejo, sonhando com os feitos de outrora, desta raça lusitana, afinal dócil e obediente.

3 comentários:

  1. Justiça seja feita, apesar de não concordar com muitas das críticas dos socialistas ao governo, reconheço que vão fazendo o seu papel de partido de oposição, mesmo a nivel local. E os social-democratas ainda existem em Marco de Canaveses!? Será que se reduziram a um grupo de queques e copinhos de leite à boa moda do partido do táxi que discutem entre si qual o mais "ajeitadinho" para encabeçar a lista do PSD nas eleições autárquicas que se avizinham!? E o futebol continua a ser usado para recrutar fornadas de militantes para as hostes laranja, que entram no partido sem sequer saber o que lá fazem!? Ainda gostava de saber quem é o "recrutador" de tal "arrebanhamento" de votos. E dizem-se eles uns democratas! Dão-se alvíssaras pela informação.

    E os alegados independentes, que afinal não passam dos que correm transversalmente o espectro partidário, lá continuam a armar-se em heróis. O narrador do expresso dá um piropo ao calças de ganga e, naturalmente, o ciclista retribui o piropo ao filósfo, e lá vão esfregando a barriguinha de satisfação. Mas votos, alguns votos, só mesmo os dos amigos das trainadas de Coimbra ou da faculdade de filosofia. No mais, valem zero. Segundo consta até Manuel Moreira se ri dos ditos, pois ele próprio assegura que nunca lá iria sem a bandeira laranja, pois era derrota pela certa. Pois... grande novidade!

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  2. Caro anónimo P.S.D.

    O meu amigo refere-se a alegados independentes,mas permitir-me-á corrigi-lo sem intenções de excesso de narcisismo da minha parte.E digo excesso,porque narcisistas em maior ou menor grau,somos todos.E quem disser o contrário deverá fazer uma cura de humildade.
    Voltando ao cerne do meu comentário - os alegados independentes - na minha opinião tratar-se-ão na maioria dos casos de dissidentes e ou descontentes partidárioa,que não independentes na verdadeira aceção da palavra.
    E como o Mundo da Política está cheio de dissidentes e ou descontentes!
    Geralmente aquilo que os move é a ânsia do protagonismo,a realização de sonhos considerados impossíveis,a ambição materialista,a satisfação dos seus egos.Bastará reparar que só dão sinais de vida quando se aproxima a hora duma possível colheita,nunca antes,porque isto de servir a democracia sem garantia de proventos de qualquer espécie não enche barriga.
    Questionar-se-á,se afinal,considero haver independentes? Obviamente que sim e sê-lo-ão todos aqueles que não tenham rabos de palha,nem telhados de vidro.

    João Valdoleiros

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    1. Reputadíssimo João Valdoeiros, como sempre brinda-nos com sábias palavras.

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