sábado, 5 de novembro de 2011

"Ranking" de Escolas, Jornal " A Verdade " de 28 de Outubro, por Maria Vieira da Silva

Por breves instantes pensei e convenci-me de que estava perante um sonho ou um “milagre”, no mínimo uma excelente situação a ser considerada um “case study “, tudo graças ao engenhoso título do jornal “ A Verdade” do dia 28 de Outubro de 2011 do qual é irresistível transcrever: “ Escola EB 2/3 de Sande lidera ranking de escolas 2011”.
Só depois reconsiderei tamanha excitação e, além de não ser dia 13 (de Maio), esta liderança ( sic) traduz-se no lugar 478 num total de 1283 escolas EB´s 2/3. A direcção da escola EB 2/3 de Sande tem motivos para se sentir orgulhosa, não da liderança, mas sim da subida significativa do 1059 para o 478 lugar, os nossos parabéns. Não esquecer que estamos a falar de escolas EB´s 2/3, daí a minha grande confusão, segundo o referido artigo, posicionada no lugar 752, seguiu-se a escola Secundária de Alpendorada!!! Aqui começa a grande confusão. Como tem vindo a ser habitual, no ranking das escolas secundárias foram avaliadas/classificadas 478 escolas, no qual a secundária de Alpendorada obteve o meritório (sic) lugar, a capicua 414, um lugar um nadinha abaixo do obtido em 2010 que fora 385, ou seja, em vez de subir na tabela, DESCEU, sabe Deus porquê!!! Li e reli o artigo à espera de encontrar qualquer informação que esclarecesse este lapso, não tive sorte, no seu lugar encontrei a chamada cereja em cima do bolo: o orgulho, a menina dos olhos deste Mega Agrupamento assenta somente em 2 (DUAS) simples e algo modestas situações pontuais, num universo de 20 escolas, que comporta quase 3000 alunos, neste Mega Agrupamento é motivo de bandeira 1 (UM) aluno que entrou em Medicina e 1 (UM) aluno que tirou 19 no exame de Físico-Química. Sabe a tão pouco! E as percentagens de negativas elevadíssimas nos vários anos e a várias disciplinas? E a grande disparidade na média entre a avaliação interna e a avaliação externa? E a disciplina? E as substituições? E…?E…? De boas intenções, diz o povo está o Inferno cheio, não basta apregoar boas intenções, planos e objectivos que nunca se chegam a atingir ou concretizar. …”será também imprescindível a colaboração dos pais” diz ainda Maria de Fátima Dias.
De que adianta apelar e sublinhar a importância do papel dos pais na comunidade escolar se, no dia a dia, o que se continua a constatar são sucessivos e sistemáticos atentados aos direitos de pais e alunos. Do que adianta perder tempo em elaborar documentos muito bem escritos se não passam disso mesmo, na prática nada é aplicado, tudo é pagina virada e esquecida numa prateleira de um armário qualquer. Os problemas reais e recorrentes continuam colados, como carraças e não há nada nem ninguém que consiga a sua exterminação. Vamos todos andando ao sabor e dissabor de um serviço público que fica sempre aquém dos mínimos exigidos, ao sabor e dissabor de caprichos mais ou menos velados, consoante a hora astral… Que nome será adequado para classificar este artigo e o seu conteúdo ? Será “ publicidade enganosa “, “gato por lebre” ou “poeira para os olhos”?

5 comentários:

  1. Permita que transcreva um post colocado em "Correio da Educação" e assinado por José Matias Alves, sob o titulo
    Lideranças tóxicas

    "Como se sabe, há vários conceitos, tipos e perfis de liderança. Nas organizações escolares é relativamente consensual a vantagem da existência de uma liderança transformacional e inspiradora, que combata a ameaça da balcanização, da desconexão e as múltiplas forças centrífugas.

    Mas nas escolas também podem existir lideranças tóxicas. As lideranças tóxicas podem seguir o seguinte padrão:

    i) Centralizam o poder e afirmam-no de várias formas e feitios;

    ii) Reservam e controlam a informação para saberem mais do que os outros;

    iii) Desconfiam das capacidades dos outros e não perdem oportunidades para o evidenciar;

    iv) Preservam as distâncias e cultivam o cerimonial da subserviência;

    v) Constroem dispositivos de controlo sobre rumores e boatos organizacionais;

    vi) Instituem formas tendencialmente vassálicas de relação;

    vii) Fundamentam o poder na autoridade legal, com o argumento eu é que sou o diretor;

    viii) São permeáveis à prepotência e ao amiguismo, destruindo qualquer hipótese de construção de comunidades educativas;

    ix) Cumprem as orientações superiores, desvalorizando a legitimidade democrática que as colocou nesse lugar;

    x) Têm dificuldade de escuta, não constroem laços, envenenam relações, semeiam a discórdia.

    As organizações educativas que têm a desgraça de serem governadas por este perfil de liderança possuem dificuldades acrescidas de cumprirem bem a sua missão. Resta a esperança de serem poucas. E de o conselho geral não estar refém deste modo de agir."

    José Matias Alves é investigador, doutor em Educação e professor convidado da Universidade Católica Portuguesa.

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  2. Parabéns aos DOIS casos de sucesso que confirmam a regra.

    Para todos os outros, os seus pais e familiares sugiro que reflictam nas suas escolhas e que percebam que quando VOTAM estão a realizar escolhas que definem o seu futuro.

    E nos ultimas dezenas de anos as escolhas tem sido muito más e os resultados estão de acordo.

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  3. Sobre o post de António Ferreira só tenho um coisa a dizer.

    ASSINO POR BAIXO.

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  4. Parabéns António Ferreira pelo seu pedagógico comentário.
    Quanto ao jornal a "Verdade",lamente-se apenas a falta de rigor na informação veiculada.

    Miguel Fontes

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  5. Recomendo a leitura atenta de um artigo publicado no jornal "A Verdade", em 17/10/11, com o titulo "Crianças com necessidades educativas especiais - que inclusão?"

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