Em democracia quando os governos pretendem adoptar medidas duras de austeridade porque são inevitáveis ou por opção de política económica dialogam com as forças sociais e os partidos da oposição, tentam concertar posições, convencer da justeza das suas propostas, encontrar acordos. Em ditadura dispensa-se o diálogo, conta-se com a repressão para eliminar qualquer oposição. No Portugal de 2010 Passos Coelho muito antes de divulgar a sua política de austeridade ameaçou eventuais promotores de tumultos, reforçou o orçamento das polícias, optou por não negociar com nenhum partido da oposição e, nem sequer com o que tinha assinado o acordo com a troika.
Em democracia as políticas económicas têm sempre alternativas que correspondem a diferentes posições económicas, ideológicas ou partidárias, a redução do défice pode ser conseguida por diversas vias, a explicação das opções é política e económica. Em ditadura as opções de política económica são sempre apoiadas numa inevitabilidade divina, na total ausência de alternativas. No Portugal de 2011 a política económica é apresentada por um ministro que não acredita em qualquer alternativa à sua política.
Em democracia valores como a equidade e a justiça prevalecem, distribuem-se os sacrifícios em função da capacidade dos cidadãos. Em ditadura escolhem-se os inimigos políticos a sacrificar, elegem-se culpados pelas crises, julgam-se sumariamente os culpados. No Portugal de 2011 elegeram-se culpados, inventaram-se privilegiados, defendem-se julgamentos de responsáveis.
Com este Orçamento de Estado o governo diz pretender afastar-nos da Grécia. Mas pela forma como o OE foi apresentado, pela natureza das medidas adoptadas, pela forma como discrimina os cidadãos, pelo desprezo que revela por princípios como a justiça e a equidade, pelo reunir de forças polícias, pelo desprezo revelado em relação ao diálogo, ainda não sabemos que conseguiremos afastar-nos da Grécia e já estamos quase no Chile de Augusto Pinochet.
Duvido que que gente como Vítor Gaspar perceba isso, mas antes sermos a Grécia falida e berço da democracia, do que o Chile do ditador Augusto Pinochet.
Retirado por sugestão de um leitor do Blog O Jumento, que juntou o seguinte comentário:
No Chile de Pinochet,o Povo também só acordou para a realidade da perda da sua liberdade democrática com as balas e os cassetetes da impiedosa polícia do ditador Pinochet, apoiada por uma ditadura feroz, responsável por muitos milhares de vítimas, entre mortos, desaparecidos e presos políticos, submetidos às piores sevícias.
Caro Jorge Valdoleiros
ResponderEliminarHá mais probabilidades de ficar na História duma Nação,para sempre lembrado pelos piores motivos,um qualquer ditadorzeco,que aquele político sério,competente,dedicado à causa pública.
Depois acontece,que se esse candidato a ditadorzeco for apoiado por um "contabilista, que raramente falha,mas nunca se engana",teremos a receita apropriada para a satisfação plena do nosso muito lusitano masoquismo.
Nem sequer falta a reedição da subserviente "assembleia nacional",para compor um verdadeiro quadro capaz de causar os piores pesadelos aos amantes da Liberdade e da Democracia.
Cumprimentos
Miguel Fontes