sexta-feira, 6 de abril de 2012

O tiro saiu pela culatra

Realizou-se um congresso para comemorar os 160 anos da criação do município, onde era bem claro que não se esperava debater qualquer dos graves problemas que foram criados durante esses 160 anos de serviços aos marcoenses. Assim existiu o cuidado de que o leque de moderadores e oradores fossem próximos do poder actual, facto que logo me desinteressou pelo dito congresso, que de certeza se tornaria em mais uma sessão de promoção do actual executivo camarário, e nada mais.

Um dos poucos oradores que mereceria ser ouvido pela sua grande experiência como empreendedor era Belmiro de Azevedo, é um dos poucos Marcoenses que é reconhecido tanto em Portugal, como no estrangeiro, pelos seus méritos e afinal um dos temas em destaque era “um marco no Empreendorismo”.

Não se valorizando o grave erro de português, tenho que admitir a boa escolha de Belmiro de Azevedo, pois este é um dos marcos do empreendedorismo português do final do século XX. Belmiro de Azevedo é também conhecido por não ter papas na língua e dizer o que pensa, afinal esta é uma característica importante para quem é um empreendedor. No caso de Belmiro de Azevedo as suas opiniões são geralmente valorizadas e mesmo quando elas são incómodas devemos reflectir nas mesmas.

Não tendo assistido ao seu “discurso” logo me apercebi do impacto que teve, ao ler na blogosfera os diversos comentários realizados nos dias seguintes ao congresso.

Primeiro, foi o post “O congresso do meu município” de Miguel Carneiro, onde este destaca as várias críticas de Belmiro de Azevedo «desde a lentidão de processos da Câmara Municipal, passando à lentidão operacional na mesma ("parece que há medo que o trabalho acabe" sublinhou o empresário), uma facada na falta de visão da Câmara Municipal, na incompetência da mesma quanto à "lixeira a céu aberto" que é o rio Tâmega, o sublinhar da falta de condições mínimas de progresso e qualidade de vida - leia-se água e saneamento, a descaracterização da zona industrial ("o estado a que deixaram aquilo chegar")»

Estas críticas são objectivas e já por aqui foram várias vezes mencionadas. Na verdade todos os marcoenses se queixam da lentidão dos processos da câmara, todos sabemos qual é o estado do rio Tâmega (o próprio executivo realizou um estudo onde ficou bem demonstrado o risco para a saúde pública em que se tornou o rio Tâmega e alguns dos seus afluentes), todos sabemos qual é o baixo grau de cobertura da rede de água e saneamento (o próprio executivo o admite) e sobre a qualidade da zona industrial quem melhor poderia dar a sua opinião do que um dos maiores industriais do nosso país.

Depois, foi o post “A falta de chá de Belmiro de Azevedo” de José Carlos Pereira, onde este declara que «Belmiro de Azevedo serviu-se do palco que lhe foi proporcionado para interpelar a Câmara Municipal e procurar resolver os seus problemazinhos, aquilo que o incomoda pessoalmente, seja o rio Tâmega nas imediações da sua Casa da Ribeira ou as condições da zona industrial, instalada próxima da sua residência e onde também tem uma empresa».

O que eu considero é que muitos Marcoenses não perceberam ainda que são mesmo aqueles “problemazinhos” que incomodam muitos empreendedores e levam a que mesmo aqueles que nasceram na nossa terra acabem por não trazer as suas empresas para o Marco. Criar uma empresa ou realizar qualquer investimento imobiliário junto a um rio altamente poluído é uma asneira, pelo que era importante reflectirmos sobre onde, um grande empreendedor nessas áreas, quer chegar com a crítica de que o rio Tâmega é uma “lixeira a céu aberto”. Não estou a ver Belmiro de Azevedo, por muito amor que tenha à nossa terra, a realizar, por exemplo, um investimento imobiliário ou turístico nas margens do Tâmega nestas condições. Percebo que se sinta incomodado quando percebe que as estruturas mais básicas, como a água e saneamento, são tão escassas no Marco, pelo que nem preciso reflectir para perceber que essa crítica é um alerta para que os nossos autarcas percebam que são obras que tem de realizar. Do mesmo modo quando este critica a lentidão dos processos camarários, mais do que ninguém Belmiro de Azevedo, sabe que a burocracia afasta o investimento e o empreendedorismo.

Pessoalmente, cruzei-me na minha vida profissional várias vezes com Belmiro de Azevedo, com os seus irmãos e muitos dos seus mais próximos colaboradores, sendo de uma geração um pouco mais velha do que a minha apreendi a ouvir os seus conselhos e a reflectir neles.

Fui assim que fui educado e seria muita “falta de chã” dar lições a Belmiro de Azevedo.

Por fim ao ler o post “Belmiro de Azevedo” de José Cruz não posso deixar de concordar totalmente que «essa ideia de que Belmiro de Azevedo precisa de aproveitar-se de um palco de um Congressozito local para defender os seus interesses é uma ideia completamente estapafúrdia.»

Na minha opinião é que alguém queria aproveitar-se do prestígio de Belmiro de Azevedo, mas “o tiro saiu pela culatra”.

11 comentários:

  1. Essa do Tio Belmiro precisar de um palco.. . e para resolver os seus problemas.. . não lembra ao Diabo!

    Será que o visionário da brilhante ideia não estará a referir-se ao caso Nanta . . .

    Ai sim . . . processo escandaloso . . . combinado nos bastidores. É que as queixinhas encaixam na perfeição a este caso de policia.

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  2. Infelizmente para o Marco só vem parar gentinha como Manuel Moreira ...

    Belmiro de Azevedo não vem para o Marco, porquê?

    Primeiro FT´s depois MM´s ... Está tudo dito, não é necessário desenvolver mais!

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  3. Caro amigo

    A questão não é só saber porque Belimiro de Azevedo não vem para cá, mas porque o Marco não atrai investidores.

    No caso do Belmiro de Azevedo, temos que perceber que a Sonae já existia e tinha sido criada fora do Marco, assim até seria logico que os outros investimentos fossem perto dessa empresa. Certo?

    Belmiro mais ligado ao litoral ficou quando abriu em Matosinhos o primeiro Continente, perto de uma empresa onde tambem trabalhou, a Efanor, e estes dois polos um na Maia e outro em Matosinhos acabaram por atrair outros investimentos.

    Agora é preciso perceber porque é que Belmiro, escolheu Matosinhos, e não escolheu Porto, Gaia ou a própria Maia para esse primeiro Continente.

    Mas apesar disto tudo Belmiro trouxe algum, ainda que pouco, investimento a sua terra natal.

    Preocupa-me é porque alguns empresários que tinham as suas empresas e respectivas sedes no Marco sairam para outras localidades, próximas da nossa mas com outras condições. Os empresarios não tem de ser benemeritos, eles procuram as melhores condições para realizar os seus investimentos.

    E o que tem nestas ultimas decadas os políticos da nossa terra (AFT e MM)?

    Apostaram em Futebol e Festas, realizaram obras que não trouxeram competitividade à nossa terra, e arruinaram as contas da autarquia.

    E o que não fizeram?

    Não apostaram nas infraestruturas básicas, como àgua e saneamento. Montaram um sistema burocratico na câmara que não despacha os processos administrativos. Não tiveram cuidado na getsão do território, na qualidade, por exemplo, das suas linhas de água, etc.

    Não foram capazes de lutar por verdadeiras linhs de comunicação com o litoral e as cidades vizinhas. A ligação à auto-estrada demorou, o baixo concelho está isolado, e a electrificação da linha até ao Marco só serviu para lutas partidárias e nada mais.

    Não se apostou correctamente na educação, os investimentos foram mal realizados, a gestão é má, o que não é de admirar dado o curriculum dos dois presidentes que tivemos. Um acredita demasiado que aquela coisa dos doutores e engenheiros é só mania e o outro em vez de estudar na juventude andou pelas jotas a "colar cartazes".

    E podia continuar, mas a culpa não é de AFT e de MM. É dos seus apoiantes mais próximos, que usufruiram deles para conseguir enriquecer, e de todos aqueles que votaram não uma mas várias vezes naquelas políticas que levaram a que o Marco chegasse aqui.

    A solução passa primeiro por afastar estas políticas, mas é importante que as escolhas sejam em políticas que tenham um objectivo claro e um plano para o alcançar.

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  4. Que me perdoem os Marcoenses a ousadia e a presunção de aqui colocar preto no branco,a afirmação,que o Eng.Belmiro de Azevedo,um digno e muito meritoso marcoense,mais não fez que falar de temas já discutidos em várias sessões da nossa assembleia municipal.
    Saneamento básico,redes de distribuição de água potável,estado deplorável em termos de saúde pública da albufeira do Tâmega,são temas quase repetidamente abordados na actuação política do grupo de deputados municipais socialistas.
    Compreendo,respeito,mas não aceito a ênfase dada às palavras do Eng. Belmiro de Azevedo,que apenas se limitou,passe a expressão,a repetir tudo quanto o P.S. tem apontado como graves erros da gestão de Manuel Moreira e do seu executivo.
    É que tive a oportunidade de ler certos comentários às palavras do Eng. Belmiro de Azevedo,que confesso me surpreenderam por aparentemente os seus autores,só agora despertarem para estas causas e mesmo assim de modo um tanto ao quanto enviesado.
    Sim,porque não ousaria pensar,que se pudesse tratar dum recado de alguém a Belmiro de Azevedo.

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    1. Belmiro não precisa que ninguém lhe envie recados, ele tem olhos como a maior parte dos Marcoenses, e usa-os para ver. Não fosse a partidarite todos os Marcoenses viam o evidente:

      - Mau desempenho na água, no saneamento, na qualidade das linhas de água (ainda me lembro da intervenção de um verador a dizer a propósito de uma descarga de "m***a" numa linha de água, que a culpa era de haver pouca água noo rio, pois se existisse mais água não se notaria)...

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  5. O congresso dos 160 anos do Município do Marco de Canaveses, foi de facto mais uma oportunidade perdida. Oportunidade perdida porque não foram debatidos os verdadeiros problemas do Marco, num tom laudatório e subserviente lá foram discursando um grupo de alinhados com o regime. Apresentações de conteúdos fracas e pobres na forma. Os erros e frases mal construídas não faltaram, como não faltaram os símbolos do regime, como as fitas cor de laranja que suportavam a identificação dos congressistas, naturalmente... a "cor do município". Lamentável, simbologia própria de quem quer controlar tudo e todos, já vimos este filme muitas vezes. E tudo corria alaranjado eis quando um silêncio sepulcral se fez ouvir com a intervenção de Belmiro de Azevedo, e pela primeira vez se falou de algo útil para o futuro do Marco. Chamou um colaborador seu, que tinha feito o trabalho de casa e apresentou imagens reais e virtuais da zona que propôs ser intervencionada. No final da sua assertiva intervenção, mais de metade da audiência não o aplaudiu, demonstrativo do controlo que MM impõe aos seus súbditos. Mais notória foi a "partidarite", com os aplausos arrancados ao público quando MM pediu o microfone, para tentar responder a BA, mas, como implicitamente sabia que BA tinha razão, não foi suficiente o apoio nem a sua retórica para desmontar o que BA havia dito. Foi acutilante BA quando terminou dizendo (mais ou menos) "dou-lhe 15 dias para resolver este assunto".

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    1. Ou seja, Manuel Moreira investiu tanto neste congresso e o Belmiro estragou-lhe a festa.

      Interessante é que se formos ler no site oficial da câmara, esta intervenção não existiu.

      Espero é que Belmiro após os 15 dias tenho disponibilidade para enfrentar de novo estes senhores, que era um grande favor que fazia à sua terra.

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  6. Só hoje vi este post no Marcoensecomosós, e de todas as intervenções, o que mais me chocou foi tomar conhecimento do comentário de José Carlos Pereira, este só está bem onde não está. Tem uma necessidade de se sentir alguém, julga ter uma importância que poucos lhe reconhecem, e nesses poucos estão uns que gostam de sumo de laranja apimentado.

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    1. Eu gosto de ouvir e reflectir nos comentários de José Carlos Pereira, mas neste caso falou o bairrismo, não reflectiu em quem criticou, e como muitos Marcoenses não estava à espera que um Marcoense, como Belmiro, não fosse capaz de perante Manuel Moreira e todos aqueles que o apoiam, de dar "um murro na mesa".

      Mas esta reação de Belmiro só é inesperada para quem não o conhece, e se existissem mais meia dúzia de Belmiro e os nossos políticos "marcoenses" perceberiam que foram eleitos para nos servir e não o contrário.

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    2. Caro Jorge Valdoleiros

      Usa o Povo dizer,que quando se mexe e remexe na m.... seca, esta passa a cheirar mal,como se de m.... fresca se tratasse.
      Ora,isto vem a propósito de continuar a haver uns "iluminados",que se fingem de marcoenses preocupados e interessados,mas que necessitam de reanimar volta e meia a luz,que julgam jorrar das suas auréolas,nem que para isso tenham que vender a alma ao diabo.
      Tal,na minha modesta opinião,aconteceu com as críticas às polémicas palavras de Belmiro de Azevedo,considerando,que o ilustre "convidado" desmereceu do convite,que lhe foi endereçado,pois que,talvez pela sua idade já um pouco avançada,se mostrou incapaz dos habituais salamaleques,tanto do agrado de Manuel Moreira.
      Antes pelo contrário,assistimos a um valente puxão de orelhas de Belmiro a Manuel Moreira,criticando frontalmente a gestão tão "gabada" por toda uma série de marionetes marcoenses,sem alma,sem coração e sem vergonha.
      Não quero terminar,sem deixar aqui nas minhas palavras uma crítica a Belmiro,ainda que ligeira.Não me pareceu justa a luta,que Belmiro quis traçar com Manuel Moreira,pois que dum lado se encontrava um homem profundamente conhecedor do mundo do trabalho e do outro um simples aprendiz,aliás sem jeito algum.
      Assim não vale,Belmiro...

      Cumprimentos
      Miguel Fontes

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    3. Caro Miguel

      Obviamente que alguém esperava que o "convidado" fosse cordato e só disse bem deste executivo camarário, mas não é isso que se esperaria de um congresso da nossa terra. O que se esperaria é que os oradores fossem verdadeiros, e este foi verdadeiro.

      José Carlos Pereira na realidade criticou mal o "convidado" ter dito o que disse, são os maus hábtos de tantos nós (eu não) curvarmos aqueles que detem o poder. Pena foi que não falasse que Manuel Moreira veio responder a Belmiro. Nada que ele não esteja habituado a fazer em todas os lugares.

      É de facto José Carlos Pereira esteve mal, é pena porque considero-o uma pessoa sensata, a maior parte das vezes.

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