sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Regeneração urbana

O projecto de regeneração urbana da cidade do Marco é apresentado hoje, pode ler-se aqui.

Existem muitas reservas que vão sendo aos poucos divulgadas e que já apareceram na blogosfera, como aqui no Marco 2009. A possível escassez de estacionamentos, a criação de uma praça em frente ao café Conforto, o aumento dos passeios (de modo a poderem passar cadeiras de rodas uma pela outra de cada lado da rua), mas à custa da redução da faixa de rodagem, a crítica que estas verbas deveriam ser canalizadas para obras em redes de água e de saneamento, a crítica ao impacto da própria execução da obra no comércio local e outras. Eu próprio já referi aqui que a autarquia deveria ter atenção nesta “regeneração” ao impacto no ambiente sonoro local.

A única crítica que eu considero importante realçar é o desconhecimento quase total de como vai ser realizado este projecto.

Hoje vai realizar-se a apresentação pública, mas deveria ter existido antes um debate mais aberto a todos os interessados. Prova disso é que até vários deputados da Assembleia Municipal me demonstraram o total desconhecimento do projecto.

De resto, eu sou pragmático, e sobretudo coerente, e tenho que aceitar que o projecto tem que andar para a frente e só peca por não ter sido iniciado mais cedo.

E porque afirmo isto?

Antes de mais, é uma promessa eleitoral, e por isso deve ser realizada. Se muitas outras não vão ser cumpridas, que pelo menos esta o seja.

Depois, temos que perceber que existe a necessidade de optar, não podemos ter na cidade espaços públicos para as pessoas e simultaneamente estacionamento para todos aqueles que desejam deslocar-se em viatura própria ao seu centro. Não podemos ter passeios condignos para todas as pessoas e simultaneamente ter as vias com a largura desejada.

E na minha opinião, já é tempo do Marco ter um verdadeiro centro da cidade, em vez de o centro da cidade ser um local de passagem de várias vias que cruzam o concelho (não sei se este meu objectivo vai ser alcançado).

A regeneração urbana deve ter um objectivo estratégico, infelizmente não sei qual é o objectivo desta, mas ele deveria existir, ter sido debatido publicamente e “referendado” pelos principais interessados. Se os inconvenientes apresentados pelo público forem compensados pelo assegurar de um bom objectivo estratégico todos estariam sem reservas a favor de um projecto, que tem de ser de todos os Marcoenses.

Mas existe outro tipo de críticas, que deveríamos ponderar. Entre gastar os poucos recursos financeiros existentes numa obra deste tipo ou canalizar esses recursos para obras nas pobres redes municipais de água e saneamento, eu não tenho dúvidas que a minha resposta teria que ser pela opção das redes municipais de água e saneamento.

Só que não existe esta opção e eu não sou demagogo, nem muito menos incoerente. Os «mais de cinco milhões de euros vão ser investidos para dar uma nova “cara” às principais artérias da cidade, são um investimento comparticipado em 85 por cento pelos fundos comunitários do QREN».

Assim é uma boa opção utilizar estes fundos comunitários para realizar obra, pois este dinheiro não pode ser desviado para outros fins. Seria demagogo era ter a mesma atitude que o PSD e o CDS tiveram na última campanha nacional relativamente ao TGV, dizendo que aqueles fundos comunitários poderiam ser desviados, quando isso não é verdade.

Seria incoerente em não apoiar este investimento público da autarquia, onde o gasto de cerca 750 mil euros, podem proporcionar 5 milhões de investimentos.

Se todos os dias eu crítico a política de austeridade do actual governo de Portugal (como aqui), e defendo políticas de investimento como esta para sair da crise, seria altamente incoerente não apoiar este projecto.

9 comentários:

  1. Na verdade a regeneração urbana na cidade do Marco de Canaveses é bem vinda. Espero muito honestamente que possa tornar a nossa cidade mais competitiva em termos de beleza paisagistica a par das cidades sedes de Concelho vizinhas.

    Por outro lado, espero também que os nossos jardins e rotundas na cidade possam ter outro cuidado, que não o amontoar de ervas, fica mal, quem entra na cidade, não ver rotundas e canteiros dignos de ser ver, afinal é a imagem e o cartão de visita da nossa terra, ou por outras palavras, do Presidente da Camara!

    Muito mais do que o aspecto político e nas implicações negativas que as obras possam causar aos moradores e comerciantes das zonas de incidência, seria de bom grado pensar também que existem vários pontos no Concelho de Marco de Canaveses onde nem um paralelo existe para servir parte da população ou um cano de àgua ou ainda um metro de saneamento!

    Então a CMMC não tem dinheiro para mandar cantar um cego, mas da cartola saem 750 mil euros? Estranho, mas louvo o aproveitamentos dos fundos comunitários como uma oportunidade para realizar esta obra. No entanto, não haveriam de ser dadas desculpas para não se fazerem outras obras por falta de dinheiro, fica mal e fica a sensação de mentira.

    É por estas políticas e critérios, por todo o respeito que possa ter por várias pessoas comunistas, deixem-me partilhar o meu sentimento, mas acho que vou virar comunista!

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    1. Coloca um problema importante que apesar de ser secundário poderá vir a complicar este projecto.

      Como é que o executivo camarário poderá garantir o pagamento dos seus 15%. Pode não ser muito (em percentagem), mas a qualquer momento pode cair mais uma penhora e nesse caso as obras podem ficar numa situação complicada.

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  2. Só palermas aqui. Entao acham que se anda a dizer que não ha dinheiro para quê? É OBVIO que a Camera tem andado a poupar para esta Obra! Parabéns doutor Manuel Moreira! Quero um Marco com um Centro digno! Socialistas de um raio sempre a dizer mal e a colocar problemas! Força Senhor Presidente! Em frente é o CAminho. Deixe estes a falar sozinhos!

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    1. Caro Machado

      De facto não há dinheiro na Câmara, quem o diz é o próprio Manuel Moreira e os próprios documentos de prestação de contas. Basta aceder ao site da Câmara analisar esses documentos e tirar as conclusões. Não se esqueça das provisões necessárias para as indeminizações e reserve algum dinheiro para as dívidas não orçamentadas.

      E, o mais importante, não pode culpar José Sócrates ou qualquer outro socialistas porque este números foram atingidos pelo total empenho dos centristas eleitos pelo CDS e os sociais-democratas eleitos pelo PSD.

      Agora espero que Manuel Moreira consiga pagar esses 750 mil euros, mas como deve perceber (o dinheiro não é elástico) esses esforço financeiro terá efeitos noutro lugar.

      Mas como eu disse, isso é secundário, acredito que esta promessa deve ser cumprida e será Manuel Moreira que terá que resolver o problema de onde cortar os 750 mil euros.

      Também como disse considero que este é um bom investimento, pelo que se deveria cortar noutras despesas, como por exemplo festas, almoços, motoristas, etc

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    2. Caro Machado

      O próprio Manuel Moreia aqui

      http://www.jn.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Porto&Concelho=Marco%20de%20Canaveses&Option=Interior&content_id=2284070&page=-1

      admite que é um risco investir na regeneração urbana.

      O que pensa das suas palavras?

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  3. Em que consiste a regeneraçao?

    Quais vão ser as principais mudanças?

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    1. A regeneração urbana deve ter por base um objectivo estratégico, deve-se decidir o que se pretende obter como resultado. Deve-se ter uma ideia clara em que se vai tornar a área alvo dessa regeneração.

      As cidades foram criadas e tem evoluido ao longo de séculos. A evolução social, económica e até tecnológica tem também evoluido. O que eram os objectivos para um centro de uma localidade à umas décadas, não deverão ser os mesmos de hoje. O que está em causa em existir um planeamento correcto das zonas urbanas, o que na minha opinião passa em muito por termos um PDM actualizado e moderno, e dentro disso sabermos claramente o que pretendemos para o centro da cidade do Marco.

      Este debate foi realizado? Não me parece. Tudo tem sido realizado nos gabinetes, não sabendo nós quem são realmente os intervenientes nessas discussões.

      Se isto não for realizado, vamos unicamente realizar obras e as mudanção não são estruturais.

      Teremos um passeio mais largo, mais uma praceta, possivelmente uma ou outra rotunda, sinais de transito aqui e ali, mas não vai existir uma verdadeira mudança.

      Será mais uma obra avulsa, que mantém o essencial tudo igual.

      Este era o debate que se devia ter realizado. Mas repetem-se os mesmos erros de sempre. Vai passar-se o mesmo na reorganização das freguesias, que é um problema que deveria estar a ser discutido agora com as populações.

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  4. Caro Jorge Valdoleiros

    Mais uma vez coloca os problemas como realmente deveriam ser colocados.
    Geração do projecto(com as múltiplas envolvências desde a parte arquitectónica ao impacto ambiental,poluição atmosférica e sonora),estudo orçamental,discussão pública,sua aprovação,ou reprovação e,finalmente a sua execução,com a análise prévia dos eventuais prejuízos e transtornos na vida diária dos residentes na zona a regenerar,em particular e na dos restantes munícipes,em geral.
    Obviamente,que a questão financeira não será problema de somenos importância,mas também creio que Manuel Moreira,constituiu atempadamente um "mealheiro" para juntar fundos com que possa realizar a obra,que ele considera a menina dos seus olhos.
    Pena é,que a sua preocupação neste assunto,se limitasse à angariação de verbas e desvalorizasse a opinião dos munícipes,que como habitualmente só são lembrados quando das campanhas eleitorais.

    Cumprimentos
    Miguel Fontes

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  5. marcuenses, então se vão gastar 5,3 milhões de euros na regeneraçao da cidade, em que vai custar 750 mil euros aos cofres da cãmara, porque não poupar mais uns trocos nas festas e eventos ao longo de todo o ano, e em publicidade enviada para os cestos de papeis, ja daria mais uns milhares de euros para agua e saneamento em todo o concelho, estes projetos também são financiados a 75%/80%. o problema é que nestes investimentos ficam enterrados e não há lugar a colocação de placas

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