sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Wolfgang Schäubel e Vítor Gaspar

Fomos presenteados, por um canal de televisão, com uma conversa, que deveria ter sido privada, entre os ministros das finanças da Alemanha e de Portugal. Começa logo por aí, deveria ter sido privada, a menos que, ideias mais ou menos maquiavélicas, recomendassem a filmagem daquela conversa.

Uma vez tornada pública, e analisando rapidamente o seu conteúdo, percebemos que há abertura, por parte da Alemanha, para reajustar o programa de ajuda financeira a Portugal, entenda-se prolongar no tempo o pagamento da dívida ou, quem sabe, contrair mais um empréstimo. E isto é importante, sim muito importante para os Portugueses, porque mesmo sendo os “bons alunos da Europa”, criou-se aqui espaço, para em caso de necessidade, não sobrecarregar os de sempre, aqueles, que sem terem contribuído para a situação, são sistematicamente penalizados.

Mas, mais significativa que a conversa havida foi a postura assumida. Os senhores eram dois ministros, que estavam a representar dois países, e nós vimos ali um Portugal curvado, subserviente, que, no mínimo, parecia mendigar. Por outro lado, um todo poderoso, altivo, que não se dignou erguer a cabeça. Este senhor que representava a Alemanha, autoritária, a Alemanha que despoletou duas guerras mundiais, a Alemanha que pagando, destruiu o aparelho produtivo dos países do sul, particularmente Portugal e que agora quer comandar os destinos da Europa.

Sempre fui Europeísta convicto, defendo uma maior integração, uma corresponsabilidade nas decisões económicas, políticas e sociais, mas não acredito nesta Europa, porque não acredito nestes líderes.

4 comentários:

  1. Não concordo com a opinião do Engº Agostinho Sousa Pinto sobre a privacidade da conversa. O papel do jornalista é produzir informação.
    Quanto ao conteúdo, entendo que Portugal não deve ter esta atitude submissa, pois está a pagar elevados juros pelo dinheiro recebido. O sr. ministro Gaspar poderia muito bem olhar de frente.

    Nuno Miguel

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    1. Também não concordo dessa ideia que a conversa era privada. Os intervenientes sabiam que estavam a ser filmados, fotografados e de certeza ouvidos por jornalistas.

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  2. Meus amigos Anónimo das 04:35 e Jorge Valdoleiros

    Narcisistas,todos nós somos um pouco,por isso atrever-me-ei a opinar também nesta questão.
    Não concordo com o Eng.Agostinho Sousa Pinto pela privacidade da conversa,mas receio,que a sua divulgação não tenha sido tão inocente quanto isso.
    Gaspar já nos habituou,como mandarete de Passos,a explicar os tais desvios colossais,porque não admitir,que se tratou apenas do aproveitamento para a preparação do terreno para a necessidade de implementar novas e mais gravosas medidas de austeridade?
    Ou não consideram,que se Gaspar estivesse completamente convicto dos resultados da sua política financeira,deveria ter respondido de modo categórico,que o Governo de Portugal não admitia tal cenário?

    Um Marcoense como vós

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    1. Vou mais longe e acredito que poderemos ter assistido a um pequena peça de teatro, montada para dar ideia aos mercados, que existiria disponibilidade da Alemanha para apoiar Portugal numa renegociação do resgate.

      O segundo acto da peça passou-se com o "apanhado" do governante espanhol, que frente às câmaras veio também fazer o papel de outro bom aluno.

      Mas o problema é que a Grécia vai continuar a dar problemas. Hoje caiu um dos parceiros da coligação e os reusltados das políticas de austeridade tem sido colossalmente desastrosos.

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