sábado, 5 de novembro de 2011

O Estado que pague "ou capitalismo à portuguesa"

O patronato que tanto se queixa das "gorduras" do Estado, exigindo ruidosamente "menos Estado", acaba de, através da AEP e outras associações patronais, engordar a despesa do Estado em mais 35 milhões de euros, accionando o aval que obteve do mesmo Estado para financiar o megalómano projecto do Europarque. 

O Europarque deveria ser um exemplo de visão e gestão empresariais, até porque gerido pela fina flor do empresariado português. Afinal, "desde o início da sua exploração, em 1996, nunca teve resultados positivos" e a AEP tem que reconhecer "a impossibilidade da Associação Europarque em honrar os pagamentos a que estava obrigada", passando a batata quente para o Estado. Comprova--se, pois, que o Estado é um "desastre" a gerir e deve entregar aos privados empresas públicas, escolas, hospitais, etc..

Desde as leis do condicionamento industrial do Estado Novo que, com raras excepções, a generalidade dos nossos empresários se habituou a viver sob protecção do Estado ou transferindo riscos para o Estado (nesta matéria, os Mellos são o exemplo típico do que é o "grande empresariado" português). É por isso que, mais do que com capacidade de iniciativa ou espírito empreendedor, o sucesso empresarial em Portugal se constrói antes com boas relações. 

Agora, do mesmo modo que pagarão a recapitalização da banca privada, serão os contribuintes quem pagará também os erros de gestão e as dívidas do Europarque. 

1 comentário:

  1. Paga Zé,e pede ao Passos,que continue coerente ao aceitar fazer-nos pagar as "competências" destes empresários,já que ele se farta de propagandear as virtudes da gestão privada.
    Esta rapaziada do Europarque,a fina flor do empresariado português(como muito bem os apelida António Pina),"merece" o reconhecimento de Passos Coelho e "justifica" com o seu competente trabalho,o seu aval para caucionar a enorme dívida,outro pequeno desvio colossal,de 35 milhões de euros.
    Se os gestores públicos não demonstraram capacidades para gerir,e parece bem que não,na maioria das situações,os privados,afinal,e talvez por uma questão de solidariedade,acabam demonstrando a mesma gritante falta de qualidade.
    Ou seja,nem uns,nem outros se aproveitam,antes todos demonstram a sua enorme "inteligência partidária",sem a qual teriam há muito declarado a sua própria insolvência.
    Valha-lhes um qualquer "santo",Pedro,que seja e valha-nos a todos nós contribuintes uma enormíssima dose de paciência para aturar estes chicos-espertos.

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