Cavaco Silva visitou o memorial em honra de Franklin Roosevelt, o presidente que resgatou os Estados Unidos da Grande Depressão.
“Vim aqui porque o Roosevelt tomou decisões económicas da maior importância para tirar os Estados Unidos e o mundo da recessão”, declarou Cavaco aos jornalistas.
“É muito referido o New Deal, mas o mais importante, quanto a mim, dele foi a desvalorização do dólar. É isso que vai resolver a crise, muito forte, do sistema bancário então e dar um grande impulso à economia norte-americana.”
Pode-se ler aqui.
É importante esclarecer que o New Deal foi o nome dado à série de programas implementados nos Estados Unidos entre 1933 e 1937 com o objetivo de recuperar e reformar a economia norte-americana, e assistir aos prejudicados pela Grande Depressão.
Consistiu num investimento maciço em obras públicas, que geraram milhões de novos empregos, no controle sobre os preços e a produçao, para evitar a superprodução na agricultura e na indústria, na diminuição da jornada de trabalho, com o objetivo de abrir novos postos.
Além disso, fixou-se o salário mínimo, criaram-se o seguro-desemprego e o seguro-velhice.
Essas políticas econômicas já tinha começado a ser aplicadas por Hjalmar Schacht na Alemanha de Adolfo Hitler, que foram - cerca três anos mais tarde - racionalizadas por Keynes em sua obra clássica Teoria geral do emprego, do juro e da moeda.
Claro que ficaria mal para Cavaco Silva ter que admitir que foram as soluções Keynesianas que tiraram o mundo da Grande Depressão de 1929, mas o certo que estas políticas já tem provas dadas enquanto as políticas neo-liberais de austeridades são basicamente as mesmas que provocaram a Grande Depressão de 1929.
Qualquer pessoa com o mínimo conhecimentos e honestidade intelectual também sabe que a desvalorização do dólar foi uma consequência das políticas adoptadas e não a solução.
O que fica mal é que agora um pouco por toda a direita apareçam vozes a defender parte, ou até a totalidade, das medidas "keynesianas" para resolver o problema da actual crise, mas quando o segundo governo de José Sócrates (que não tinha uma maioria parlamentar) tentou adoptar algumas dessas medidas foi fortemente atacado e só conseguiu a aprovação dos orçamentos quando retirou dos orçamentos muitas desssas medidas.
É fácil de encontrar semelhanças entre as políticas de José Sócrates e as de Franklin Roosevelt, basta pensar no TGV, no novo Aeroporto de Lisboa, nos novos centros escolares, nos novos hospitais, etc.
Tudo políticas criticadas pela direita e que agora foram totalmente paradas criando desemprego, recessão económica e pobreza.
Afinal quem é que está a provocar a actual depressão?
Cavaco Silva deveria reflectir, pelo menos agora, nos ensinamentos de Franklin Roosevelt e tudo fazer para que eles sejam aplicados no nosso país.
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