As arrastadeiras e outras coisas (similares ou não) salivaram de imediato com o que Sócrates disse acerca das dívidas dos Estados (explicado aqui à RTP). À reacção pavloviana não escapou Paulo Portas, que fala sempre em ambientes controlados para não ter de responder a perguntas indiscretas sobre a aquisição de equipamentos militares. A Portas, Passos Coelho tirou-lhe o tapete. Aos restantes, a leitura de um manual de finanças públicas daria muito jeito ou, em alternativa, que lessem o que diz gente que até costumam mencionar, como esta bela citação do Vítor Bento a dizer basicamente o que o Sócrates disse sobre a dívida pública:
‘Os agentes económicos individuais do sector das famílias têm um “ciclo de vida” assumidamente finito e, por isso, a sua capacidade de gerar rendimento regular é normalmente temporária, correspondendo, grosso modo, à sua vida activa. Por isso, não podem funcionar permanentemente em dívida (…) Com as empresas, o Estado e o País como um todo (i.e., o agregado da Economia Interna), o processo é diferente. Não existe um horizonte temporal limitado para a sua existência, pelo que o planeamento financeiro da sua vida é diferente do caso dos particulares. Desta forma, é razoável assumir a sua existência como prospectivamente infinita, pelo que é também razoável que funcionem saudavelmente com endividamento permanente, que vai sendo periodicamente renovado, e sem que haja a expectativa – temporalmente definida – de que tal endividamento venha a ser totalmente pago.’
(Vítor Bento, Economia, Moral e Política, 2011, pp. 79-80)
Vivemos tempos difíceis. Chegou a vez dos idiotas.
Eu já tinha lido este post de João Pinto e Castro que ensinava quem de dívidas pouco percebe, mas o que me preocupa realmente é que muitos jornalistas, vários comentadores e alguns governantes opinaram mal sobre as declarações de José Sócrates. Todos estes demonstraram que podem ser bem falantes, ou bons escritores, mas em assuntos económicos são uns ignorantes.
Como é que Paulo Portas explica, que considerando que o Orçamento Geral do Estado para 2012 (proposto pelo governo de que é Ministro e que os deputados do seu partido aprovaram) é deficitário no final desse ano a dívida não vá aumentar?
Depois qual é o milagre que vai realizar nos anos seguintes de modo a conseguir começar a reduzir a dívida?
Isto é, em plena crise global conseguir (o que nenhum governo português fez há muitas dezenas de anos) ter um superávit orçamental.
Por fim, quantos milagres seriam necessários para conseguir pagar a totalidade da dívida?
Como é que Paulo Portas explica, que considerando que o Orçamento Geral do Estado para 2012 (proposto pelo governo de que é Ministro e que os deputados do seu partido aprovaram) é deficitário no final desse ano a dívida não vá aumentar?
Depois qual é o milagre que vai realizar nos anos seguintes de modo a conseguir começar a reduzir a dívida?
Isto é, em plena crise global conseguir (o que nenhum governo português fez há muitas dezenas de anos) ter um superávit orçamental.
Por fim, quantos milagres seriam necessários para conseguir pagar a totalidade da dívida?
Curioso,ou nem tanto,que ao contrário do enorme ruído provocado pela maioria dos mass-média,quando da afirmação de Sócrates,quanto à gestão do pagamento da dívida pública de Portugal,esta citação/opinião de Vítor Bento,o economista,que foi primeira escolha de Passos Coelho,para a pasta das finanças,não colha por parte daqueles mass-média a mesma dedicada preocupação e o mesmo interesse especulativo.
ResponderEliminarCompreendo,mas não aceito,que "rei morto,rei posto",continue a ser a praxis de vida da maioria daqueles,que tendo por obrigação profissional não só o respeito pela ética,como também o respeito à verdade e,em especial,à isenção na informação.
Ora,Sócrates não disse nada,que qualquer economista menor,há muito não o saiba,as dívidas estatais são sempre evolutivas e nunca totalmente resolúveis.
Parece,que para além de várias cabeças douradas sociais-democratas,também Portas se mostrou interessado em especular fazendo ruído com as palavras de Sócrates,talvez,quem sabe,para tentar fazer esquecer certos negócios nas compras de material de guerra,mas isso são contas dum outro rosário.
Como já não bastasse o controlo dos mass-média,realizado pela censura interna dos mesmos,regime imposto pelas administrações dos grandes grupos económicos,aos quais estão adstritos,vemos agora com grande preocupação a tentativa de "formatação" duma RTP1,por parte do ministro responsável pela propaganda do regime vigente.
Parece ser uma das prioridades de Passos Coelho o controlo directo,ou indirecto dos mass-média,para assim gerar uma opinião pública favorável às austeras e gravosas medidas impostas pela sua governação(escudando-se sempre no dito memorando da troyka),ainda que notoriamente errada nos alvos escolhidos para atingir o seu obcecado objectivo,o controlo das contas públicas e o pagamento do déficit.
Segundo a doutrina gaspariana,tirar aos privilegiados da função pública e aos não menos privilegiados pensionistas,que não aos homens do capital e aos especuladores financeiros.
Emigremos todos para a Madeira,tornemo-nos súbditos de sua Magestade Alberto João e ficaremos livres do Passos,do Gaspar e do não menos asssutador Relvas,porque quanto a Macedo é assunto para outras núpcias.
Como escreve o Jorge Valdoleiros,e bem,vivemos tempos difíceis e chegou finalmente a vez dos idiotas.
Miguel Fontes
Pois se até o Batanete é ignorante em assuntos de Economia,que admirar que todo o burro queira opinar?
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