terça-feira, 23 de agosto de 2011

Boas ou más notícias?

O défice do Estado ultrapassou os 6,68 mil milhões de euros entre Janeiro e Julho, uma queda de 25 por cento, podemos ler aqui e aqui.

Também se pode ler que a receita do Estado cresceu 4,4 por cento, o que representa uma desaceleração de 0,4 pontos percentuais em relação ao mês anterior, “justificado, em grande medida, pelo abrandamento do crescimento da receita do imposto sobre o valor acrescentado”.

Esta desaceleração já se tinha feito sentir na execução orçamental de Junho e vem comprovar a inversão da tendência das receitas fiscais, que estão a desvanecer-se com o regresso da economia portuguesa à recessão.

Interessante é que em Junho anunciava-se aqui que o Estado tinha chegado ao final do primeiro semestre com um défice provisório de 6,151 milhões de euros, quase três vezes mais do que o valor registado até Maio.

Algo não bate certo na comparação destes dois valores, será que a notícia de Julho era só para justificar um desvio colossal?

Na minha opinião e depois de algumas contas muito simples com os dados da execução orçamental a partir do site da DGO, com que não vou maçar ninguém aqui, facilmente se percebe que alguém teve o trabalho de aumentar os dados da despesa em Junho para depois ter uma “brilhante” queda em Julho. Engraçado que soma deste dois meses tudo se equilibra, pelo que não deve existir nenhum aumento de despesas em Junho, nem grande queda em Julho.

Isto não é Economia, é meramente Engenharia Financeira…


Depois temos alguns “diferenças” no modo em como é dada a notícia da execução orçamental de Junho. Se tivesse sido dada do mesmo modo da notícia de Julho, esta teria sido assim:


O défice do Estado ultrapassou os 6,15 mil milhões de euros entre Janeiro e Junho, uma queda de 21 por cento.


Depois disto ainda alguém pode dizer que não se manipulam as notícias?

2 comentários:

  1. O BE chega à mesma conclusão do que eu:

    BE: números da execução orçamental desmentem "desvio colossal"

    O Bloco de Esquerda acusou o Governo de usar o "discurso do desvio colossal" só para justificar as medidas que iam em contradição com as promessas eleitorais.

    O BE considerou hoje que os números da execução orçamental agora revelados desmentem o "discurso do desvio colossal" e mostram que essa "rábula" só foi utilizada pelo Governo para justificar medidas que iam em contradição com compromissos eleitorais.

    "Em relação a estes números em concreto, o que eles mostram é que toda a rábula que o Governo construiu em torno do desvio colossal nas contas públicas não tem qualquer fundamento nos números concretos", afirmou José Gusmão, em declarações à Lusa.

    De acordo com o boletim sobre a execução orçamental da Direção Geral do Orçamento divulgado na segunda-feira à noite, o valor provisório do défice do Estado nos primeiros sete meses situou-se nos 6,687 mil milhões de euros, registando uma melhoria de 2,243 mil milhões face ao período homólogo.

    "Desvio colossal existe na Madeira"

    Admitindo que existe um desvio negativo nos serviços e fundos autónomos, José Gusmão ressalvou, contudo, o desvio positivo verificado no subsector Estado, "que tem muito mais peso do ponto de vista orçamental".

    Portanto, acrescentou, estes números "desmentem o discurso do desvio colossal e mostram que esse foi apenas um expediente utilizado por este Governo para justificar medidas que iam em completa contradição com as promessas e com os compromissos que assumiu durante a campanha eleitoral".

    "Desvio colossal existe na Madeira, um desvio que se existisse na mesma proporção em todo o país seria de 11 mil milhões de euros. E, em relação a esse desvio, o Governo não parece estar disponível para tomar as medidas enérgicas que seriam necessárias", referiu ainda José Gusmão.

    http://aeiou.expresso.pt/be-numeros-da-execucao-orcamental-desmentem-desvio-colossal=f669489

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  2. Vai ver senhor Jorge Valdoleiros como não aparece por aí nenhum Adão,nem nemhum Miguel Santos a desmentir esta acusação.Contra factos não há argumentos.Só intervêm quando lhes interessa desviar as atenções do cerne das questões,para além da sua(deles)preparação sobre estas matérias de orçamentos e contas públicas,ser pouco menos que zero.
    Ao fim e ao cabo,aí temos mais uma balela de Passos Coelho,perfeitamente desmontada.
    Outras se seguirão,podem crer.
    Necessário é,para Passos Coelho,como mentiroso compulsivo,que é,alimentar a sua doentia tendência de fazer baixa política,mentindo constantemente,e até atribuindo,tantas vezes,a autoria de muitas das suas mentiras a Sócrates.
    Como diz o Povo,a verdade é como o azeite,vem sempre ao de cima e eu acrescento,cá se fazem,cá se pagam.

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