Quem conhece minimamente a Administração Pública sabe que enferma de vários males: tem funcionários a mais, é pouco produtiva (com excepção de pouquíssimos departamentos), não tem mobilidade e funciona como um empecilho ao desenvolvimento da economia.
Os problemas estão tão bem identificados que todos os partidos, mesmo os da extrema-esquerda, sabem o que tem de ser feito para reformar o Estado. Nomeadamente, sabem que não se consegue reformar o Estado sem reduzir efectivos (em moldes a analisar). É importante não esquecer isto por causa das promessas eleitorais que vamos ouvir até às eleições.
O tiro de partida foi dado ontem pelo PSD, com Pedro Passos Coelho a dizer que, se for Governo, não vai despedir nem fazer novos cortes nos salários dos funcionários públicos. O PSD sabe perfeitamente que a reforma do Estado é fundamental para aumentar o potencial de crescimento da economia. Mas como não quer perder votos, faz demagogia.
Com outra agravante: o partido tem-se queixado que o Governo não dá informação actualizada sobre o estado das finanças públicas. O que o impede de propor soluções sérias para o país enfrentar a crise financeira. Então, se não tem essas informações como é que Passos Coelho promete não cortar postos de trabalho no Estado nem fazer novos cortes nos salários? Ainda para mais sem conhecer as propostas do FMI, Comissão Europeia e BCE para esta área (não foi o PSD que recusou divulgar o seu programa antes de saber o que a troika vai propor/impor a Portugal?).
Ao fazer promessas destas, Passos Coelho arrisca-se, se ganhar as eleições, a imitar José Sócrates: desdizer, como 1º ministro, o que prometeu como candidato.
E num ponto eu não ocncordo com Camilo Alves.
ResponderEliminarJosé Sócrates ainda tem alguma desculpa de não ter cumprido no seu segundo mandato algumas promessas por causa de DUAS razões de qual não é responsável:
1) Não ganhou com MAIORIA e precisou de negociar com o PSD a aprovação das medidas mais importantes da governação, nomeadamente os Orçamentos. Assim estes não são da exclusiva responsabilidade dele, mas também do Prof. Catroga.
2) Ninguém tem conseguido prever o tsunami de acontecimentos que tem arrastado toda a economia mundial para a maior crise dos últimos 80 anos.
De resto considero uma boa análise do momento político que atravessamos.
PS: O artigo foi recomendado por um leitor do nosso blog.
Espanha tem neste momento uma taxa de desemprego de aproximadamente 25% e o défice foi da mesma ordem de grandeza do verificado em Portugal depois de introduzidas as necessárias correções, 9,1%.
ResponderEliminarExcelente artigo,que permite mais uma vez demonstrar como Passos Coelho revela uma enorme incoerência mental,para além de revelar constantemente pela negativa,o modo como não se deve fazer Política.
ResponderEliminarA política só tem significado se for direccionada para resolver os problemas dos cidadãos. E os funcionários públicos, é bom lembra-lo, também são pessoas e são trabalhadores como todos os outros. Têm anseios, têm projectos e têm vida, não são apenas números. Exercem as suas profissões, não raras vezes, em condições muito difíceis, com sacrifício pessoal e a troco de uma remuneração, muitas vezes, inferior á praticada no sector privado. Creio que não será necessário recordá-lo, mas funcionário público pode ser o juiz, a médica, o polícia ou a professora; Mas também pode ser o enfermeiro, a auxiliar de limpeza, o cantoneiro, ou a auxiliar de acção médica; Pode ainda ser engenheiro, a arquitecta, o trolha ou a varredora; Ou quem sabe o calceteiro, a jardineira ou homem do lixo. E por aí fora...
ResponderEliminarMas o mais importante, e que importa não esquecer, é que por trás do rótulo do funcionário público, há um homem, há uma mulher, há uma família, há o direito à realização pessoal e o direito a ser feliz. Há o brio de exercer uma profissão de forma digna e empenhada e de contribuir para o bem-estar e progresso da nossa sociedade.
Caro amigo
ResponderEliminarConcordo quase totalmente consigo sobre a visão que tem sobre os funcionários públicos. Apesar de nunca ter trabalhado directamente para o Estado tenho perfeita consciência de qual a responsabilidade deste por 3 razões:
A PRIMEIRA é porque na minha família sempre existiram funcionários públicos há gerações e sei que de um modo geral eles cumpriram as suas funções de um modo exemplar. Em alguns casos colocando a sua própria vida em perigo para defender Portugal.
A SEGUNDA é porque durante a minha já longa carreira trabalhei com funcionários públicos e funcionários privados. E encontrei excelentes funcionários num e noutro sector e do mesmo modo péssimos funcionários em ambos os lados.
A TERCEIRA é porque no modo de ver o funcionário público deveria ser selecionado entre os melhores.
Na minha opinião e apesar de considerar que temos quantidade a mais de funcionários públicos indiscutivelmente, e considerar que deveriamos sempre puder melhorar a qualidade, de facto neste momento temos de ser cuidadosos no despedimento dos funcionários.
Era mais importante que em vez de se estar a arranjar um modo de despedir (ou dispensar) este execesso de funcionários, deveriam estar a ser criativos e colocar esses funcionários a ser produtivos dentro do funcionalismo público.
Esta é a minha opinião, até acredito que é o que o PS tem tentado realizar, mas não é de certeza o que o PSD Nacional pretende fazer se chegar ao poder.