segunda-feira, 23 de maio de 2011

Nova inoportunidade, por Leonel Moura

A ler na íntegra aqui no Jornal de Negócios.

Que Pedro Passos Coelho não está preparado para ser primeiro-ministro é uma evidência.

Aliás, não está sequer preparado para fazer uma campanha eleitoral digna desse nome. Os dislates são diários. A necessidade de explicar, emendar e desdizer uma constante.

O mais recente episódio [...] prende-se com o programa das Novas Oportunidades. Passos Coelho decidiu insultar as centenas de milhares de portugueses que nos últimos anos se esforçaram por melhorar a sua formação. Não se coibiu, com a arrogância habitual, de passar, a todos, um atestado de ignorância. Mas, bem vistas as coisas, neste assunto o maior ignorante é mesmo ele.

Criado inicialmente pelo governo de Durão Barroso com o objetivo de certificar competências, foi bastante ampliado nos governos de José Sócrates no contexto da sua política de forte aposta na educação. [...]

O reacionarismo local nunca gostou da ideia. Uns por elitismo, outros por atraso cultural. Os primeiros, na sua maioria senhores doutores, não gostam de ver a ralé aceder ao conhecimento. Os segundos, ainda não perceberam do que é feito o mundo de hoje e vivem noutro tempo, lá muito para trás. [...]

Passos Coelho claramente não percebe. Ainda jovem tem uma visão arcaica da educação. Considera que a requalificação das escolas é um luxo e que a profissionalização dos adultos um embuste. São "slogans" que lhe ficam mal e que só mostram impreparação. Como alguém disse, quem acha que a educação é cara, então faça as contas a quanto custa a ignorância.

Na ânsia de desfazer tudo o que Sócrates fez, Passos Coelho vai assim alinhando com as posições mais retrógradas. Hoje o PSD, que em tempos foi social-democrata, define-se como um partido contra a educação, a ciência e a cultura.

Por isso, com tantas e tão frequentes inoportunidades, talvez não fosse má ideia Passos Coelho ir até ao Brasil fazer companhia a Eduardo Catroga e esperar, na praia, pelo resultado das eleições. O país agradecia.

1 comentário:

  1. O maior problema, de acordo com Manuel António Pina,(in JN de hoje) “talvez não seja mudar de opinião de um dia para o outro, (…) é precisar, sempre que diz qualquer coisa, de que venha alguém explicar o que quis dizer. Ontem esteve de plantão Assunção Esteves, a quem coube desta vez a ingrata missão de "esclarecer a mensagem" do líder. Resta saber é se se tratou de um esclarecimento ou de um branqueamento”. Uma interessante perspetiva esta!

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