Segundo a AECOPS (Associação das Empresas de Construção, Obras Públicas e Serviços), 970 construtoras terão falido durante o ano de 2010, pode-se ler aqui. Este ano durante o primeiro trimestre já se apontam mais de 152 novos casos de insolvência.
Em Outubro de 2008 apareciam aqui os relatos de Marcoenses que a crise no imobiliário espanhol determinou o regresso a Portugal.
Em Março de 2009 Patrões e trabalhadores de uma empresa de construção civil, manifestavam-se em frente à Câmara de Marco de Canavezes. Reclamavam o pagamento de uma divida de duzentos e cinquenta mil euros. A autarquia respondeu que, nesse momento, não tinha dinheiro disponível.
Em Abril de 2009, podia ler-se aqui que o número de desempregados entre os operários da construção civil poderia subir para os 59 mil e que a crise afectava, entre outros concelhos, Marco Canaveses.
Espanha que continuava a não ser uma alternativa e procuravam-se obras desesperadamente além-fronteiras.
Em Junho de 2010, podia-se ler aqui, que o sector da construção civil continuava a ser um dos mais afectados pela situação económica.
Em Fevereiro de 2011 lia-se aqui que o fim do boom migratório para Espanha deixou as aldeias do Marco de Canaveses ainda mais desertas. Os homens foram para França, Suíça, Angola, Brasil...
Analisando o Portal Estatístico de Informação Empresarial do IRN podemos obter o gráfico que nos dá a evolução do total dos trabalhadores no concelho do Marco e a evolução dos trabalhadores do CAE da construção. As conclusões que podemos chegar são várias, nomeadamente:
- O CAE da construção emprega cerca de 50% dos trabalhadores Marcoenses, o que demonstra a grande dependência da economia local deste sector;
- As oscilações na evolução do número total de trabalhadores empregados dependem muito da evolução do número de empregados deste sector;
- Se a crise no sector da construção se continuar a agravar deve-se esperar um agravamento da economia local.
Estando claro que a crise no sector imobiliário ainda esta para durar e que o investimento público em obras públicas será muito limitado nos próximos anos, pergunto:
- Se o cancelamento das obras públicas, com financiamento garantido, como a linha do TGV terão um efeito positivo para a nossa economia local?
- Se uma iniciativa como as Novas Oportunidades que tem como principal objectivo a elevação dos níveis de qualificação de base da população adulta não é fundamental para a população do Marco?
- Se muitos trabalhadores e empresários deste importante sector para o nosso concelho não deverão ponderar muito bem quem deverão apoiar nas próximas eleições?
Caro Jorge Valdoleiros
ResponderEliminarMais um post seu,numa excelente e completa análise,diagnosticando os males,que enfermam o mercado de trabalho do nosso concelho.
Diz o meu amigo Jorge,que o CAE da construção emprega cerca de 50% dos trabalhadores marcuenses,número muito significativo da fortíssima dependencia da economia local deste sector de actividade profissional.
E levanto a questão.Porque ordem de razões,50% dos nossos trabalhadores,integram esta actividade?
Talvez,porque nunca no Marco,tenha surgido uma verdadeira política de futuro para os nossos jovens,proporcionando-lhes uma autêntica formação profissional,nos mais variados sectores,ou pelo menos,em sectores mais carenciados do concelho.
Há muito,que o Marco deveria ter uma Escola de Artes e Ofícios,uma verdadeira escola onde os nossos filhos pudessem preparar-se para a vida real,com instrumentos para uma rápida integração no mercado do trabalho.
Pois,não havia dinheiro para pagar a quem deviam,para garantir postos de trabalho,mas como se tratava de ano para a campanha eleitoral(Outubro de 2009),já apareceu dinheiro bastante(fala-se em mais de 1 milhão de euros),para as "pinturas" das estradas municipais e mais uns arranjitos de última hora,para dar nas vistas,que isto de "caçar votos" está pela hora da morte.
ResponderEliminarDepois o Sócrates é que é um bandido.
Caro Miguel
ResponderEliminarNa minha opinião muito subjectiva cerca de 50% dos nossos trabalhadores integram esta actividade por várias razões:
- Primeiro não podemos esquecer a pouca formação que existe em muito dessa força de trabalho, que não permite que muitos destes trabalhadores tenham capacidade de tentar um NOVA carreira profissional. [Aqui é muito importante iniciativas como as NOVAS OPORTUNIDADES, mas que poderiam ser secundadas com outros apoios locais em formação]
- Depois porque existiu na década de 1990 e início da década de 2000 uma POLÍTICA DE BETÃO, graças ao dinheiro que veio da Europa e a muitos empréstimos realizados pelo Estado e pela autarquias, mas que na minha opinião foi um erro. Foram as muitas auto-estradas, a expo98, os estádios, estradas municipais por todo o lado, rotundas, etc... Foram os emprestimos que estão a cair agora
- Foi o período das taxas de juro baixo em que a banca empurrava para a compra de casa própria, da casa de férias e de até casas para rendimento, etc...
- Nesta situação criou-se a ideia que o sector da construçao iria ter um crescimento sustentado que permitiria a qualquer operário, mesmo sem grande formação, ter rendimentos relativamente elevados [Situação que atraiu muita gente para este sector]
- E os empresários também acreditaram que estas bolhas iriam sempre crescer, o que já nós sabemos que não aconteceu.
Estranho é que ainda não tenha assitido a iniciativas de apoio à mudança de carreira destes trabalhadores e ao apoio aos empresários para também coseguirem que as suas empresas se reinventem para novos sectores. Difícil mas não impossível.
Caro amigo das 23:43
ResponderEliminarMas quanto eu sei essas dívidas de 2005 continuam por pagar, aliás ainda não constam das contas. Ao todo rondam os 7 milhões de euros que estão escondidos das contas.
Esse assunto (das contas) ainda não está esquecido e talvez depois das eleições irei trazer outra vez à ribalta.
Todos procuraram o dinheiro fácil.
ResponderEliminarOs empresários criaram empresas sem estruturas operativas e sem planificação económica. Não me enganarei muito se disser que uma grande percentagem das ditas empresas de construção civil do Marco de Canaveses assenta a sua actividade apenas no fornecimento de mão-de-obra. Essa mão-de-obra, na grande maioria dos casos, desqualificada e com baixos níveis de formação, foi “objecto” para obtenção de lucros fáceis, de uma casta de empresários de fachada, cujo único objectivo foi passear a sua vaidade. Preocupações com o reforço estrutural e a capitalização das suas empresas – ZERO; Preocupações com a valorização social dos activos humanos que as compõem – ZERO. Apenas o lucro fácil... tantas vezes obtido à custa de esquemas de corrupção, de práticas de mercado fraudulentas e de falta de cumprimento de obrigações sociais, traduzidas em avultadas dívidas á segurança social e ao fisco.
E que dizer dos operários. Gente humilde, na verdadeira aquiescência da palavra, e facilmente iludível. Frutos de uma sociedade local, onde prevalece a cultura do “desenrasque-se quem puder”, onde não se cultiva a auto-estima e onde predominam a pequenez e a inveja de trazer por casa, tão características de uma sociedade com horizontes limitados. Uma sociedade marcuense, que valoriza muito pouco, o investimento na formação académica, profissional ou cultural das suas gentes. Uma sociedade, muito virada para o imediato, para o fútil e que se vai iludindo e enganando a si própria. Resultado: ganha-se para a casa, para o carro e para os luxos de um consumismo nivelador do estatuto social. Tudo o resto importa pouco. A formação pessoal, a educação dos filhos, a pensão na reforma, isso logo se verá. Os filhos do vizinho estudaram e também não têm emprego...
E depois, se o trabalho falta ou se uma doença bate à porta?
Recorre-se ao Presidente da Junta, pois claro (!), que passa o atestado de insuficiência económica “para se meterem os papéis” na segurança social para receber o rendimento social de inserção, que aliado a uns biscates vai dando para viver.
Para viver, mas viver muito mal, digo eu. Muitas vezes de forma envergonhada e numa miséria encoberta pelas quatro paredes da casa, que já não se consegue pagar ao banco.
E tudo isto porquê? Porque todos procuraram, e continuam a procurar, o dinheiro fácil.
O retrato que faço é este. Ideias para sair deste situacionismo, tenho algumas. Mas o comentário já vai muito longo.
Cumprimentos.
JML.
Hoje , conforme Despacho n.º 7397/2011,publicado em Diário da República, que determina:
ResponderEliminar"... Fica o Município de Marco de Canaveses autorizado a celebrar um contrato de reequilíbrio financeiro, até € 7 000 000, com qualquer instituição autorizada a conceder crédito, nos termos do n.º 5 do artigo
41.º da Lei n.º 2/2007, de 15 de Janeiro, e do artigo 13.º do Decreto--Lei n.º 38/2008, de 7 de Março...", nem tudo é mau para os prestadores de serviços. E os Marcoenses ficam melhor?
Caro António Ferreira
ResponderEliminarSe estes credores forem finalmente pagos pelo menos a CMMC ficará com a "imagem limpa".
Contabilisticamente a dívida passará desses credores para um credor bancário. E finalmente este valor aparecerá correctamente contabilizado nas contas do município pelo que se espera um maior agravamento dos resultados e já agora o "serviço da dívida" aumentará.
Os Marcoenses, na minha opinião, continuarão sem ter um executivo que consiga resolver os problemas sem ser pelo recurso ao crédito.
Se fosse com o FMI, teriamos pelo menos um Memorando que forçaria a um corte nas despesas e a um restruturação da máquina da autarquia.
Manuel Moreira pula de contentamento,com tal decisão do governo de Sócrates,apesar de ser o homem mais odiado e criticado por ele,à face da terra.
ResponderEliminarFinalmente já antevê a possibilidade de realizar a sua tão sonhada obra,cartada eleitoral indispensável para 2013,para iludir o papalvo,a requalificação da cidade,ou seja,à semelhança das conhecidas "pinturas" de estradas municipais,para onde se desviaram verbas que muito contribuiriam para a melhoria do nível sanitário das populações.
Obviamente,é tudo uma questão de prioridades,realizar os interesses mais básicos das populações ou garantir a reeleição.
Cumprimentos
Miguel Fontes