domingo, 4 de março de 2012

Escola pública ou privada?

Este estudo realizado pela Universidade do Porto é preocupante.

O estudo concluiu que os estudantes provenientes de escolas privadas revelam pior desempenho do que os das escolas públicas, mas não é isto que me preocupa.

De facto a minha experiência de pertencer a uma família numerosa, onde existem familiares meus que optaram por escolas privadas e outros por escolas públicas, indicou-me claramente que o ensino nas escolas privadas não era melhor do que nas escolas públicas, em casos muitos pontuais o ensino é bastante pior.

A utilização de classificações das escolas públicas e privadas pelas médias obtida pelos seus alunos não revela por si só a qualidade de ensino, mas muito mais o enquadramento cultural dos agregados familiares do estudantes. Depois existe um fenómeno, que este estudo também revela, que os alunos dessas "melhores" escolas privadas acabam por não corresponder como se esperaria na Universidade.

A minha conclusão é que se pretendemos que os nossos filhos tenham uma boa educação devem ingressar numa escola pública, mas se querem ingressar na Universidade então devemos optar por os colocar numa escola privada.

Incrível é como deixamos permitir que este tipo de injustiças se realizem num Estado de Direito, e depois ainda nos queixamos que muitos dos nossos licenciados não conseguem arranjar trabalho (propositadamente não disse emprego). 

5 comentários:

  1. De acordo com a legislação, “As escolas são estabelecimentos aos quais está confiada uma missão de serviço público, que consiste em dotar todos e cada um dos cidadãos das competências e conhecimentos que lhes permitam explorar plenamente as suas capacidades, integrar -se activamente na sociedade e dar um contributo para a vida económica, social e cultural do País.” Assim, há que assumir que nem todos os que procuram a escola pretendem o acesso ao ensino superior, logo a escola tem que adequar as suas práticas às necessidades dos seus “utentes” e não devendo ao contrário ser estes a mudar.

    Quando somos confrontados com os resultados de um estudo que conclui “quase um quarto dos 4280 alunos admitidos pela Universidade do Porto (UP) no ano lectivo de 2008/2009 desistiram do seu curso ao fim de três anos”, “quase 50% dos alunos entrou nesse ano com uma classificação igual ou superior a 16,5 valores”, “quase 80% dos estudantes entrou na primeira ou segunda opção”, que o abandono “não parece estar ligado” à distância do distrito da escola no qual foram realizados os exames nacionais de acesso, nem ao tipo de escola (pública ou privada), é motivo bastante acompanhar a preocupação de Sarsfield Cabral, que o faz questionar sobre se as escolas do ensino secundário estarão a preparar bem os alunos para a universidade. Na minha opinião provavelmente não estão. Questiono se será esta política para a Educação a que melhor serve os interesses dos jovens?

    Quando consulto documentos produzidos na Escola e sou confrontado com expressões tais como; “sempre que a natureza e caráter da informação o exija será pela forma escrita de aviso escrito individual…”, “O pessoal docente e não docente em exercício, toma conhecimento através das “tomadas de conhecimento”” e, no mesmo documento, se lê “acta” e “ata”, AEC, aec`s e AEC`s, sigla de “actividades de enriquecimento curricular”, ou quando vejo publicado que o diretor, “no âmbito nas minhas competências delego as seguintes competências: (…) Colaborar com o Subdiretor sempre que solicitado...”, fico preocupado. Estes exemplos parecem indiciar menor preparação na produção dos documentos e, ao professor a sociedade exige que seja um bom profissional, isto é, “aquele que sabe trabalhar, aquele que se não rege por meros critérios de eficácia, que se não converte em peça de máquina. O exercício sábio da profissão leva consigo criatividade, mas exige um âmbito livre de realização e, portanto responsabilidade” (Cantista, 1984).

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    1. Relamente a Escola deveria estar mais atenta ao importante papel que desempenha num Estado que deveria ser moderno e apostar na meritocracia. Mas a realidade da Escola reflecte também a realidade do país onde os líderes são escolhidos entre os que estão menos preparados.

      Sobre a questão da linguagem utilizada nos documentos produzidos nas escolas, e de um modo geral no Estado, é uma realidade triste, que já estamos habituados.

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  2. Há dias uma Diretora de Turma, preocupada com o aproveitamento de determinada turma terá sensibilizado e solicitado autorização, diretamente ao Diretor, para a realização de uma reunião alargada com os professores da turma, com os pais e outros intervenientes. Ao que consta foi-lhe dada autorização para avançar pelo Diretor.
    No dia da reunião, com os docentes da turma presentes, com os pais e, na ausência do Diretor, eis que irrompe na sala o substituto legal deste acompanhado do Psicólogo. Reunião cancelada no imediato e, na presença dos pais e professores há que dar um grande “puxão de orelhas” aos docentes que o “dito” técnico presente e “concomitantemente se encarregava de reforçar a ponto de se ter permitido, mesmo não sendo docente, de afirmar que os professores não sabiam dar aulas.
    Qualquer “pastor” faz melhor meu Deus!

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  3. Depende de que colégio e depende dos professores, não é assim tão linear, pois se um colégio não apresentar bons resultados (e não falo de facilidades) vai sobreviver poucos anos, pois a reputação vai por água abaixo

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  4. Pois...

    O problema é que o que se oferece na maior parte dos colégios privados são facilidades para se obter bons resultados.

    E infelizmente estamos num país que se valoriza um "canudo" mesmo que em conjunto com este não seja fornecida um educação de qualidade.

    Eu conheço em particular tão bem os colégios do Porto, como os de Lisboa. Reconheço que podem existir excepções, mas de facto e na verdade, quando se realizam estudos sérios como este da Universidade do Porto fica claro que o que vende mesmo nos colégios privados é o facilitismo com o fim de se assegurar um lugar na Universidade Pública.

    Deveria-se ponderar nisto e agir.

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