Principalmente no que toca à sua aplicação aos mercados financeiros.
Esta é uma das principais conclusões de George Cooper, autor de “A Origem das Crises Financeiras” e já reconhecido como “O homem” da moderna escola dos “excessos de crédito”. Em conversa com o nosso jornal Cooper, que não é o primeiro a falar desta teoria – como o próprio afirma – afinal Minsky desenvolveu a teoria da instabilidade financeira e Jeremiahs também abordou essa temática, mostrou-se espantado por as autoridades governamentais, incluindo os bancos Centrais, continuarem sistematicamente a seguirem os mesmos passos e filosofias (muitas vezes contraditórias). Quando tudo parece estar bem deixam os mercados sozinhos; quando estamos em crise, respondem logo cortando, por exemplo, as taxas de juros.
“Eu explico no meu livro que a política monetária é necessária e útil mas se for usada muitas vezes e muito cedo em ciclos repetidos o resultado é que os ciclos económicos serão maiores e mais perigosos”, diz Cooper não deixando margens para dúvidas de que o que estamos a sofrer hoje é o resultado de um uso excessivo dessas politicas no passado.
“A nossa maior falha consiste no facto de não entendermos como o mercado do sistema financeiro funciona. Porque temos vindo a trabalhar com teorias erróneas temos vindo a tirar conclusões erradas sobre a forma de gerir e regular o sistema financeiro”, diz clarificando que tudo começa pela assunção da “eficiência dos mercados”, que de uma forma simplista diz que a procura iguala a oferta num ponto óptimo.
Ou seja assume que os preços reflectem toda a informação do mercado e (tal como sublinha o autor) que não são necessárias intervenções externas para chegar ao equilíbrio (Para quê então a existência de Bancos Centrais? Diz em tom irónico). Discordando totalmente desta “eficiência”, até porque os mercados estão envoltos em mecanismos que os levam terem booms e recessões, Cooper afirma que o problema é a forma como os mercados financeiros são financiados através de empréstimos. Algo que “reforça os ciclos de períodos alternados de expansão e recessão”.
Nesta obra, que nos apresenta a evolução da história financeira o autor apresenta os riscos de longo prazo das intervenções (que encorajam os empréstimos e que levam à criação de excessos de créditos). Não obstante afirma-se optimista a longo prazo, diz em entrevista que a solução passa hoje por criar (com cuidado) inflação através da criação de dinheiro e afirma que esta crise não é única nem pior do que outras. “Tivemos um evento muito similar ao que vivemos hoje na América nos anos 30”. Uma palavra de esperança num mundo onde as escolas de pensamento económico (tais como a dominadora escola de Chicago) defendem umas teorias, a prática, diz Cooper, prova o contrário. Isto para não falar das “preocupações” opostas, por exemplo, do FED e do Banco Central Europeu. Mas isso dava pano para uma outra entrevista.
Para já fica esta e a forte recomendação de leitura deste livro.
( in Expresso/ 21 de Março 09)
Este foi o último livro que li, totalmente actual, e impressiona a clareza como se demonstra os erros que têm sido realizados ciclicamente que nos tem conduzido a várias crises financeiras.
Também recomendo.
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