sexta-feira, 4 de março de 2011

Políticos Irrealistas

A Ministra da Educação acusa os partidos da oposição de estarem sempre a "exigir medidas de redução de despesas" mas depois "boicotam sistematicamente" aquelas em que o Governo se empenha, pode-se ler aqui.

O que está em causa é a extinção da disciplina de Área de Projecto e do par pedagógico (dois professores na sala de aula) na disciplina de EVT, bem como a limitação do estudo acompanhado. Esta medida conduziria a uma poupança de 43 milhões de euros este ano e de 120 milhões no ano de 2012, pode ler mais aqui.

A cessação do decreto do governo foi aprovado como os votos do PSD, BE, PCP e a abstenção do CDS.

É curioso que mais uma vez a irresponsabilidade política se sobreponha ao interesse do país e os nossos deputados se esqueçam que o país está atravessar dificuldades financeiras graves e que é necessário optar entre continuar a aumentar os impostos, cortar despesas ou simplesmente assobiar para o lado como se não existissem dificuldades.

Noutros tempos estas dificuldades ultrapassavam-se dando ordens para a Casa da Moeda por a circular mais moeda ainda que à custa do aumento da inflação. Hoje isso não é possível e o Governo, as autarquias e as empresas públicas tem de obter o dinheiro extra para pagar as seus défices no mercado financeiros.

Só que para isso é necessário que existam interessados com dinheiro suficiente para emprestarem as estas entidades. Se tal não acontecer um destes dias pouco importa que os nossos deputados estejam contra o corte nas despesas. Não existirá dinheiro para pagar salários dos funcionários públicos dessas empresas públicas e desse modo todos serão afectados.

Estarei a exagerar? Penso que não.

 As notícias de dificuldades financeiras das diversas intituições públicas ou do sector empresarial do Estado são cada vez mais frequentes, pelo que se poderá contar que ou de um modo realista TODOS comecem a apoiar as medidas de corte na despesa ou então começarão a aparecer os atrasos nos compromissos com os salários destes e doutros funcionários.

Ainda ontem lia no Diário Económico que a Refer estava obrigada a vender património para abater à dívida que ascende a seis mil milhões de euros. Esta medida faz parte do Orçamento do Estado aprovado com o apoio do PSD.

A Refer tem necessidades de financiamento de 800 milhões de euros, 300 dos quais para a amortização de um empréstimo que vence em Abril. Os restantes 500 milhões de euros são necessários para finaciar investimentos e para pagar os salários de mais de 3 mil funcionários.O problema é que esta empresa recentemente já não conseguiu um financiamento de 500 milhões por falta de interesse dos investidores internacionais.

Em causa poderá estar o fecho da "torneira" da banca às empresas públicas, e não só. Como se pode ler aqui, o rating desta e de outras 3 empresas públicas já é considerado "lixo".

Na realidade também a nossa autarquia atravessa grandes apertos financeiros e todos deveriam saber que a banca só aceitaria renegociar os actuais emprêstimos com um grave agravamento das condições financeiras.

O que me espanta é que no caso do Governo este está consciente da necessidade do corte da despesa, os deputados da oposição na Assembleia da República pedem cortes mas quando tem a oportunidade de os apoiar são inexplicavelmente contra e no caso da nossa autarquia o autismo é total e os responsáveis ainda não perceberam a gravidade do momento que todos atravessamos.

Será que um dia os políticos serão mais realistas e perceberão que não vale a pena realizar petições para realizar obras ou querer continuar a manter dois professores nas aulas da EVT se não existir quem esteja disposto a financiar essas despesas.

1 comentário:

  1. Caro Jorge,
    Não se compreende esta "guerra" em manter o "par pedagógico" e logo numa disciplina, apesar de todas serem importantes, que directamente não contribuiu para o "ranking". Qualquer reforma pensada para resultados a longo prazo, deveria prever na minha opinião a extinção da monodocência no 1.Ciclo do Ensino Básico, disponibilizando dois professores por turma, um para a área do raciocínio lógico matemático e outro para a área das letras e preferencialmente com formação especifica nas respectivas áreas do conhecimento. Ensinar a escrever é diferente de ensinar as operações aritméticas. Esta reforma não envolveria mais custos, tão só obrigaria a uma redistribuição dos recursos existentes dos que agora estão envolvidas nas disciplinas que o diploma previa extinguir. Também começa a ser incompreensível, que apesar dos baixos resultados obtidos, ao longo dos últimos anos a Matemática e Português, os directamente envolvidos, os professores, não se questionem sobre o resultados da sua actividade.

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