quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Estaremos todos falidos dentro de dez anos?

O último livro que li tem o título sugestivo de "Estaremos todos falidos dentro de dez anos?". O autor, Jacques Attali, é um economista francês e um escritor sobre diversos temas, incluindo sociologia e economia. Destacou-se também por ter sido conselheiro de François Mitterrand com apenas 27 anos. Oriundo de uma família judia, é doutorado em ciências económicas e licenciado pela École Polytechnique, da École des Mines, do Institut d'études politiques de Paris e da ENA.

É interessante a abordagem realizada por Jacques Attali que primeiro descreve a história da dívida pública ao longos dos últimos séculos nas várias economias mundiais, depois nomeia as principais lições que podemos retirar da história, apresenta o pior cenário para o nosso futuro próximo, mas não deixa de apresentar a sua estratégia para este problema.

Um aspecto muito interessante é como Attali considera que devem ser agrupadas as distintas categorias de despesas e receitas públicas:Orçamento Nacional, Fundo Nacional de Reparação e Fundo de Investimento Nacional.

A primeira categoria agruparia o conjunto das despesas de funcionamento que por serem do interesse das gerações actuais deveriam ser financiadas por impostos.A segunda categoria agruparia as despesas relevantes para as gerações actuais cujos encargos recaem sobre as seguintes, como as pensões de reforma e reparação de danos ambientais.A última agruparia as despesas públicas relevantes para as gerações futuras, como o investimento na educação e obras públicas.

Estas ideias não são só para a aplicação do Orçamento Geral do Estado, mas a sua leitura dá razão a algumas opções dos fortes investimentos que o governo está a realizar, como é o caso das novas escolas, das novas ferramentas tecnológicas de apoio ao ensino, da criação de parques eólicos, de produção de energia solar e das novas barragens. Mesmo aqueles investimentos adiados por pressão da oposição, especialmente o TGV, estariam perfeitamente justificados como criadores de dívida, mas de uma boa dívida.

Se do mesmo modo analisarmos como Manuel Moreira tem gasto os dinheiros públicos teremos muita dificuldade em classificar como boa dívida as despesas em festas e jantares, em auto-promoção (como na constantes "apoios" publicitários a alguns media), em processos judiciais perfeitamente evitáveis, em alguns transportes (a começar pela viatura e motorista oficial do presidente) e até em investimentos desnecessários (a começar pelas "nossas" três famosas bandeiras). Assim recomendo seriamente que os nossos autarcas eleitos leiam com atenção este livro pois dele poderão tirar bons ensinamentos para a condução de uma política orçamental mais correcta e justa para os nossos filhos.

8 comentários:

  1. Os Marcoenses infelizmente não precisam de ler o livro sugerido pelo autor do post,pois já chegaram à conclusão que estamos todos falidos.
    Falidos de dinheiro,falidos de competência,falidos de liderança,falidos de transparência e falidos do sentido da Verdade,da Honra e da Justiça.
    Ao Marco pouco falta para se transformar num cadáver nauseabundo,pois actualmente é um moribundo com a morte mais que anunciada.

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  2. Percebo a ironia mas era importante que os nossos eleitos lessem este tipo de livros para poderem perceber o que estão a votar.

    Sem cultura e competência técnica não se podem realizar as melhores escolhas e cada vez mais ouço e leio que "determinados autarcas" foram favoráveis a algumas decisões mas não sabiam o que estava a ser votado.

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  3. Senhor Jorge Valdoleiros,o senhor quer dizer que temos no Marco autarcas que votam sem terem a consciência ou o conhecimento das matérias que estão a votar?
    A ser assim,não é grave,é gravíssima a sua atitude de total e completo servilismo para com quem os tutela e de desprezo absoluto pelos interêsses dos eleitores marcoenses que juraram defender quando do seu acto de posse.
    Até a disciplina partidária,no meu entender,tem limites.O limite da Racionalidade,o limite da Dignidade pessoal,o limite da Ética.
    Cada vez interpreto melhor a velha expressão, que diz "a porca da política".

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  4. Caro amigos

    Vários autarcas vieram já a público dizer que quando votaram o contrato das Águas do Marco desconheciam o que votaram (aliás esse era um dos argumentos do executivo), outros até não viam nada mal no mesmo e depois passaram a ser contra.

    Aceitaram alterar esse ocntrato "unilateralmente" sem terem os dados todos ou uma discussão aprofundada sobre o mesmo.

    Admitem que de "contas" não percebem, mas votam nos orçamentos. Quem estiver atento na AM poderá verificar quem não sabem muitas vezes o que estão a votar. Ausentam-se da salas, a começar pela própria mesa, enquanto se discutem os pontos da agenda.

    etc, etc,...

    Nenhum desses eleitos discute realmente com a população os reais problemas da mesma, limitam-se a ir a reuniões partidárias onde aparece algum barão que vem utilizar o Marco como tranpolim para outros voos.

    São atacados, por exemplo aqui, e não são capazes de responder.

    Nem sequer tem consciência, e quem tem não admite, a situação real do município que é de falência técnica.

    Estarei a exagerar, penso que não.

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  5. Relativamente à consciencia politica e conhecimento, não dos temas agendados, mas do próprio regimento da Assembleia Municipal, tive oportunidade de testemunhar que uma sessão da Assembleia Municipal de Marco de Canaveses, durante algum tempo, prosseguiu sem a presença de qualquer dos membros da mesa presentes, nem na mesa nem na sala. No momento em que o anormal episódio ocorreu, usava da palavra um membro do executivo tendo como tema o estado das contas da autarquia.
    Quando um tema como este não é suficiente para prender a atenção até daqueles a quem incumbe dirigir os trabalhos, ...

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  6. Caro António

    Confirmo o triste episódio e só foi depois de algum burburinho provocado pela assistência que Bento Marinho interrompeu a sessão para pedir que a mesa regressasse.

    Estava-se em Ariz e era mais interessante a mesa que estava posta, só para os nossos eleitos, no andar de baixo.

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  7. Desculpem-me meter o bedelho,mas os convivas da mesa do andar de baixo eram provavelmente os seguidores da política do arroz de forno e do anho assado e convenhamos que era,em especial,muito mais reconfortante para os seus estomagos vazios e gargantas sêcas,esta última mesa que aquela que acabou esvaziada.
    É o modo de fazer política no Marco,meus amigos,que pretendem os senhores?
    Denegrir o nosso anho assado com arroz de forno e o nosso verde branco(ou tinto,também é pinga da boa)?
    Deixem-se disso,os eleitores do Marco também pouco ou, mesmo nada os preocupa,desde que tenham o prato cheio de arroz e anho assado.

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  8. O problema é que com tanta incompetência o mais provável é que comece a faltar o anho e o arroz na casa de muitos Marcoenses.

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