quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Anónimo comenta Contrato com as Águas do Marco

Recebemos este comentário a um dos posts sobre a longa historia do contrato das águas. Resolvi que merecia um maior destaque, apesar da origem anónima. Mas apesar de concordar com algumas das posições nele apresentado não deixo acrescentar alguns comentários pertinentes.

Li há poucos dias uma referência de alguém que não tenho o gosto de conhecer, de Marco de Canaveses, que se congratulava com uma possível decisão governamental, sobre a uniformização do preço da água no país. É natural e lógico que alguém que usufrua de um bem-neste caso água- fique satisfeito quando o custo de qualquer produto se torna mais barato, pois ganha o orçamento familiar. Mas em boa verdade para 85% da população marcoense, essa medida em nada concorre para a sua felicidade, pois toda esta população não tem água a cair nas torneiras das suas residências!!! Por esta razão, torna-se urgentíssimo que os responsáveis políticos -são mesmo esses- de todos os quadrantes meditem nesta situação, que terá de ser tratada a nível nacional, pois ao nível local já todos entendemos que o caso não tem solução.

Comentário:
Percebo a sua perspectiva, mas se podemos vir um dia a ter a uniformização do preço da água no país, talvez compensando algumas regiões onde os custo unitário de obtenção desse bem seja mais elevado à custa das outras regiões. Mas o problema das "águas e saneamento" do nosso concelho continuará a unicamente poder ser resolvido localmente. Este contrato foi assinado pelos eleitos dos Marcoenses, foi igualmente alterado por outros eleitos  e terá por consequência cumprido e respeitado até "alguém" negociar melhores condições.

Pensando que posso viver, ainda mais trinta anos, perdi a esperança de poder usufruir desta regalia social, bem como do saneamento básico, cuja falta põe em causa a saúde pública da grande maioria da população marcoense, onde me incluo, como se percebe.

Imagine-se o estado de espírito das populações das freguesias Marcoenses confinantes com freguesias dos concelhos de Amarante, Baião e Penafiel.
Lembrar o poema de solidariedade com Moçambique, que dizia.”Tanta água nos separa, tanta água e basta em passo….”

Ora vejamos, p.e. as freguesias de Banho e Carvalhosa, Santo Isidoro, Constance e Toutosa. Não são separadas das freguesias de Amarante por” tanta água” mas apenas por meia dúzia de passos e do outro lado da estrada que delimita o concelho, há tanta água!!! Meu Deus|

Perante este cenário, é legitimo que as mesmas populações se interroguem. Então, ali o senhor José e seus familiares, tem água a seis passos da minha casa e eu não, por quê?

Comentário:
Também posso responder. É o que o senhor José e os seus conterrâneos souberam escolher melhor os seus eleitos. Quantas vezes os meus amigos de Amarante se riram de mim dizendo que eles eram bem mais espertos que os Marcoenses. Quando tentaram com eles a receita "populista", o resultado foi o que foi. E veja-se que mesmo depois de uma derrota pesada em Amarante, Avelino Ferreira Torres veio obter ao Marco um excelente resultado. E não podemos esquecer que trocamos Avelino Ferreira Torres por Manuel Moreira que ao seu lado tinha e continua a ter um grupo grande de apoiantes do anterior Presidente.

Não sou português, não pago os meus impostos como ele? Então porque razão não tenho direito às mesmas condições de vida? É ou não um assunto nacional? Deve o governo intervir ou não? Responda quem souber, por mim era de intervir e depressa.

Comentário:
Tem os mesmos Direitos, e o principal deles foi utilizado pelos Marcoenses várias vezes mal. O Direito de Voto. O Governo não pode, nem deve intervir. Quem tem que intervir são os Marcoenses. Faça como eu, identifique-se e venha para aqui lutar contra esses detentores do poder. Não se esconda e venha assistir (até de madrugada) às sessões da Assembleia Municipal ou do Executivo da Câmara Municipal. Lute. E na primeira possibilidade não vote nos candidatos apresentados pelo CDS ou pelo PSD, pois já vimos qual a receita destes dois partidos. Tem já uma oportunidade nas próximas presidenciais, se Cavaco Silva tiver um grande derrota no nosso concelho será uma mensagem que passamos por actuais eleitos Marcoenses.


Que culpa temos de contratos para os quais não fomos tidos nem achados e que nos colocam ao nível das mais atrasadas regiões Africana?

Comentário:
Os nossos representantes, os eleitos dos Marcoenses para a Câmara Municipal e para a Assembleia Municipal, foram tidos e achados. E não se espante, mas uma enorme maioria apoiou esses contratos. E até existem políticos que agora estão contra mas que na altura nada viram de mal nos contratos. Se tiver memória recordar-se-á que na altura da assinatura desse contrato o CDS e o PSD estavam em “conversações” para as criação das listas autárquicas no Distrito do Porto, nomeadamente para o concelho de Marco de Canaveses.

Quando muito recentemente li e ouvi falar da criação do concelho de Alpendurada, a maioria da população do concelho (penso eu) discordou, como eu, dessa hipótese, meramente académica.Todavia, perante a realidade que vimos focando, não será legítimo que as populações das freguesias confinantes com os concelhos limítrofes, que desfrutam de melhor qualidade de vida, possam pensar em integrar esses mesmos concelhos?

Comentário:
Não iria resolver o problema do contrato pois ele dá a exclusividade da exploração dos serviços de águas e saneamento à empresa Águas do Marco à totalidade do actual território do concelho.

Se Alpendurada reclamava uma boa parte das freguesias do Município, ás restantes também lhes assiste o direito de escolher o melhor e o melhor está alí tão perto!

O Marco nasceu da fusão de outros concelhos, que tiveram o seu fim, por força da reforma Administrativa que se impôs e justificava naquela época.

Com certeza que também houve constrangimentos e discórdias, como sempre acontece quando se alteram situações enraizadas, veja-se na actualidade o fecho das escolas primárias. (era assim que se dizia no meu tempo)

E agora, se é verdade o estado de insolvência da Câmara Municipal, não poderá o concelho ser integrado noutros, se as condições de vida das populações se alterarem para melhor? E porque não um referendo?

Comentário:
Será que as outras populações querem pagar a nossa dívida? Penso que não. Os nossos problemas terão que ser resolvidos por nós. Existe a possibilidade de migrar para outros concelhos ou países. Mas não é isso que já acontece.

É que este não deve ser usado só para abortos, casamentos gay e outras patetices, que por aí abundam. Vamos a isso, carago!!!

A interrogação fica no ar, responda quem souber.

2 comentários:

  1. Senhor J.V.
    Sinto-me honrado com o excelente comentário que faz ao meu ponto de visto, porquanto há muito que o aprecio.Também fico feliz, porque não discorda da minha visão, sobre o assunto.
    Voltarei, anonimamente a este assunto e com humildade,darei a réplica possivel, sabendo de antemão que não posso ombrear com a capacidade de análise do meu ilustre interlocutor, mas continuo a pensar, que a intervenção governamental é importantíssima e urgente, pois esta situação é intolerável e o governo teve já intervenções" em males menores".O anonimato manter-se-á, pois não quero e não espero ser considerado como alguém que precise de "notariedade". já lutei e luto( ou não?) pelas coisas do Marco.Um abraço e até breve.

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  2. Uma coisa tenho certeza. O Governo, este ou outro qualquer democrático, nada pode fazer neste caso. Existe uma autonomia do poder local e existem leis que não podem ser ultrapassadas.

    Mas, principalmente, se o Governo apoiasse a autarquia como um injecção financeira, que é o que ela mais necessita neste momento, teria dezenas ou até as duas centenas de municípios a exigirem o mesmo tipo de apoio para ultrapassar as diversas dificuldades que cada um deles atravessa.

    Interferir na decisão da justiça é impossível. E não podemos esquecer que os recursos iriam até às mais altas instâncias europeias.

    É preciso sensatez, competência, muita humildade e capacidade de liderança para inverter a rota para o desastre.

    Mas é preciso, sobretudo, que todos os Marcoenses percebam que estas questões já não são só políticas mas de sobrevivência do município e para isso é necessário que na próxima oportunidade seja escolhida uma equipa que possa revolucionar todo município para que esta rota possa ser invertida.

    E isto só os Marcoenses o poderão fazer.

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