Assisti em directo pela televisão ao discurso do líder do PSD e estava à espera de um reacção ao forte contra-ataque que o PS e José Sócrates lhe fizeram nos últimos dias. Certo que a assistência não passava de uns JOTAS, em que Pedro Passos Coelho se podia reconhecer, mas que não fazem a mínima ideia de como governar a própria vida quanto mais governar a vida dos outros. E talvez por isso não possa dizer que tenha ficado totalmente surpreendido.
Vi o principal líder da oposição a fugir dos principais temas que ele próprio tinha trazido à ribalta política.
Começou por deixar cair a sua primeira medida, a mais emblemática e aquela que tinha definido como a mais prioritária, a Revisão Constitucional.
Continuou com o mesmo Ultimato ridículo de não aprovar o Orçamento Geral do Estado e a condicionar uma resposta até 9 de Setembro. Recordo que essa é a data limite para o Presidente da República dissolver a Assembleia da República. Não se percebe a quem incomoda mais esta ameaça se a José Sócrates, que deve estar a rir-se dela, ou a Cavaco Silva que a última coisa que quer é ser responsabilizado por mais uma crise política.
De qualquer modo as condições do Ultimato já não são o que eram. Até poderia aceitar cortes nos benefícios fiscais logo que fossem nos escalões superiores do IRS. Talvez tenha recebido um puxão de orelhas de alguém.
Continua a não dizer onde pode cortar nas despesas. Ou mais correctamente anuncia uma única medida, que era copiar o Governo Britânico e pôr os Ministros a andarem de boleia, de bicicleta ou de transporte públicos. Manuel Moreira suspirou de alívio pois Pedro Passos Coelho não falou dos Presidentes das Câmaras.
E o que mais me impressionou pela negativa foi trazer para o centro da discussão política o BPN.
Não estava a acreditar no que ouvia.
Se o PS, ou alguém próximo dos socialistas, neste momento fosse lembrar que os principais responsáveis por este grave caso que ocorreu num banco privado em que desapareceram milhares de milhões de euros foram exactamente militantes sociais-democratas, ex-governantes sociais-democratas, um Conselheiro de Estado e ex-dirigente social-democrata e onde o próprio Presidente da República se vê envolvido seriam acusados de tudo e mais alguma coisa. Assim ou Pedro Passos Coelho quis devolver algum recado para Belém ou então deu um valente tiro no pé.
A política tem esta coisas, para um interessa a estabilidade do Governo de José Sócrates para ganhar as presidenciais, para outro estar parado até passar as presidenciais pode ser demasiado tarde para se manter à frente do partido.
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