Assisti no programa BBC Hardtalk a um debate interessante sobre a situação da Irlanda, onde se falou muito sobre o que se poderá passar em Portugal ou em Espanha em breve. Falou-se também dos comportamentos dos vários países que pertencem ao Euro e que consequências poderão ter esses comportamentos.
Mas uma frase, que pode ser ouvida aqui, fez-me refelctir nesta e noutras situações. Cristine Lagarde, Ministra Francesa das Finanças, afirma que existem "sanções para aqueles que não cumpram as regras e que ponham os restantes em perigo" e ainda que "se pertencemos a um clube não significa que podemos escapar às regras do clube, uma vez que se entre, entra-se com o entendimento que todos os membros do clube estão juntos neste empreendimento".
Em vésperas da discussão na Assembleia Municipal do Orçamento para 2011 assistimos à "boa vontade" de Manuel Moreira em ouvir os partidos antes de apresentar o respectivo orçamento. Nada que não fosse já devido e suspeito que só o estará a fazer por causa da situação financeira em que a Câmara se encontra. Virgílio Costa já tinha defendido esta opinião aqui no Marco 2009.
O que não se percebe é se vai ser apresentada a execução orçamental do ano de 2010 como a lei o exige para que todos os deputados municipais quando forem votar o Orçamento para 2011 estejam conscientes do ques estarão a fazer.
São regras de quem pertence a um clube que tem que ser sempre cumpridas.
Outras regras que no passado, mais ou menos recente, não tem sido cumpridas é o equilíbrio financeiro nas contas da câmara, o cumprimento de regras contabilíticas e orçamentais (as piores situações, na minha opinião prendem-se, com a falta de registos contabílisticos de dívidas, incorreções graves nas provisões e amortizações incorrectas), o funcionamento da gestão de existências, da gestão de imobilizado e da contabilidade de custos, entre outras situações menos graves.
Para se chegar a estas conclusões só é necessário ler os documentos de prestação de contas que tem sido aprovados nos últimos anos.
Outra regra que ainda não foi entendida pelos Marcoenses em geral e pela maioria dos autarcas eleitos é que o Município já foi ajudado uma vez e que deveria nos últimos anos ter corrigido os erros de gestão anteriores e segundo as regras do clube não poderá ser ajudado de novo. E se empresas e países vão à bancarrota quando apresentam situações líquidas negativas nos seus balanços, também os Municípios poderão entrar em bancarrota.
Para quem não sabe o significado de bancarrota é "cessação de pagamento" ou "declaração expressa ou implícita de insolvência".
Caro Jorge Valdoleiros
ResponderEliminarHoje,a Câmara Municipal é o maior empregador do concelho e considerando o valor total do seu orçamento é com toda a certeza também a "empresa" com o maior volume de verbas envolvidas na sua gestão.
E aqui,é que a porca torce o rabo,pois nenhum marcoense correctamente informado poderá conceber e aceitar,que a maior "empresa" do concelho,não tenha uma organizada gestão de stocks e também não tenha organizado um serviço de contabilidade de custos,para não falarmos de outras falhas graves no controlo da sua gestão.
Gerir dinheiros públicos,os impostos e contribuições pagos pelos contribuintes marcoenses e não só,impôe uma atitude mais rigorosa,mais transparente,de maior competência profissional,que gerir os nossos próprios dinheiros ou bens.
Todos conhecemos,mas não deveremos aceitar,o habitual laxismo dos organismos públicos na gestão da coisa pública e dos seus dinheiros.
A responsabilidade moral perante os eleitores,não termina no dia das eleições,após a vitória ou a derrota.
Como todos sabemos a maioria dos políticos não estão lá para servir a coisa pública,mas sim para dela se servir.
Raramente estou em sintonia com Cavaco Silva,mas tenho que aprovar e aplaudir as suas palavras,quando muito recentemente criticou e alertou para a má imagem da maioria da classe política.E ele bem sabe do que fala.
Espero que as suas palavras não caiam em saco roto e aguardemos para ver o seu efeito,começando pelo nosso Marco.