Considerei que seria importante dar algum destaque à resposta a um comentário a este meu post, até porque considero que será também importante divulgar o referido post da Seara da Verdade sobre o mesmo tema.
Caro amigo "Seara"
Mas as questões ambientais não são sobretudo questões políticas?
Mas alertado por si li o artigo referido e em muitos do pontos que lá são referidos eu assinava por abaixo. Mas existem algumas questões sobre as quais eu tenho algumas reservas:
Primeiro, sobre a protecção legal das florestas eu penso que existe muita legislação, o que pode não existir de todos nós é responsabilidade cívica de cumprir essa legislação. Não podemos, tal como noutra matérias, dizer que a responsabilidade é exclusiva dos tribunais, ou da polícia, ou das autarquias, ou como o português gosta só dos políticos.
Dou-lhe um exemplo, neste caso recente, de presumível fogo posto, em que um Marcoense em estado de embriaguez pega fogo ao mato a caminho da sua casa provocando com isso um incêndio, onde está a responsabilidade. Na justiça, no policiamento, nos políticos, ou antes no "taberneiro" que lhe vendeu álcool até ele chegar aquele estado (acto aliás ilegal), ou dos outros clientes que deixaram que o alcoolizado e o "taberneiro" não cumprissem a lei? Eu sei como é, um olhou para o lado, até porque estava a facturar, os outros consideraram que nada tinham a ver com isso (obviamente que não tenho a certeza dos factos terem sido assim, mas suspeito).
Depois eu não tenho tanta certeza que 99% dos incêndios tenham mão criminosa. Aliás, porque é que existem mais incêndios quando temos uma vaga de calor, isso motiva os criminosos? Obviamente que não.
Tenho também reservas sobre as críticas à justiça e atribuir directa ou indirectamente culpa aos políticos (sobretudo aos governantes). Pois quando se realizam essas críticas esquece-se que existem três poderes independentes em Democracia: O legislativo, o executivo e o judicial.
De facto a floresta dá milhões, uma das maiores exportações portuguesas é a pasta do papel e derivados. E acredite ou não essas florestas exploradas por empresas privadas até não tem assim tantos incêndios. Na minha opinião porque a gestão florestal desses activos é bem feita. Sei disso porque conheço bem, por motivos profissionais, esse sector empresarial.
Agora naquilo que estou cem por cento de acordo consigo é que recentemente a nossa floresta foi invadida por eucaliptos, espécie de origem australiana (salvo erro), unicamente por interesses económicos. E não podemos esquecer que logo na primeira dinastia portuguesa a nossa floresta mediterrânica foi fortemente substituída pelo pinheiro bravo (que também é um recém chegado à nossa floresta).
Outra dúvida que eu tenho é se os métodos de combater os fogos em Portugal ou nos Estados Unidos, Canadá ou Austrália não terão mesmo de ser diferentes. Parece-me que combater fogos em área que tal com o diz com imensos caminhos e estradas, com áreas populacionais muito próximas e com densidades florestais que até não são muito grandes, será muito diferente de combater os fogos em algumas zonas florestais dos países que mencionou. Desses, o país que conheço bem é o Estados Unidos e em particular as Montanhas Rochosas parece-me que a morfologia do terreno, a própria floresta e os tipos de acessos serão muito diferentes dos nossos. Nesta aspecto até considero que os nossos Bombeiros são bastante profissionais.
Mas não podemos esquecer que Portugal é um país pobre que desde meados do século XVIII praticamente parou no tempo, teve governantes péssimos e políticas extremamente erradas. Na minha opinião as maiores de todas foram a perseguição e expulsão dos Judeus, a entrega quase na totalidade da educação à igreja católica (enquanto na Europa a educação caminhava rapidamente para o ensino laico), a fuga da corte para o Brasil e por consequência a submissão da maior parte dos nossos interesses a estrangeiros, não esquecendo 48 anos de uma política de "orgulhosamente sós", ou se preferir de "fado, fátima e futebol" que nos colocou definitivamente na cauda da Europa.
E por isso temos que ser razoáveis e não querer fazer tudo ao mesmo tempo, mas sobretudo ter prioridades. Ou se fazem estádios (como o actual Estádio Municipal) ou se investe em infraestruturas (como as da água e saneamento básico).
O dinheiro não é elástico e no fim é sempre o contribuinte que tem de pagar a factura.
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