segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Uma escola que fecha mata uma aldeia ou acelera o inevitável?

Este artigo que pode ser lido no Público, merece uma leitura e uma posterior reflexão sobre a pergunta que é colocada.

João Ferrão, investigador da Universidade de Lisboa e ex-secretário de Estado do Ordenamento do Território, alerta que fechar uma escola do Ensino Básico, em determinadas circunstâncias, pode ser o suficiente para matar uma aldeia.

Acrescenta que "Podemos sempre dizer que o encerramento da escola só acelera a morte do lugar, porque a falta de crianças se encarregaria de conduzir ao mesmo resultado em poucos anos. Mas isso só é verdade porque há muito que o Poder abandonou por completo o mundo rural".

Jorge Pulido Valente, hoje presidente da Câmara de Beja, diz que "há anos que luta para manter vivo um território que está no limiar da ruptura por falta de população" e reivindica que "como presidente de câmara de Mértola cheguei a promover o fecho de algumas escolas, mas para fortalecer localidades vizinhas rurais".

Francisco Lopes, presidente da Câmara de Lamego, o município que vê fechar o maior número de escolas 21, diz que "daqui a 10 anos os centros escolares que agora estamos a construir serão grandes demais - esse é o drama".

O que considero interessante é que se ler e reflectirmos na opinião dos próprios presidentes da Câmara o problema não é o fecho da escolas, mas o abandono do mundo rural e a fuga para as grandes cidades. Não será de certeza ao ignorarmos este importante factor do problema que vamos encontrar a solução.

Mas o que não percebo mesmo é como existe um presidente que admite que está a realizar investimentos, pequenos elefantes brancos, que daqui a 10 anos estarão sobre dimensionados. 

O mapa administrativo deve ser alterado?

Numa área em que a densidade populacional já não justifica uma extensão do centro de saúde e uma escola, faz sentido ter uma junta de freguesia?

Estas perguntas que também são colocadas noutro artigo do Público e que já se tem discutido em alguns meios políticos mais responsáveis são bem demonstrativas dos muitos erros que se tem realizado nas últimas décadas pelo país fora em grande parte porque se tem medo de debater verdadeiras reformas a nivel do Poder Local, não se vá ofender alguns "baronetes".

2 comentários:

  1. Caro Jorge Valdoleiros,
    Na minha opinião, ao longo dos anos, só se fala de educação quando são publicadas as notas das provas globais e de acesso ao ensino superior, dos alunos terminam o 2.º e 3.º Ciclos, respectivamente. Apesar das várias reformas, os resultados registados não são animadores, provavelmente, reflexo do pouco investimento feito no 1.º CEB, onde, salvo melhor opinião, nos dias de hoje não faz sentido manter a mono-docência.
    Manter escolas com menos de vinte alunos e com quatro anos de escolaridade, é promover o insucesso e abandono precoce da escola.
    Criem-se condições para que as pessoas se fixem nas aldeias, e algumas das escolas que hoje fecham podem voltar a abrir.
    Não me parece que o problema da desertificação do mundo rural seja o fecho da Escola, esta só fecha, provavelmente a última instituição a encerrar, porque não foram criadas condições que permitam às populações fixarem-se.

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  2. E quem devia ter a responsabilidade por ter tido o dinamismo para criar as condições para que as populações, sobretudo os jovens adultos, se fixassem na "aldeia" é talvez o primeiro a culpar todos os outros pelo fecho da escola.

    É uma atitude muito portuguesa.

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