segunda-feira, 23 de maio de 2011

Formas estranhas de criar emprego, por O Jumento

Ler na íntegra aqui no blog O Jumento.

É verdade que a longo prazo a liberalização do mercado de trabalho pode gerar emprego, mas prometer reduzir o desemprego num horizonte temporal de curto prazo facilitando o despedimento é tentar enganar os eleitores[...]

É verdade que a médio e longo prazo a redução das contribuições para a Segurança social poderão criar emprego, ao reduzir os custos do factor trabalho funciona como um estímulo ao investimento. Mas também é verdade que nenhum dos muitos desempregados encontrará emprego nos próximos meses graças a esta redução, aliás, por força da contracção da procura em consequência do aumento dos impostos sobre o consumo para compensar as despesas financeiras da redução nas contribuições é muito provável que sejam muito mais os que perdem o emprego devido à contracção da procura do que os que o encontram em consequência do aumento do investimento. Leva muito menos tempo a encerrar uma empresa que faliu por quebra da procura dos seus produtos do que a criar emprego com um novo investimento que levará muitos meses a ser concretizado.

Combinando as duas medidas poder-se-á dizer que as empresas penalizadas pela quebra do consumo aproveitar-se-ão da liberação dos despedimentos para despedir empregados. As duas medidas combinadas poderão criar emprego a longo prazo, mas a curto e médio prazo gerarão muito desemprego e nada nos garante que o saldo seja positivo. Além disso, ambas as medidas contribuem para a recessão, traduzir-se-ão numa redução dos impostos e contribuições ao mesmo tempo que aumentarão as despesas sociais, a consequência disso serão novos aumentos de impostos para manter os objectivos do défice e ao mesmo tempo pagar a dívida externa[...]

Os únicos beneficiados com esta redução são os grandes empregadores que transferirão as reduções nas contribuição directamente para os lucros, um ano depois o dinheiro que os portugueses pagaram em aumentos do IVA sobre produtos básicos será transferido para dividendos dos accionistas da PT, da EDP, dos Bancos, da SONAE, do Pingo Doce e de outras empresas que exploram um mercado onde a a concorrência é tão escassa que nem faz sentido falar de competitividade[...]

Não acredito nestas propostas e penso ser uma grande desonestidade intelectual a sua apresentação com o argumento de que vão aumentar o emprego.

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