terça-feira, 10 de maio de 2011

Verdade e Rigor (Desemprego)

"Pior taxa de desemprego dos últimos 90 anos" é uma afirmação realizada hoje num comentário deste blog mas que foi dita originalmente aqui, pelo cabeça de lista dos candidatos a deputados de Lisboa do PSD, Fernando Nobre, que deveria ter consciência da grande asneira que dizia.

Esta frase é de uma total falta de verdade e de rigor.

Primeiro porque em rigor só existem registos da taxa de desemprego desde 1983, isto é há 27 anos, como se pode ler aqui.

E se este candidato do PSD tivesse memória poderia lembrar-se como era Portugal nos anos 60, como não tem apresento este pequeno texto retirado da Wikipédia para lhe avivar a memória a ele e a muitos outros portugueses.

"No fim da década de 60, Portugal era um dos países com um rendimento per capita mais baixo da Europa, significando que possuía uma mão-de-obra barata e que muita gente vivia da agricultura de subsistência, que não é geradora de rendimentos, embora tal não signifique que existisse desemprego real, ou que não houvesse produção abundante de alimentos. Havia contudo fortes desequilíbrios regionais em Portugal, com as cidades (principalmente as que ficam junto ao litoral) a expandir-se e a beneficiarem do crescimento económico, e as zonas rurais a continuarem a não se desenvolver ao mesmo ritmo, apesar do crescente número de vias de comunicação e outras infra-estruturas (rede eléctrica, etc.) que nelas iam sendo construídas. O atraso no desenvolvimento das zonas rurais, aliado ao súbito aumento da população a chegar à idade adulta (provocado pela melhoria das condições de saúde e pela diminuição da mortalidade infantil), fez com que se verificasse um excesso populacional e uma certa aversão ao atraso que se vivia nos campos, o que levou quase 2 milhões de pessoas, na grande maioria delas oriundas das zonas rurais, a emigrar ou para as cidades que então estavam a crescer, ou para o estrangeiro, principalmente França, Estados Unidos da América, Canadá e Alemanha (entre os que emigraram para o estrangeiro, contavam-se também muitos jovens que desejavam apenas fugir ao cumprimento do serviço militar em África)".

Outro facto indiscutível é que a somar aos desempregados e a todos aqueles que forma obrigados a emigrar temos 148.000 militares mobilizados "como voluntários" para a Guerra Colonial Portuguesa entre 1961 e 1974 (Fonte: Wikipédia).

A agravar toda essa situação recordo os mais esquecidos, ou a todos os que nasceram depois do 25 de Abril, que não existiam subsídios de desemprego ou rendimentos mínimos assegurados para todos portugueses.

Penso que não é preciso dizer mais sobre as falsidades desta afirmação.

3 comentários:

  1. Parece-me que recorrer à memóra dos anos 60 para comparar o estado da nação aos dias de hoje diz bem o estado a que este governo nos levou.
    A agravar toda esta situação estão todos os hipotéticos empregados nas formações ridiculas que o governo oferece para quantificar e aumentar o nível de escolaridade em Portugal.

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  2. Caro João Moura

    Vamos mais uma vez ser verdadeiros e rigorosos.

    O que está em causa neste post é mais uma mentira que reapareceu num comentário a outro post ontem e que teve origem numa afirmação de Fernando Nobre (cabeça de lista do PSD por Lisboa).

    E recordo que Fn disse e cito "Pior taxa de desemprego dos últimos 90 anos".

    Eu poderia ter utilizado muitos argumentos mas limitei-me a apontar dois, que repito sucintamente:

    1) Só existem registos há 27 anos;

    2) FN deveria lembrar-se como foram os anos 60 e inícios de 70 que além dos jovens que foram obrigados a ser "empregados" numa Guerra, muitos outros jovens e menos jovens tiveram que emigrar para esse mundo fora.

    Eu lembro-me desse período negro da nossa história e ao contrário de hoje de inteira responsabilidade dos governantes do Estado Novo e que julgo importante que os Portugueses de hoje se recordem.

    Sobre o novo argumento que a culpa do desemprego é dos hipotéticos empregados nas formações ridículas que o overno oferece, eu vou recordar o que ouvi ontem no Prós e Contras a propósito de mais uma triste intervenção de Eduardo Catroga.

    A escolha dos cursos, das formações, das vias de ensino NÃO TEM QUE SER IMPOSTAS PELO ESTADO.

    Os Portugueses tem direito a escolher se querem ter um curso ou formação ridícula, o tempo da diatdura acabou no 25 de Abril.

    Certamente existirão portugueses que escolheram uma formação menos adequada para o actual mercado de trabalho, mas imputar responsabilidade ou dizer que cabe ao governo "forçar" os portugueses a esta formação ou a outra não é atitude dos nossos tempos.

    Depois em termos gerais e ao contrário dos tempos de Salazar e outros seus seguidores que governaram mais recentemente, José Sócrates investiu em escolas (ainda recentemente o nosso concelho foi bem favorecido por isso e só não existe mais investimento por culpa do nosso executivo camarário), investiu em formação em novas tecnologias, na aprendizagem no inglês, entre outras acções.

    Incrementou como nunca antes o apoio às famílias menos favorecidas (ésses programas são das responsabilidade do governo ao contrário que tem sido dito por ai).

    Apoia a deslocação dos estudantes para as suas escolas, etc.

    E os resultados estão ai. E não é por facilitismo, são análises europeias que o comprovam. E a maior prova disso é que hoje os nossos emigrantes são licenciados, mestrados e doutorados bem aceites no estrangeiro, ao contrário dos anos 60 onde o emigrantes geralmente tinha habilitações muito baixas.

    Uma boa razão para votar em José Sócrates, é para manter estes apoios à ESCOLA PÚBLICA.

    Se pretender acabar com este sistema e voltar aos anos 60 onde só os ricos é que tinham garantida a educação, vote noutros mas com a consciência do erro grave que fará para o futuro dos nossos filhos.

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  3. A que triste figura chegam os homens.Para que lhe havia de dar a este Nobre.Patacoadas em cima de patacoadas.
    Então o doutor consegue tirar estas brilhantes conclusões,como esta afirmação da actual taxa de desemprego ser a maior dos últimos 90 anos,quando só há registos desde 1983 ou seja há 27 anos.
    Olhe meu caro doutor,afinal já se resolveu,sempre fica como deputado ou não,no caso de não ser presidente da AR.
    Como não lhe chegasse a incoerência revelada nesse assunto,esforça-se agora também por demostrar a todos a sua ignorância sobre factos concretos da História do seu País,com a agravante de terem sido proferidas por este arrivista da política,que quer ser SÓ o futuro Presidente da AR.
    É bem verdadeiro o ditado que diz "Água benta e presunção,cada um toma a que quer".

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