sábado, 20 de março de 2010

A Ânsia de Protagonismo Social

O texto foi-me enviado por um leitor devidamente identificado, mas que prefere ficar anónimo para não ter que responder em nenhum processo judicial. O blog Marcoense com Nós sugere que se alguém se sentir ofendido deve processar o autor original do texto. Para não confundir o pai com o filho postamos também a sua fotografia.

Qual o sentido de tamanha azáfama neste mundo? Qual a finalidade da avareza e da ambição, da perseguição de riqueza, do poder e da proeminência? Satisfazer as necessidades da natureza? O salário do mais humilde trabalhador pode satisfazê-las. Quais serão então as vantagens desse grande objectivo da vida humana a que chamamos melhorar a nossa condição?
Ser observado, ser correspondido, ser notado com simpatia, complacência e aprovação, são tudo vantagens que podemos propor-nos retirar daí.
O Homem Rico compraz-se na sua riqueza, porque sente que ela faz recair as atenções do mundo sobre si.
O Homem Pobre, pelo contrário, envergonha-se da sua pobreza. Sente que ela o coloca fora do horizonte dos seus semelhantes.
Sentir que não somos notados representa necessariamente uma desilusão para os desejos mais candentes da natureza humana.
O Homem Pobre sai e volta a entrar despercebido, e permanece na mesma obscuridade, seja no meio duma multidão, seja no recato do seu covil.
O Homem de Nível e Distinção, pelo contrário, é visto por todo o mundo. Toda a gente anseia por vê-lo. As suas acções são objecto de atenções públicas. Raro será o gesto, rara a palavra que ele deixe escapar que passe despercebida.

Excerto da obra de Adam Smith “Teoria dos Sentimentos Morais”

1 comentário:

  1. Excelente post,com um conteúdo mais actual que nunca.
    São homens como Adam Smith e o nosso Eça de Queirós,que com uma arguta visão da sua sociedade contemporânea,nos deliciam com obras literárias imortais,exactamente pela análise perfeita da Humanidade.
    Atrever-me-ia a ressuscitar quer um,quer outro,só para ter o prazer de ler as suas análises literárias sobre determinadas espécimes humanas que temos cá pelo nosso Marco.

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