segunda-feira, 8 de março de 2010

Depois das Eleições

Depois de uma campanha eleitoral animada, a grande vantagem de qualquer eleição democrática é a do Povo sair, finalmente, da sala de estar dos políticos. É uma sensação de alívio que alguns eleitos descrevem como semelhante ao momento em que uma dor intensa, por qualquer razão obscura, termina.

Depois de qualquer eleição a sensação dos políticos – quer tenham perdido, quer tenham ganho – é a de que o Povo mais profundo acaba de entrar todo num comboio, dirigindo-se, compactamente, para uma terra distante. Esse Povo voltará apenas, no mesmo comboio, nas semanas que antecedem a eleição seguinte.

Esse intervalo temporal é indispensável para que o político tenha tempo para transformar, delicadamente, o ódio ou a indiferença em nova paixão genuína.

Excerto extraído do “O Senhor Kraus” de Gonçalo M. Tavares

Enviado para nossa reflexão por um leitor anónimo

3 comentários:

  1. Caro Jorge Valdoleiros,
    O “Carnaval no Brasil”, na minha opinião, deve parte do seu sucesso à execução de um plano de trabalho concebido atempadamente. Tanto quanto sei, a preparação do próximo evento começa no momento em que acaba o desfile.
    Tivessem os nossos responsáveis políticos, a qualquer nível, postura similar, e não seria necessário que esses mesmos responsáveis, dias antes do acto eleitoral, apelassem, dramatizando, à participação dos eleitores. Ora, os leitores já interiorizaram que só são lembrados e conhecidos umas semanas antes das eleições, para voltarem a ser esquecidos umas horas depois.
    Assim, contrariamente ao “Carnaval”, as eleições são cada vez menos mobilizadoras, lamentavelmente,como refletem os números da abstenção.

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  2. Não fui o responsável do post, mas concordo com o seu teor em parte e com a observação de António Ferreira totalmente.

    Na questão do post ainda sou daqueles que existem alguns eleitos que não se esquecem de quem os elegeu.

    Sobre o Carnaval, vou mais longe, deve "todo" o seu sucesso à execução de um plano de trabalho concebido atempadamente. E para que não sabe a Escola de Samba que venceu este ano o Carnaval no Rio é liderada por um português. Para variar lá fora mostramos o nosso valor aos outros e cá somos tão pouco valorizados.

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  3. Totalmente de acordo com a reflexão de António Ferreira,sobre a essência do post colocado pelo Jorge Valdoleiros.
    Verdadeiramente o autor,Gonçalo M.Tavares,faz uma correcta análise da postura pós-eleitoral, da larga maioria dos nossos políticos.
    É óbvio que há honrosas excepções,mas que, pelo que depreendo com o passar do tempo,é espécie condenada à extinção.Chamo-lhes os "Poetas da Política".
    Geralmente são cidadãos sem tiques partidários,íntrinsecamente comprometidos com a Democracia,defensores da Liberdade,da Fraternidade,da Igualdade Social,que estão na política de mãos limpas,não ambicionando mais do que lutar pela concretização dos seus ideiais.

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