quarta-feira, 13 de julho de 2011

Clarificação

O debate de ontem entre os dois candidatos a Secretário-Geral do PS teve um momento que me ajudou a clarificar ainda mais as posições de ambos em relação a um assunto que me preocupa e que, felizmente, tem estado no centro do debate: organização interna do partido. Sobre a proposta de Francisco Assis para que se pense a participação de simpatizantes, ouvi o seguinte:

Seguro – Isso mata o debate político.
Assis – Não mata nada.
Seguro – Temos de valorizar o debate no PS para trazermos mais pessoas.
Assis – A militância não é só de dois em dois anos ou de quatro em quatro anos. Não pode existir só uma lógica de arregimentação.
Seguro – Não denigras o PS.
Assis – Quem és tu para dizer isso?
Seguro – Olha, se eu ganhar contarei com o teu contributo.
Assis – Eu também, mas a questão de fundo é que há no PS sítios onde as coisas funcionam muito mal, com uma espécie de passageiros clandestinos.


Assis toca no ponto. Os militantes tendem a considerar-se uma elite e esta proposta de discussão que a moção de Francisco Assis lança pode ser, se bem direccionada e se for beber aos bons exemplos, uma definitiva revisão até do papel dos partidos na sociedade. Falar disto é fácil, fazer a mudança já exige um grande líder e muita coragem. Reacções como a de AJS serão muitas...

5 comentários:

  1. Sou militante do PS, concordo com a integração dos independentes, mas não estou de acordo com a forma em que são integrados, ao fazerem parte dos órgãos sociais do partido devem pagar a sua quota como pagam os militantes, não precisavam de ser inscritos como militantes, seria criada uma forma a que pudessem contribuir com esse valor.

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  2. Dizendo doutra forma, criar-se-ia tipos de militantes,como p.e.:
    Ordinários-Quota obrigatoria
    Simpatizantes 1/2 quota, obrigatória
    Independentes:Quota voluntária s/ valor fixo.

    Observador

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  3. camaradas e amigos, os estatutos do PS admitem já hoje a figura do simpatizante, os seus direitos são:

    a. Ser informado sobre as actividades do Partido e participar naquelas que não estejam expressamente reservadas a militantes ou dependam de mandato electivo;
    b. Participar em actividades das secções de base junto das quais se encontrem registados;
    c. Exprimir livremente a sua opinião a todos os níveis da organização do Partido e apresentar, aos respectivos órgãos, críticas, sugestões e propostas sobre a organização, a orientação e a actividade do Partido;
    d. Solicitar e receber apoio político e formativo.

    como é lógico não pagam quotas.

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  4. Ainda hoje estive a trocar impressões sobre a questão das primárias nos partidos e a participação de independentes.

    Se estivernos atentos nos Estados Unidos essa prática já existe e na minha opinião só tem pontos positivos. Claro que poderá ser meio caminho para uma maior bipolarização do espectro político porque levaria a uma escolha, tipicamente, de dois candidatos, um de direita e um de esquerda.

    Mas como DEMOCRATA penso que a iniciativa é positiva. Não vejo que seja necessária qualquer pagamento voluntário ou não de qualquer quota para a participação dos independentes numa eleição primária.

    Contudo tenho que reconhecer que é uma iniciativa corajosa.

    Pessoalmente eu próprio senti uma reação negativa por parte de alguns militantes mais antigos quando me viram a mim (e a outros) apoiarem como independentes o PS nas últimas eleições autárquicas.

    Esta iniciativa coloca em prática o que muitas vezes e em muitos partidos se falou na teoria.

    Parabéns.

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  5. Como sabem os Marcoenses,pelo menos os mais próximos do P.S. Marco e os mais interessados na vida política do nosso concelho,aceitei com muita honra o convite de Artur Melo,para liderar a lista de candidatos a deputados municipais,daquele partido,nas últimas eleições autárquicas.
    Sou independente,sempre me assumi como tal, frontalmente,em todos os lugares,dentro das organizações do P.S. Marco e fora delas.
    Ora,a proposta de Francisco Assis,que considero como uma lufada de ar fresco na organização partidária do P.S.,a vingar,só poderá trazer benefícios à Democracia.
    Para além da muito necessária elevação cultural da maioria da nossa sociedade,(comparativamente com os países nórdicos estamos num desonroso lugar do ranking europeu),necessário se torna fomentar e aumentar o chamado capital social,quer através de maior nível médio cultural,quer através da prática estimulada do associacionismo.
    Doutro modo,sem a compreensão da necessidade e da prevalência destes dois factores,o projecto de Francisco Assis,abrir os partidos à sociedade,incluir os independentes e simpatizantes,mesmo em listas conjuntas dos partidos,a Democracia não rejuvesnecerá,só poderá fenecer.
    É tempo,como diz Mário Soares,de refundar o P.S..
    Em que moldes,questiono eu?
    No meu entendimento a Democracia tem andado arredia da totalidade dos partidos,uns por razões das suas ideologias ultrapassadas,outros por cometerem o erro de se fecharem sobre as suas estruturas partidárias,desvalorizando e até recusando a colaboração de gentes somente interessadas na revitalização da prática democrática partidária e da Democracia globalmente.
    Democraticamente,deixarei também aqui a minha opinião sobre os "direitos" dos independentes.
    Li um comentário,onde se coloca a ressalva dos independentes só puderem ser eleitos para cargos das estruturas partidárias,se pagarem quotas.
    Ora,poderei inferir,que o mérito,ou o demérito desse independente,ou simpatizante,passa a ser avaliado pelo pagamento duma quota.
    Isso faz-me recordar um remoque,que dei ao meu amigo Dr.Abel Ribeiro,em tempos numa Convenção Socialista,dizendo-lhe que o meu Socialismo estava na minha cabeça e no meu coração e,não precisava dum cartão,ou dum emblema na lapela para vivenciá-lo.
    Não coloquem o dinheiro sempre antes de tudo.
    O melhor capital,que o P.S. poderá ter,se todos os socialistas assim quisermos,são as mulheres e os homens,de mente aberta e coração puro, socialistas por ideologia e,não os comprometidos com interesses pouco dignos,ou aqueles ávidos de protagonismo,ou ainda os realizados com a maior ou menor projecção do seu nome,num pasquim que seja.

    João Valdoleiros

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