sábado, 16 de julho de 2011

O imposto por "prudência", por António Pina


Os portugueses ouviram ontem da parte do ministro das Finanças tudo o que sempre (ou, pelo menos, de há umas semanas para cá) quiseram saber sobre o novo imposto extraordinário mas tinham medo de perguntar.

Trata-se, como os portugueses devem lembrar-se (se tiverem melhor memória do que o primeiro-ministro), do imposto que Passos Coelho, em campanha, tinha "garantido" que, a ser necessário, incidiria sobre o consumo e não sobre o "rendimento das pessoas" e que, afinal, vai incidir sobre o rendimento de 1, 7 milhões de famílias e de 700 mil reformados.

E é, a vários títulos - confirmou-o o ministro -, não um imposto extraordinário, mas um extraordinário imposto, com o qual o Governo, só por "prudência", irá cobrar 1025 milhões a portugueses escolhidos a dedo. E quem são os felizes contemplados? Quem trabalha (75% desses 1025 milhões virão de salários) e quem já trabalhou (reformados e pensionistas, que pagarão o resto da factura, com excepção de uns trocos de senhorios e de quem tiver a infeliz ideia de vender alguma casa ou terreno em 2011).

Já os portugueses que têm dinheiro a trabalhar por eles nos bancos ou nas empresas podem ficar descansados: a consigna é "trabalhadores e reformados que paguem a crise, que já estão habituados". O Governo só não irá ao bolso de quem vive com os 485 euros por mês do salário mínimo. Também por "prudência": provavelmente não encontraria lá um cêntimo, só cotão.

5 comentários:

  1. Que outra coisa se poderia esperar dum Governo de Direita?
    Dum Governo descaradamente apoiado pelas forças do Capital(que o diga Belmiro ou o aplauso dos banqueiros).
    Esta crónica,mais uma,extremamente lúcida e arguta,de António Pina no JN,só vem considerar como totalmente assertiva,uma análise pessoal,elaborada desde há muitos anos,sobre as características psicológicas dos Portugueses,em geral.
    Somos um Povo de masoquistas,mesclados de algum sadismo.
    Isto,e o forte pendente de religiosidade,que impregna a nossa sociedade civil,em especial pela filosofia da religião católica,sempre condicionou o típico fatalismo e o fado português."Não vale a pena lutar,dar a cara,porque não podemos mudar as coisas".
    "Cristo também se deixou crucificar,para salvar a Humanidade" e nós simples mortais,que outra coisa poderemos fazer?
    Se associarmos a estes factores,a baixa média cultural,para a qual ainda contribui uma pequena percentagem de analfabetos puros e a que se podem nos tempos modernos,adicionar uma enorme percentagem de analfabetos funcionais,justificar-se-á a crescente percentagem da abstenção eleitoral,que admito ter ainda outros factores predisponentes,como por exemplo,a perda de confiança nos partidos políticos actuais,em especial os do arco do Poder)- são frequentes os comentários,P.S. e P.S.D. são a mesma coisa - a cor laranja é apenas a cor vermelha,um pouco desbotada.
    Bastará dar atenção aos desabafos dos cidadãos,durante as campanhas eleitorais e não só,para confirmarmos tal descrença.
    Se associarmos esta descrença,à baixa média cultural,compreenderemos melhor,porque a conhecida e notória corrupção,campeia livremente pelo país,envolvendo com demasiada frequência personagens da vida política nacional e autárquica,que acaba amnistiada ou não sancionada,melhor se compreenderá os resultados da abstenção,e até de certas vitórias eleitorais.
    Quem não conhece os financiamentos aos partidos em troca de favores ou benesses?
    Quem não conhece a filosofia de vida de muitos,demasiados cidadãos,que fecham os olhos e até aplaudem fenómenos de corrupção,mesmo em responsáveis governativos nacionais ou autárquicos,se lhes for favorável de algum modo os resultados dessa corrupção?
    É ou não,habitual o Zé Povo,aplaudir e entronizar os "chicos-espertos" da nossa Democracia?
    Que temos visto,ao longo da vida?Chicos-espertos na Política,no Futebol,na Administração Pública,etc.
    Merecemos outros governantes?Não,de modo algum.
    Doutro modo,porque seriamos masoquistas?

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  2. Ó Miguel Fontes você a dizer "Dum Governo descaradamente apoiado pelas forças do Capital(que o diga Belmiro ou o aplauso dos banqueiros)." ?????

    Não me diga que de Rosa passou a Comunista!! O PCP ganhou mais um para passar a Cassete!!

    Bom, depois do PCP, lá verá a luz e vai-se filiar no BE...

    Decida-se homem!

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  3. Caro Miguel Santos

    Não sei se será o caso do Miguel Fontes, mas nos próximos tempos verá muita gente a virar à esquerda.

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  4. Caro Jorge,não me diga que é o seu caso...

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  5. Amigo Miguel Santos

    Não será o meu caso.

    Eu estava só a pensar naqueles portugueses que no seu direito legítimo votaram na direita com a esperança de que as "muitas promessas" realizadas nos últimos meses pudessem ser realizáveis.

    Mas sem dramatismos, estou simplesmente a falar do constante ziguezague das opções de um número grande de portugueses que procuram sempre uma solução fácil e por causa disso mudam constantemente de opção política para Portugal.

    Recomendo-lhe a leitura deste post relacionado com o tema:

    http://marcoensecomonos.blogspot.com/2011/06/eduardo-prado-coelho-antes-de-falecer.html

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