quarta-feira, 6 de julho de 2011

Um murro "esperado" no estômago

Passos Coelho reconheceu hojeaqui que este corte do rating, em quatro níveis, foi, um “murro no estômago”, mas aqui foi considerado mais um "pontapé nos tomates". Também se bateram novos máximos nos juros da dívida e as taxas a três anos já superam os 19%, pode-se ler aqui e aqui.

Ao contrário que o governo chegou a declarar, as medidas de austeridade anunciadas por Passos Coelho já tinham sido tomadas em conta. Disse aqui o vice-presidente da agência Moody's.
  
Cavaco Silva disse “não haver mínima justificação” para "este" corte de rating feito a Portugal

Mas João Galamba no Jugular recordou que “Cavaco critica as agências de rating, depois de ter dito que não se devia criticar as agências de rating, e diz que é necessário uma resposta europeia, depois de, no discurso da tomada de posse, ter dito que a crise era portuguesa e não ter referido, por uma única vez, a Europa e a crise financeira”.

Anteriormente o PR já tinha afiramado no JN que "A retórica de ataque aos mercados internacionais não cria um único emprego, nós devemos fazer o trabalho que nos compete por forma a reduzir a nossa dependência do financiamento externo sempre com uma grande preocupação de distribuir com justiça os sacrifícios que são pedidos aos portugueses".

A 23 de Março, Manuela Ferreira Leite, afirmava que o problema do país não estava nas medidas do PEC, mas na falta de credibilidade e de confiança no então governo, em especial no Primeiro-Ministro, José Sócrates, e no Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos.

Gabriel Silva do Blasfémias, classificou tudo isto de uma Tremenda desilusão e escreveu que:

"Dizer que «em outubro vamos anunciar cortes» é o mesmo que os não fazer. E este choradinho sobre os ratings, é tão ridículo, tão socrático. Um país anda 3 décadas a gastar mais do que tem. Para pagar dívidas, contrai novas dívidas. E o primeiro sinal que o governo dá, não é o de cortar despesa, mas sacar mais dinheiro para manter a coisa assim".

"Queriam que a reacção fosse o quê?"

"Agora a reacção dos media e dos apoiantes do actual governo é de repúdio pelas agências de rating e atribuem as culpas à crise internacional e à Grécia. Mas qual a posição dos mesmos comentadores há quatro meses?"

Mas sejamos construtivos.

A realidade é que as “promessas” realizadas aos portugueses consistiam em cortes na despesa, sobretudo na despesa intermédia do Estado (assim ninguém percebia do que estavam a falar), uma descida substancial na TSU e que só em último caso é que alguns bens teriam o IVA alterado.

Foi “vendido e comprado” que teríamos um governo de figuras de peso político e com elevada capacidade de gestão.

Mas os investidores (nacionais e estrangeiros), não acreditaram nisso. Algumas famílias portuguesas bem conhecidas até terão andado nos últimos meses a vender os seus activos e terão transferido para o estrangeiro mais de 5 mil milhões de euros.

O que nos foi entregue, como prémio de termos oferecido uma maioria PSD/CDS, foi um governo notoriamente fraco, com muitos convites recusados e até alterações de última hora impostas pelos “lobbys” do costume. Um governo desorganizado e com um programa bastante extenso (132 páginas), mas vago e sem conteúdo.

E como primeira medida recebemos um corte de 800 milhões de euros nos nossos de rendimentos de trabalho, porque ninguém tocou nos rendimentos do capital.

Recomendo a Pedro Passos Coelho ir de férias, ler uns livros de Economia, perceber como é que os americanos e os alemães venceram a crise de 1928, e ter a coragem de alterar totalmente as suas políticas.

Mas, e principalmente, conseguir uma grande coligação dos principais partidos portugueses, e realizar o mais depressa possível uma grande remodelação do seu governo.

E, já agora, mudar-se para a Residência Oficial do Primeiro-Ministro .

4 comentários:

  1. Esqueci-me de referir um aspecto muito importamte sobre o ataque que está a ser realizado às agências de ratins pelos nossos "neo-liberais".

    As empresas privadas, como estas agências, só tem os melhores princípios de gestão, só são independentes e só tem pos melhores critérios de credibilidade quando interessa.

    Quando não interessa, então é melhor criar um regulador nacional ou europeu que determine os ratings (preferencialmente de acordo com os interesses dos políticos).

    Afinal onde está esse liberalismo que apregoam?

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  2. Ena, o Sr. Jorge VAldoleiros até parece que está contente com esta situação. Afinal nós perdemos a credibilidade externa à custa do Governo PS.

    Enfim... É a partidocracia socialista!

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  3. Caro Miguel Santos

    Como deveria perceber não estou contente com a situação do rating, mas não atribuo como muita gente a responsabilidade às agências de rating (agora essa é a moda), ou não atribuo a responsabilidade ao Governo PS (pois até já não está em funções).

    Se a queda do rating em QUATRO níveis tivesse a ver com o governo PS isso teria acontecido muito antes e não precisamente agora.

    A credibilidade deve-se às pessoas que estão à frente do país e agora seria lógico que com PPC essa credibilidade tivesse regressado, mas pelos vistos (na sua lógica) afundou-se. Não sou eu que coloquei essa ligação entre a nossa credibilidade e quem está à frente dos destinos do país. Agora foi o amigo, em Março tinha sido MFL e o PR já tinha transmitido essa ideia.

    E se ler o meu post, poderá reparar que eu dou a minha solução, mas dou-lhe mais umas pistas:

    1) As eleições nesta altura foram uma asneira que parou o país pelo menos SEIS MESES;
    2) A situação deve-se a erros acumulados de vários governos (na minha opinião o anterior será dos que tem menos culpa);
    3) Mas a maior responsabilidade está nas políticas NEO-LIBERAIS da Europa, que já enterraram a Grécia, e colocaram em coma Irlanda e Portugal;
    4) Muita responsabilidade tem o sistema bancário, mas esse tem a desculpa de serem interesses privados e o seu objectivo é ganhar dinheiro, mas mais uma vez a Europa deveria ter tido uma atitude menos NEO-LIBERAL e regulado melhor o sistema bancário;
    5) A abertura total dos mercados, levou a que os países que são obrigados a seguir políticas sociais mais rigorosas, não tenham possibilidade de concorrer com países como a Chinas, Indía, etc. Mais uma vez a culpa é da MÃO INVISÍVEL do NEO-LIBERALISMO;
    6) A solução passa por um consenso MUITO ALARGADO, um Governo de melhor qualidade e uma alteração total das políticas.

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  4. Senhor Jorge não deite pérolas a porcos.Os Miguéis Santos cá do burgo são duros de cabeça e zeros à direita da vírgula.Não acertam uma,só funcionam com a setinha virada pró céu.Até fazem lembrar aqueles ditos,que usam antrolhos para manterem uma só direcção(no caso ideia fixa).Era desta "massa cinzenta",que Salazar se serviu durante a sua longa e terrível ditadura.

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