segunda-feira, 11 de abril de 2011

Deslize na Memória

Quando comecei a escrever sobre o Marco em blogs como o Marco2005 e o MarcoHoje mais tarde, tinha frequentemente (ainda tenho), a sensação que quem interessa não me ouvia. As pessoas a quem me dirigia eram e são muitas vezes pessoas com a mente impressa com certos dogmas que não seriam alterados, demovidos ou descolados por um qualquer marcoense como eles, que não vindo de fora nem tendo feito nada de "importante", aparecia como uma espécie de voz da consciência (no meu caso sem qualquer espécie de posição moral), que lhes dizia o que achava bem ou mal, representando unicamente a minha própria opinião. A estas dúvidas respondia um companheiro destas andanças daquele tempo que eles "haviam de me chamar", porque "sabiam quem eu era e o que escrevia havia de os chatear tanto que eles haviam de me querer ao lado deles".
Admito que na altura esta conversa me pareceu estranha e descontextualizada. Até 2009. Aí compreendi porque certas pessoas nesta terra barafustam. É para serem chamadas, para lhes darem cargos ou tronos ou tachos, depende do que estes precisem.
Eu não barafustava para isso. Andava aqui para ser independente, para ninguém me chatear e só eu os chatear a todos.
Até me chatear eu próprio de ser independente e achar que mais valia pertencer a algo, deixar a pele em campo em vez de ser treinador de bancada. Aí tornei-me militante, porque percebi o objectivo desta coisa de ser "independente".
Vem 2011 e o homem que acusava os "profissionais da Política" de todos os males da nação, o populista com o discurso mais fraco de todos os candidatos a Presidente da República se "vende" à primeira oferta, uma oferta, como diz Daniel Oliveira, "à medida da sua vaidade". Fernando Nobre, que teve um resultado muito acima das suas expectativas à custa do voto de alguns socialistas "estranhos", alia-se a uma direita demagoga, vazia e perigosamente ultraliberal.
Em 2011 isto não me surpreendeu. Em Matosinhos acontecia algo que tinha que ser ofuscado e uma notícia destas era necessária. E nada melhor que uma operação da bolsa mediática para isso. Até porque não estamos em período de transferência futebolísticas, o PSD comprou o passe de um ponta-de-lança que ainda não sabemos se sabe meter golos. Que os meta na própria baliza.

3 comentários:

  1. Uma aquisição, que é a 2.ª escolha. Convém não esquecer que Ferreira Leite, não aceitou o lugar. Convenhamos que é uma ultrapassagem pela "esquerda" aos militantes daquele partido que se posicionavam, legitimamente, para ocupar cargos como o de PAR, a 2.ª figura na nossa hierarquia. Para Boaventura Sousa Santos, a explicação está na "vertigem do poder". Como já vi escrito, "cheira a eleições" logo também a lugares.

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  2. Interessante é seguir a revolta dos seus apoiantes (e não só) contra este aproveitamento política da pseudo independência de Nobre.

    Para mim não estranhei a rápida aceitação deste convite de última hora e de segunda escolha, pois este senhor já tinha demonstrado sucessivamente apoio à causa monárquica, às ideias do Bloco de Esquerda, fez uma aproximação a alguns socialistas nas Presidenciais e agora aceitou o primeiro convite que lhe foi realizado.

    Pior é que não suportando as críticas encerrou (ou aceito que o novo patrão encerrasse) a sua página no Facebook.

    Disto tiro a lição que este PSD de PPC sempre que faz algo ou diz qualquer coisa ou entra mosca ou sai asneira.

    Desta vez entrou a mosca e saiu uma asneira das grandes.

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  3. "O lugar de presidente da Assembleia da República, como segunda figura do Estado, levanta-me duas questões. Uma é que Fernando Nobre foi mandatário de Francisco Louça há poucos anos, portanto se me perguntar se me revejo nele como segunda figura do Estado, vejo-o com dificuldade. Por outro lado, arriscamo-nos a ter um menos bom presidente da AR e a perder aquele que poderia ser um ótimo protagonista político na linha da frente", referiu. Dito por Morais Sarmento, retive "ter um menos bom ...", forma polida de dizer "mau".

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