quarta-feira, 28 de abril de 2010

Anuário Financeiro dos Municípios 2008

Consegui aceder hoje ao Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2008, edição da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas. Da sua análise passo a transcrever as posições nos diversos rankings onde o Município de Marco de Canaveses é mencionado.

O Marco não teve receitas creditícias (utilização de novos empréstimos) em 2008, o que voltará acontecer em 2009. Pelo que sabemos terá a ver com a dificuldade que o executivo tem tido em conseguir junto das instituições bancárias condições para a aprovação de novos empréstimos ou renegociação dos actuais.

Relativamente ao Ranking 5 Municípios com maior grau de execução da receita cobrança em relação ao orçamento da receita encontra-se na posição 30 com um grau de execução de 90%. Não deixando de dar alguma importância à posição, não podemos ignorar que esta percentagem é em função do orçamento corrigido e existe ainda o facto desta receitas cobrada corresponder a valores facilmente previsíveis. Demonstram também a pouca variabilidade que as receitas apresentam. Apresenta também uma boa posição no R10 Municípios com maior rácio Receitas liquidadas/receitas previstas, na posição 21.

É indicado que Marco de Canaveses, juntamente com a Calheta e Fornos de Algodres, são os únicos municípios com Fundos Próprios Negativos, isto é por outras palavras numa situação de falência técnica. Como já se sabe este valor em 2009 atinge os assustadores 28.092.548,46 Euros.

No Ranking 13 Municípios com maior Passivo exigível (dívidas) em 2008 o Marco encontra-se na posição 35, e no R13.B - Municípios com maior Passivo exigível (dívidas) em 2008 - Média Dimensão, a posição piora para a posição 16. Piores que o Marco neste importante ranking estão respectivamente Aveiro, Funchal, Covilhã, Fundão, Vila do Conde, faro, Santarém, Portimão, Figueira da Foz, Guarda, Oliveira de Azeméis, Valongo, Évora, Seia e Portalegre. São várias capitais de Distrito e concelhos bem mais desenvolvidos que o nosso.

No Ranking 22 Municípios com maior Endividamento Líquido aparece na posição 28.

No R23 Municípios com pior índice de endividamento líquido em relação às receitas do ano anterior, está na posição 19 com um valor de 208%. Este índice é demostrativo do peso do endividamento em relação à receita e neste caso o endividamento é mais do dobro da receita anual.

No R25 Municípios com maior peso da dívida à banca sobre as receitas cobradas em n-1, apresenta a posição 6 com o valor de 210,5%, uma das piores posições nos rankings.

Ainda são apresentados os dados económicos do Município de Marco de Canaveses que em 2008 foram resumidamente:

- Total dos Custos 21.083.336 Euros
- Total dos Proveitos 22.397.647 Euros
- Resultados Operacionais 3.288.949 Euros
- Passivo Exigível 44.437.437 Euros

Na lista dos Municípios por nº de habitantes o Marco aparece na posição 51, com 55.275 habitantes.

Manuel Moreira na última Assembleia Municipal em Ariz  repetiu várias vezes que não deitava a "toalha ao chão".  Mas eu pergunto se não seria melhor para todos nós que ele e o partido que representa reflectissem e permitissem que alguém com maior capacidade assumisse a liderança de uma mudança para melhor?

8 comentários:

  1. Como anda todo o mundo enganado! A máquina da propaganda,está de parabéns,funciona mesmo.
    Acordem Marcuenses,a nossa terra está a saldo.Quem vier atrás que feche a porta,parece ser a política de quem gere os destinos da nossa Câmara.
    Entretanto,que fazem os "inteligentes e bem informados escribas" da nossa terra?
    Assobiam e olham para o lado,com a desculpa que desta estória de números não percebem patavina.
    Longe deles a ideia de contribuir,para introduzir areias na engrenagem da já muito engasgada máquina autárquica.
    Assim,mantêm-se naquela cómoda postura,de nem com Deus,nem com o Diabo.
    E eu que acreditei,que aquela raça que no passado regime,eram apelidados
    de "situacionistas",estava extinta.

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  2. Caro Miguel, como já disse várias vezes estas questões dos números e das contabilidades em especial é muito técnico. Muitos dos políticos da nossa "praça" fartam-se de referir que isto é assunto de segundo plano.

    MAS, é com estes números que se pagam (ou não) as obras, e quase tão importante como isso, todos os funcionários da autarquia que são mais de 400.

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  3. Síntese interessante...quanto à pergunta final, tenho uma dúvida, creio que se refere ao governo Sócrates, que apesar de recem eleito, governa sem maioria, sem credibilidade e sem projecto?
    Joaquim Pinto

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  4. Ao leitor Joaquim Pinto,gostaria de lhe chamar a atenção para um facto extremamente linear nesta "discussão".
    Quem está a ser avaliado no Marco de Canaveses,quer pelos índices apontados no Anuário Financeiro dos Municípios de 2008, quer pelos resultados apresentados na Prestação de Contas de 2009,analisados e discutidos na última assembleia municipal,revelando que a nossa Autarquia se encontra em Falência Técnica,não é José Sócrates, mas sim Manuel Moreira,o responsável,este sim,pela gestão da nossa autarquia nos últimos 4 anos.
    É a ele e a mais ninguém,que os Marcuenses como nós,deveremos pedir explicações.
    Não se desvie meu amigo do cerne do problema, que a todos nós deve preocupar e muito.
    Creio que o meu amigo perceberá que política autárquica é substancialmente diferente de política a nível nacional,bastará recordar-lhe um facto bem à vista de todos.Temos autarquias municipais a nível nacional,geridas por diferentes cores político-partidárias e como tal,não dependentes da cor político-partidária governamental,não as impedindo de apresentarem sinais de melhor gestão que a nossa autarquia.
    Para terminar,não está em causa a cor politico-partidária de M.M.,está em causa a sua incapacidade de boa gestão.

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  5. O caro Observador antecipou-se em algumas observações que eu ia realizar, assim resta-me o referir o seguinte:

    - Se José Sócrates estivesse sempre a afirmar que nada poderia fazer devido à herança que recebeu,

    - Se a situação do país estivesse de facto em falência técnica e JS o negasse,

    - Se o seu discurso não fosse de liderança e com soluções (que podem ser discutíveis) para o país, etc, etc

    Eu obviamente aconselharia ao PS a escolher um novo líder. Eu não defendo um coisa quando se trata de um partido que eu simpatize e outra para o que eu goste menos. Tenho a obrigação de ser coerente.

    E veja-se, o PSD Nacional está sempre a pedir contenção na despesa (o que até concordo) e o país ainda tem algum crédito e como disse não está em falência técnica. Nestes dois últimos dias o governo, sobretudo através de Teixeira dos Santos, tem tentado arranjar medidas para equilibrar o défice.

    E o que fazem os eleitos do PSD no Marco. Apresentaram um orçamento despesista, apresentam contas de 2009 com um prejuízo de 37 Milhões e colocam a autarquia numa falência técnica de 28 Milhões. Mais do que a receita total de um ano.

    Alguém pode ter argumentos para isto? Alguém pode comparar o incomparável?

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  6. Mas vale a pena algum esforço? Nunca ouviram a expressão "Deixa arder?".
    Tivemos uma gestão autárquia que condiciona o nosso presente. Estamos a ter uma gestão que vai condicionar o futuro dos nossos filhos.
    Falência técnica para cima e para baixo.
    Digo-vos que não acredito no JS no governo, MM na autarquia, nem acredito em todos os restantes políticos que gravitam neste universo, independentemente da cor política.
    Enquadro-me no grupo de portugueses cujo nivel de confiança se encontra em baixo. Pena desta vez pertencer à maioria.
    O problema é que os melhores gestores não querem carreiras políticas. Porque será?
    Á volta do tema da gestão financeira e não só, estariamos aqui a cruzar 200 posts sobre a matéria e de nada adiantaria.

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  7. Caro Rui

    Eu acredito ainda que vale a pena o esforço, pois mesmo que tudo isto acabe por "arder" vai ser necessário alguém que construa tudo de novo. A pergunta que eu me tenho feito e já fiz a alguns Marcoenses com Nós preocupados, é um pouco diferente. Como é que depois destas gestões vamos conseguir levantar o Marco.

    Agora eu não estou tão optimista como tu. Este tipo de resultados já estão condicionar fortemente o nosso presente. A tua a opinião sobre os políticos é o que me levou agora a dizer BASTA e voltar a intervir politicamente pois o preço de deixar que esses políticos decidam sobre a minha vida e dos meus filhos começou a ficar muito alto.

    Por isto é que acredito que é importante que a maioria dos portugueses intervenham de novo na política, como se fazia nos anos seguintes ao 25 de Abril e como é usual nas democracias mais consolidadas.

    Agora respondo-te à última pergunta, com outra. O que acontece quando um bom gestor, ou um técnico com provas dadas, ou alguém com uma cultura acima da média tenta dar o seu contributo na política?

    Modéstia à parte, considero-me um bom gestor. Pelo menos até agora tenho tido sucesso. Algumas destas áreas, por exemplo a financeira, conheço bem e quando tento intervir politicamente sou agraciado com uma data de "piropos".

    Sabes como reajo? Sei nessa altura que estou no bom caminho pois estou a incomodar essa classe de políticos que gravitam à volta de todos os partidos.

    Para mudar tudo isto a solução é intervenção política, que aliás é um direito que o 25 de Abril nos devolveu.

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  8. Amigo Rui Brito
    Permita-me opinar na questão que levantou ou melhor, na tónica do seu discurso.O senhor está completamente descrente da maioria ou mesmo da totalidade da classe política.Eu estou quase aí,mas como se usa dizer, a esperança é a última a morrer,como tal ainda não desisti.
    O Jorge Valdoleiros,põe o dedo na ferida.Esta classe política levou o país e o concelho,ao estado em que estamos,apenas e só por culpa nossa.Tivessemos praticado a Democracia,tivessemos estado activos no uso dos nossos direitos de cidadania,tivessemos tido uma intervenção a pensar no colectivo e especialmente não tivessemos permitido que outros escolhessem por nós e este estado de coisas não teria chegado a este estado.
    Há bastantes anos,ouvi dum homem simples do Povo,uma expressão que gravei na memória e nunca mais esqueci.Entendo que está cada vez mais actual.Dizia,o 25 de Abril foi necessário para derrubar a ditadura, o pior é o que veio depois,o assalto ao poder pelos medíocres.

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