sexta-feira, 16 de abril de 2010

E agora ?

Os Marcoenses como Nós e como Eles deveriam aproveitar a oportunidade de recordar o debate das últimas eleições autárquicas na Rádio Clube de Penafiel e na Rádio Marcoense e o que se escreveu aqui, aqui e aqui depois. Digo isto porque considero é que estamos na altura certa de tirarmos algumas conclusões do lá se disse e principalmente do que se comentou. Recordo que as mentes mais brilhantes desta terra defenderam todos os argumentos nessa eleições para que o voto em Manuel Moreira seria manter o Marco no bom caminho.

Então qual é o caminho que se pretende para esta terra?

Sobre Artur Melo escreveu-se que “insistiu na negociação do contrato com a Águas do Marco, muito embora Moreira lhe tenha referido que também esgotara a via negocial antes de avançar para a modificação unilateral do contrato” , “a sua pressa em negociar amigavelmente com a Águas do Marco” e “embrenhou-se nas questões contabilísticas (imobilizado em curso, controlo de existências, gestão de stocks, provisões), num discursos mais próprio de um técnico do que um político”. Estas palavras são de José Carlos Pereira sobre as posições defendidas por Artur Melo com clara intenção de mais uma vez atacar o actual vereador socialista.

Eu próprio comentei que

Relativamente às contas do actual executivo que foram aprovadas pela Assembleia municipal tenho a comentar, que são a prova de como Manuel Moreira fracassou na gestão do município, porque os Fundos Próprios foram sempre negativos ao longo do seu mandato com valores aproximados de 10, 6 e 2 Milhões de Euros o que representou que a autarquia esteve sempre FALIDA.
Mas estes valores não são verdadeiros, porque os resultados finais estão errados devido às seguintes situações:
- O imobilizado da empresa não está correctamente contabilizado, primeiro porque o executivo não conseguiu realizar esse inventário durante o mandato e segundo porque existe uma habilidade de não se imobilizar mais de 30 Milhões de Euros, mantendo este valor em Imobilizado em Curso. Porque digo isto? Porque não é possível que se tenham mantido estes valores ao longo do mandato quando o imobilizado total ronda cerca de 40 Milhões de Euros. E qual o problema? É que este valor imobilizado faria crescer os custos cerca de 8 a 10 Milhões de Euros por ano e aumentar os valores negativos dos Fundos Próprios para cerca de 17, 13 e 9 Milhões de Euros. Isto é lícito? Não. Quem vai ter que suportar esses custos? O próximo executivo e os Marcuenses por arrasto. Por que não se fala disto? Talvez porque quem tem estado a aprovar os números não perceba destas engenharias financeiras. E tudo isto tem a ver com AFT, NS e MM, respectivamente;
- As dívidas a médio prazo são extremamente elevadas cerca de 42 Milhões de Euros. O grave é que a diminuição destas tem sido lento, porque primeiro a maior parte delas não são obrigatoriamente amortizadas. Quais a implicações? Primeiro, se a taxa de juro subir o Marco vai ter muitos problemas, segundo no dia que se aproxima, para pagar a totalidade da dívida alguém vai ter que encontrar 40 Milhões de Euros de um momento para o outro. Este valor é equivalente a todos os bens da autarquia (Se estes estiverem correctamente avaliados);
- Não existem provisões para os riscos que a autarquia está a correr nos vários processos que correm na justiça. Qual o problema? Falseiam os resultados em vários Milhões de Euros e mais uma vez os Fundos Próprios, que deveriam ser positivos, AFUNDAM;
- Já não falo de alguns pormenores, como o Balanço não ter existências tal como é admitido pelo executivo e outras faltas graves que nunca seriam admissíveis numa organização decente.
Claro que quando se tomam opções políticas e não se percebe nada de gestão, ainda posso considera admissível. Por exemplo, no debate da RCP Norberto Soares disse que não percebia nada da área financeira pelo que tinha que acreditar nos números que eram apresentados, ou de certeza AFT arranjaria um testa de ferro para se responsabilizar por as suas contas. Agora MM é licenciado (julgo) em Gestão, pelo que não tem desculpa.
Os Marcuenses em geral, os Marcuenses que frequentam este BLOG, os Marcuenses que foram responsáveis pela aprovação destas contas tem a responsabilidade de tomar atitude que não pode ser a comezinha da defesa dos interesses próprios ou de esconder o céu com uma peneira.
Mudanças tranquilas, Marcos de verdade ou slogans equivalentes só representam alguma coisa se reflectirem a realidade e a honestidade das posições. Não continuemos a ser o gozo de um país.

Desafio quem quer que seja que calmamente aqui ou em qualquer outro lugar discutir esta realidade. Tudo o mais é TRETA.

E ainda mais tarde

Nesta campanha é fácil perceber quem é apoiante de MM, basta que no discurso esteja sempre presente a questão da dívida herdada de AFT, que existia e que MM quando candidato dizia que conhecia, mas que agora quando são confrontados com as questões das contas de MM dizem que não passam de questões técnicas.
Se fosse confirmado que valor de 32 Milhões de euros que andam a “voar” seja um “buraco” nas contas da autarquia, esta situação por si será bem pior que a herança de AFT. Nos outros cenários é só demonstrado que o executivo é incompetente.
Os factos, confirmados pelas suas próprias contas, que MM não conseguiu nem inventariar o imobilizado nem as existências da autarquia é a prova de como a sua gestão foi incompetente.
Ignorar estes factos é também tornarem-se pelo menos cúmplices desta situação.
Mas como se diz “mais cego é aquele que não quer ver”.

José Carlos Pereira respondeu-me sem responder que:

Elegemos um político e não um técnico para presidir à autarquia. Faço muita vezes essa crítica a Rui Rio - pode ser um bom "contabilista" e até endireitou as contas da Câmara, mas o Porto precisa de mais visão, mais estratégia metropolitana, mais política de afirmação da cidade.

O que eu pergunto agora é e se afinal Artur Melo tinha razão? E se realmente tivesse sido melhor negociar amigavelmente? E se afinal as questões do “contabilista” forem mais importantes do que do político? E se for confirmado um “buraco” nas contas da autarquia? E se o buraco for maior do todos pensamos? E a responsabilidade ser unicamente dos executivos presididos por Manuel Moreira?
Se tudo isto for verdade onde ficamos? Onde fica a responsabilidade daqueles que votando ou não favoravelmente as contas do anterior executivo nunca tiveram a coragem de Artur Melo ou de João Valdoleiros de denunciar e exigir transparência e honestidade nas contas da autarquia?

Não basta queremos um lugar no executivo ou à frente de um grupo na Assembleia Municipal. É preciso sermos competentes.

3 comentários:

  1. Estive a rever as actas da Assembleia Municipal sobre a aprovação das contas da autarquia e penso ser importante registar os sentidos de votos dos presentes foram "o documento foi aprovado por maioria, com quarenta e cinco votos a
    favor (PPD/PSD, CDS/PP, PS e Ind), dez abstenções (CDS/PP, PS e PCP/PEV)".
    Este registo é importante porque não é o mesmo abster-se ou votar contra e de facto um documento destes ou está certo ou está errado. E na minha opinião está errado e a esconder um conjunto de "buracos" que estou curioso ver como serão "resolvidos" ou não nas contas de 2009.

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  2. Obviamente estava a falar da aprovação das contas de 2008, as de 2009 vão ser discutidas na próxima semana.

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  3. Caro Jorge

    A "azia" ainda não foi convenientemente tratada e agora com a vitória do Dr.ARTUR MELO deve ter-se agravado. Paciência, temos que conviver com estes plumitivos que só escrevem para satisfazer os seus "MALES FIGADAIS" e depois queixam-se que, ou são mal interpretados, ou então tentam fazer dos outros atrasados mentais, como se não se percebesse qual o jogo que fazem. Já estou como o Scolari, quando dizia " e o burro sou eu?. Valha-me Deus que eu já não sou capaz de perceber estes "iluminados" da nossa "praça", mas como somos resistentes a estes e a muitos mais de igual jaez... cá estaremos para desmontar tudo na hora apropriada, quando a "estulticia" atingir valores exagerados para os padrões que costumo aceitar.

    Saudações Democráticas

    José António

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