quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

E o que não está nos Artigos 37.º e 38.º

Na Constituição Portuguesa não está escrito, nem poderia estar, que tudo o que é dito ou escrito por um cidadão ou por um jornalista nos seus direito de liberdade de expressão ou de imprensa é verdade. Também não é dito que o cidadão ou o jornalista não possa ser influenciado sobre o que diz ou o que escreve. Não existe nada na Constituição ou na Lei que impeça um cidadão ou um jornalista de recusar dizer ou escrever uma mentira ou inverdade quando influenciado por terceiros. Não existe também nada que forçe um jornalista a trabalhar para um orgão de comunicação social que tenha tentado que ele desrespeite os seus direitos.
Os jornalistas, sobretudo os mais séniores, deveriam ter a obrigação de perceber que são um dos poderes principais que existem hoje nas democracias, para o bem e para o mal, e como tal todos os outros poderes tentam influenciar o que por eles é transmitido ao público em geral. Também deveriam perceber que essas tentativas de influência só existem porque os influenciadores acreditam que conseguem influenciar.

Uma pergunta:

Se não existissem jornalistas influenciáveis valeria a pena aos assessores de imprensa telefonarem para os orgãos de comunicação social?
É certo que muitos tentam que cada um de nós se esqueça que tem que defender os Artigos 37.º e 38.º, e quem diz que nunca foi alvo de uma tentativa dessas estará a mentir ou nunca foi incómodo. Eu já fui alvo dessas tentativas e sou um mero cidadão.
Pode continuar a seguir a polémica aqui, aqui, aqui e ainda aqui.

1 comentário:

  1. Meu caro amigo Jorge Valdoleiros,concordo completamente com a sua leitura das entrelinhas dos Artigos 37º e 38º da Constituição Política Portuguesa.
    Acrescentarei mais,que infelismente,tudo quanto diz corresponde na prática,à realidade do dia a dia.
    O marketing político,aquele processo que serve para criar,engrandecer,limpar,vender a imagem da maioria dos nossos políticos,nacionais e locais,visa sobretudo servir-se das prerrogativas dadas à classe jornalística,para alcançar os seus fins,sejam éticos ou não.
    Quem não conhece as relações,por vezes promíscuas,entre os mass-média e o capital?
    Quem desconhece que a larga maioria dos órgãos de informação são deficitários?
    Então porque se mantêm abertos e continuam a lançar para a rua as suas edições?
    Afinal que interêsses e a quem servem?

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