quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sucesso além fronteiras

Pode-se ler aqui que o movimento emigratório é comparado ao dos anos 60. Nada de novo que não tenha já sido chamado à atenção por nós aqui ou aqui.

Mas também se diz que "...não faz sentido comparar.... As emigrações já não são longas ou definitivas, mas temporárias - por vezes mesmo pendulares...Muitas vezes, saem para prestar serviços específicos e de duração limitada - na construção civil, no turismo, na agricultura".

O que também concordo não só por mercado de emprego ser mais aberto e flexível, mas devido à facilidade de transporte que hoje existe, e essencialmente porque existe um parte significativa de jovens sem formação que ao contrário dos anos 60 não consegue lá fora um emprego estável. Tentam vários países e profissões e acabam por regressar rapidamente às suas terras de origem. Não tem condições de levar as suas famílias e conseguir uma vida estável.

Mas o que não vejo mencionado é que agora existe uma emigração de quadros e jovens com educação superior que vão a procura de países que lhe proporcionem um futuro melhor. Quem conviver com esses jovens que estão hoje na casa dos vinte anos, com uma formação académica superior à média, perceberá que ao contrário da emigração dos anos 60 esta é muito diferente. Procura-se um futuro no estrangeiro, para eles e para as suas futuras famílias, porque duvidam do país que a actual geração lhes vai deixar e não querem ter que suportar as dívidas de que não são responsáveis.

Os primeiro serão uma geração perdida, mas estes últimos serão de certeza mais uma geração de sucesso além fronteiras, pois todos querem atrair estes cérebros como se pode ver aqui, até Portugal mas com pouco sucesso.

Outras opiniões podem ser lidas aqui ou aqui ou aqui ou ou aqui ou aqui e ainda aqui. E coloco estas opiniões, não porque concorde ou discorde delas mas porque 100 anos após a implantação da República e mais de 35 anos após o 25 de Abril não gostei de hoje as ter lido.

2 comentários:

  1. Já aqui comentei,em devido tempo,ao abordar o tema da regionalização,desemprego e despovoamento,em especial no interior do nosso país,este problema da cada vez mais forte corrente da emigração das nossas gentes.
    É inegável,por quem quer que seja,que uma das principais razões,dessa crescente emigração,em especial,para os países da U.E.,se deve ao problema,desemprego em Portugal,com taxas crescentes,atingindo já valores muito preocupantes.
    "Felismente" a Europa ainda absorve muita da nossa mão de obra não qualificada em termos profissionais.Acontece,também,que quer a Europa,quer países da Lusofonia,quer mesmo de outras partes do Mundo,abram cada vez mais os seus mercados de trabalho,a um número crescente de compatriotas nossos,com a agravante,duma escolha já mais seleccionada,procurando aliciar os "cérebros", para que contribuam com a sua formação superior para o desenvolvimento dos seus países.
    Assim todo o investimento que o erário público fez nesses nossos compatriotas irá ser rentabilizado e aproveitado por terceiros.
    Ficamos deste modo duplamente mais pobres,desperdiçamos o investimento público (impostos de todos os Portugueses) e não rentabilizamos o nosso investimento.
    Má sina a nossa,dirão alguns,talvez muitos.Não posso minimamente concordar com este fatalismo muito Lusitano e não só,pois recordo-me duma "tirada" de Bertolt Brecht,que de modo muito pertinente,explica as razões deste comodismo fatalista Português.Reza assim:
    "Não há pior analfabeto,que o analfabeto político.Ele não ouve,não fala,nem participa dos acontecimentos políticos.O analfabeto político é tão burro,que se orgulha de o ser e,de peito feito,diz que detesta a política.Não sabe, o imbecil,que da sua ignorância política é que nasce a prostituta,o menor abandonado e o pior de todos os bandidos,que é o político vigarista,desonesto,o corrupto e lacaio dos exploradores do Povo"

    ResponderEliminar
  2. Concordo plenamente com o que diz. E não deixa de ser irónico que estamos a endividar o país para formar cérebros que vão trabalhar para o estrangeiro. Os "planeamentos" tem que ser integrados são podem ter efeitos perversos.

    ResponderEliminar